domingo, 15 de novembro de 2009
É URGENTE ENCONTRAR RESPOSTAS SOCIAIS PARA OS DESEMPREGADOS *
O desemprego é o problema mais grave que estamos a enfrentar no Norte Alentejano.
Não só não se concretizou a criação de emprego necessário e tão prometido pelo anterior governo – e seus representantes no distrito - como cada vez são mais os trabalhadores que perdem o emprego, fruto dos encerramentos de empresas e da não renovação dos contratos.
As empresas que foram durante décadas as maiores empregadoras do distrito estão, com a honrosa excepção do Grupo Nabeiro, ou encerradas ou com o fim anunciado.
Paralelamente cresce o número de desempregados de longa duração sem protecção social, porque entretanto já esgotaram o subsídio de desemprego e o subsídio social de desemprego muitos dos que em primeiro lugar conheceram as agruras dos despedimentos e onde se inserem os ex-trabalhadores da Fino´s.
Ás centenas de jovens precários que por terem contratos de pequena duração, não lhes é permitido obter o período de garantia nem sequer para ter acesso ao subsídio social de desemprego juntam-se outras centenas de jovens, e menos jovens, que também não têm esta prestação por serem prestadores de serviços, os chamados “falsos recibos verdes”.
Diferentes sectores da nossa sociedade têm vindo a reivindicar e considerar cada vez mais premente as alterações às prestações sociais de apoio aos desempregados, adequando-as aos riscos sociais que estão a ocorrer, propondo assim o prolongamento do subsídio social de desemprego durante todo o período de recessão, assim como a redução dos períodos de garantia e a majoração da protecção do desemprego e das prestações familiares quando há mais que um desempregado no mesmo agregado.
A CGTP-IN, já na legislatura anterior lutou por estes objectivos, entregando uma petição na Assembleia da República, que o PS inviabilizou. É importante que não desista desses objectivos e que nesta legislatura, em que a maioria de um só partido já é passado, volte a colocar esta reivindicação.
A situação do Norte Alentejano não é, infelizmente, um caso isolado. Aqui o desemprego cresceu 25% entre Setembro de 2008 e Setembro de 2009, situação que se tem vindo a agravar e assim continuará estando já anunciado e com data marcada o encerramento da Delphi de Ponte de Sôr que atirará para o desemprego mais meio milhar de trabalhadores.
Também pelo que aqui conhecemos e vivemos, que é uma pequena amostra do que se vive no país, é absolutamente necessário garantir com urgência essas respostas sociais.
Diogo Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
CONSEGUIRAM!!!!!
É INDISPENSÁVEL MUDAR DE POLÍTICAS!*
Os dados divulgados pelo IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional) relativamente aos números de trabalhadores inscritos nos Centros
de Emprego revelam um agravamento generalizado quer em termos homólogos, quer no que diz respeito à variação mensal.
Isto é verdade quer para o país onde os números dos desempregados ultrapassam o meio milhão, quer para o distrito onde os inscritos nos centros de emprego se aproximam dos 7 mil
Desde o segundo trimestre de 2008 tem-se vindo a verificar uma acentuada destruição líquida de emprego sendo a população empregada no segundo trimestre de 2009 já inferior à que estava empregada quando o actual governo entrou em funções.
Durante o período que corresponde à governação deste governo a destruição líquida de emprego atingiu já cerca de 60 mil. Se considerarmos apenas o período entre o 2º trimestre de 2008 e o segundo trimestre de 2009 a destruição líquida de postos de trabalho em Portugal atinge os 151,9 mil.
O que está a suceder é dramático. As políticas que nos são impostas não só não estão a criar emprego para aqueles que entram de novo no mercado de trabalho, como estão a destruir o emprego de muitos que o tinham.
A situação vivida no nosso distrito é um espelho fiel dos resultados de tais politicas. Os 6.630 desempregados inscritos nos centros de emprego e os muitos outros que não estão registados, correspondem ao emprego destruído com o encerramento, a suspensão e/ou diminuição da actividade de algumas empresas emblemáticas na região: a Johnson Control´s, a Lactogal, a Soc. Corticeira Robinson, o Golf Hotel, a Dyn´Aero, a Subercentro, a Singranova, a Soc. Quinta da Saúde.
O estado/patrão contribuiu também para a concretização deste quadro. Os disponibilizados pelo Ministério da Agricultura, o encerramento da maternidade de Elvas, do Colégio de Inserção Social de Vila Fernando, das escolas em vários concelhos, foram contributos para o quadro que descrevemos.
A não ser invertida esta tendência o desemprego atingirá, também no Norte Alentejano, números insustentáveis. É tendo presente esta ameaça que reputo de grande importância o desafio (inédito) lançado pela União dos Sindicados do Norte Alentejano de que se estabeleça um Pacto Territorial para o Emprego e o Desenvolvimento.
Independentemente dos contornos desse Pacto, a ideia pode, por si só, gerar as sinergias necessárias a abandonarmos o torpor para onde temos sido arrastados.
Até agora, ao que sei, os outros actores regionais preferiram assobiar para o lado fingindo não reparar quer na situação que sobre nós se abate, quer nas propostas e desafios que estão em cima da mesa.
Não consigo antever o que o futuro nos reserva mas se as próximas eleições (para a Assembleia e para as Autarquias) nos trouxerem “mais do mesmo” o normal será um profundo acelerar do desemprego e do empurrar para fora da região os poucos que ainda teimamos em resistir.
Diogo Serra
* artigo publicado no Jornal do Alto Alentejo
Setº/2009
sábado, 15 de agosto de 2009
QUE NINGUÉM SE ILUDA. É PRECISO MUDAR DE RUMO!
Alentejo com mais desempregados
O Desemprego, flagelo de sempre só esporadicamente travado, volta a atingir brutalmente os homens e mulheres alentejanas.
No primeiro trimestre, as taxas de desemprego mais elevadas foram registadas no Alentejo (11,3 por cento). Em termos homólogos, o desemprego aumentou em todas as regiões mas, os maiores acréscimos ocorreram na nossa Região.
"Valor mais elevado desde o 25 de Abril"
Os números atingidos no país – mais de 500 mil desempregados - colocam-nos conforme frisou a dirigente da CGTP-IN - Maria do Carmo Tavares, com a mais elevadas taxas de desemprego registadas desde o 25 de Abril e devem estimular-nos a uma reflexão muito séria sobre as políticas dos diferentes governos que tem tido responsabilidades governativas.
No momento em que o país irá mergulhar num novo ciclo eleitoral importa trazer para o debate politico quer a imprescindibilidade de mudar de paradigma no que se reporta aos modelos de desenvolvimento.
No país, e na região, é fundamental questionar as diferentes candidaturas acerca da sua disponibilidade para pressionarem a mudança de politicas e de atitude.
Os eleitores, os homens e mulheres sobre quem se abatem os resultados das politicas que levaram ao desastre, têm o direito de saber se os políticos estão disponíveis para trocar a propaganda e a política do faz de conta, por políticas que valorizem o trabalho e criem emprego.
Na região Alentejo e particularmente no Norte Alentejano é indispensável que se questionem os deputados por nós eleitos sobre o trabalho realizado e, mais importante ainda, se lhes exija o compromisso de lealdade ao distrito e às nossas gentes.
Neste ciclo eleitoral é indispensável que os eleitores, homens e mulheres sejam activamente vigilantes sobre o uso que os seus representantes fazem do voto que lhes é dado e é igualmente imperioso que as diferentes forças politicas em presença assumam a necessidade de travar a caminhada para o despovoamento e a desertificação.
Que ninguém se iluda. É preciso mudar o rumo!
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
SIM, É POSSIVEL!
(foto publicada no FN)
Hoje todos reconhecem (a excepção só confirma a regra) que é preciso e é urgente mudar a gestão da cidade e do concelho.
Nunca como hoje, a cidade e o concelho exibiram um tão forte desejo de mudança porque, nunca como hoje estiveram tão visíveis os resultados de uma governação sem rumo (ou pior ainda, com um rumo que a não ser mudado nos levará para o "abismo"), pautada por critérios que não são os da qualidade, da equidade e do desenvolvimento.
Com esta equipa liderada por Mata Cáceres, veio ao de cima o que de pior pode ser atribuído ao poder absoluto: o autismo político,o "amiguismo" e o autoritarismo. Três vertentes que misturadas com a manifesta incompetência para compreender e "governar a cidade" resultou no que temos:
- Um concelho em perda acelerada de tecido económico, de população e de importância;
- Uma cidade sem limpeza, sem manutenção e sem alma.
Agora que Portalegre e os portalegrenses já não podem adiar por mais tempo a decisão que só eles podem tomar - garantir uma outra política e uma outra equipa para o seu concelho - importa discutir quais as melhores equipas para protagonizar a mudança.
Quem nos dá a garantia de que cumprir com a palavra dada?
Quem pode agora apresentar-se perante o eleitorado "de cara e mãos limpas" e apresentar-lhe a sua "idéia" para o concelho e a cidade?
Os responsáveis pela definição e execução das políticas que têm "destruído" o concelho e o país, não podem agora querer fazer-nos acreditar, de novo, que sabem e querem fazer diferente.
Os Portalegrenses, os homens e mulheres que aqui vivem e trabalham têm nas suas mãos a chave da mudança.
A mudança que cada vez mais lagóias ambicionam é não só possível como tem corpo e tem rosto. Importa que não percamos a capacidade de acreditar porque desta vez SIM, É POSSÍVEL!
Diogo Serra
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Sim é possível.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
«há erros que não se corrigem»
As comemorações do 10 de Junho têm hoje lugar em Santarém.
Nesta cidade que ficou para sempre ligada à Revolução dos Cravos ninguém, mesmo que Presidente da Republica, pode ignorar a grandiosidade do HOMEM que partiu de Santarém para pôr fim ao "Estado a que isto chegou".
Por isso,sou dos que pensam que "só por isso", o Presidente da Republica integrou no programa das comemorações uma homenagem a Salgueiro Maia.
Aparentemente tudo está bem. Salgueiro Maia é uma figura merecedora de todas as homenagens porque, entre outras razões, comandou a coluna libertadora saída da EPC de Santarém, porque à sua coragem e determinação se deve o facto da Revolução ter sido de "cravos", porque nunca quis protagonismos, porque foi tratado de forma vil pelos "ganhadores" da contra-revolução iniciada em Novembro de 75.
Todavia, só aparentemente está bem. É que hoje na Presidência da Républica está o político que há vinte anos atrás, enquanto Primeiro Ministro, negou uma pensão ao Capitão de Abril, enquanto as atribuía aos pides e seus familiares e, mesmo que a homenagem seja sincera e procure corrigir o enorme erro praticado há duas décadas,o gesto de então não poderá ser esquecido.
É que, como afirmou o actual Presidente da Associação 25 de Abril e também Capitão de Abril - Vasco Lourenço - HÁ ERROS QUE NÃO SE CORRIGEM!.
Diogo Serra
domingo, 24 de maio de 2009
Levar a luta à Urna de Voto!
O Norte Alentejano tem vindo a ser destruído pelas políticas desenhadas e aplicadas pelo Bloco Central de Interesses que (des)governa o país e o distrito há mais de três decadas.
Fruto das políticas que deliberadamente têm destruído o nosso tecido produtivo, o Norte Alentejano vive hoje mergulhado numa crise financeira, económica e social que ameaça levar-nos, de novo, para os caminhos da emigração e condenar-nos a ter que procurar longe deste território o minimo necessário à nossa sobrevivência.
A grave situação que nos é imposta está bem visível na nossa cidade onde a acção dum poder central que não consegue "despir" os interesses das classes a quem serve é complementada pela arrogância e incompetência de quem entende o exercício do poder local como a gestão dos seus próprios interesses e a gestão do município como um negócio.
O resultado está, infelizmente, bem à vista de todos: encerramento das principais empregadoras ( Fino's, Jonhson Control's, Soc. Corticeira Robinson Bros,Supermercado Novo Mundo) o comércio retalhista praticamente destruído, o desemprego atinge números totalmente insuportáveis, enquanto o governo, os seus representantes no distrito e os deputados assobiam para o lado e o executivo de Mata Cáceres continua a tentar "vender-nos" uma zona industrial cheia de empresas que ninguém vê e propostas vanguardistas que vão dos projectos turisticos e "culturais" para iluminados ou das ideias "vanguardistas" de colocar rebanhos na limpeza das valetas.
É face a esta apertada curva no nosso caminhar colectivo que importa não cair nos erros do passado e como diz o nosso povo " para grandes males, grandes remédios" desta vez não podemos separar o voto da luta que travamos. A solução passa por levar a luta até ao voto!
É que, ao contrário do que os do Centrão teimam em afirmar NÃO SÃO TODOS IGUAIS!
terça-feira, 12 de maio de 2009
De novo o Protesto! Desta vez em Madrid.
Dia 14 de Maio, em Madrid, uma delegação sindical do Norte Alentejano fará ouvir o protesto dos trabalhadores e trabalhadoras e a reivindicação de politicas que permitam que possamos continuar a viver e trabalhar na nossa região.
Os autocarros vão sair de Elvas às 3 horas de dia 14 e o seu regresso está previsto para as primeiras horas do dia seguinte.
Para além da Direcção da USNA, a delegação integra dirigentes da Função Pública, do Stal, dos Professores, dos Corticeiros, do Comércio e Serviços e da Hotelaria e Turismo.
sábado, 2 de maio de 2009
1º de Maio em Portalegre. 111 anos depois...
Jovens da CRIARTE com trajes da época
111 anos depois das ruas da nossa cidade terem sido palco das comemorações do 1º de Maio, Portalegre viu passar a reivindicação da época. 1º de Maio - 888 foi a palavra de ordem que ontem, como há 111 anos abriu o desfile do 1º de Maio.
A faixa, empunhada por jovens, abria caminho ao grupo que trajando à trabalhador agrícola de então, iria frente ao Governo Civil apresentar a "récita" representada em Portalegre há mais de um século.
Independentemente do número, não estariam muito mais de duzentas pessoas, as comemorações do Dia do Trabalhador em Portalegre, foram vividas com grande dignidade e serviram bem os objectivos dos seus organizadores: assinalar Maio e reafirmar a necessidade de continuar o combate pela valorização do trabalho e dos trabalhadores.
sábado, 25 de abril de 2009
25 de Abril Sempre!*
" Em Portalegre, nos tempos da ditatura, nas mais humildes casas dos operários da Robinson, quando alguém fazia anos, podia não haver dinheiro para bolos e outras iguarias, mas havia sempre festa.
Em Portalegre, no ano de 2009, o facto do Município não ter dinheiro, não pode justificar que o aniversário do 25 de Abril não tenha tido uma festa. Portalegre e os portalegrenses mereciam-na."
Exma Senhora representante do Senhor Presidente da Assembleia Municipal
Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Celebramos hoje o 35º aniversário da Revolução de Abril no quadro de um brutal agravamento das condições de vida dos trabalhadores e das populações.
Aqueles, como nós, que persistem em viver nas regiões mais afastadas dos centros de decisão, sofrem de forma mais pesada esse agravamento pelo que é perfeitamente justificada a inquietação quanto ao futuro de cada um e da Região, como o é, a luta persistente e abenegada de quantos não se revêem nas politicas que lhes vêm sendo impostas, antes as entendem como o negar dos ideais de Abril.
Hoje, para a esmagadora maioria dos que têm até 45 anos, os que, felizmente, já nasceram no Portugal livre das grilhetas ou os poucos anos que nele viveram não lhes permitem memórias fortes do que foram os anos do fascismo, poderá, porventura, parecer estranho que haja, ainda, alguma coisa para comemorar.
Mas para quantos viveram aqueles tempos, para os que tiveram o privilégio de construir e viver Abril, para os que tomaram em mãos os seu próprio dstino e/ou sentiram os efeitos benéficos que Abril nos trouxe, comemorar Abril é reafirmar o apoio ao Movimento que recolocou Portugal no mapa da Europa e pensámos/sonhámos na rota do desenvolvimento. Para estes,mais que obrigação, é o reafirmar da vontade em continuar a luta para o manter vivo e ajudá-lo a cumprir o seu próprio cumpromisso. Garantir a Portugal e aos Portugueses:
A Democracia
A Descolonização
O Desenvolvimento.
Assinalar Abril é também o cumpromisso de passar às novas gerações os valores da Revolução dos Cravos e dar-lhes testemunho de como era a sociedade de então.
É preciso recordar-lhes o drama da guerra colonial, os salários de miséria e as longas jornadas dos operários da cidade, a proibição de nos juntarmos na via pública, mesmo que só para conversar, a escola para os ricos (o liceu) e a escola para os outros ( a escola industrial), os jornais censurados, a pide no Alentejano e noutros cafés, nas fábricas e nas ruas, a legião e a mocidade, a autorização dos maridos para que as mulheres pudessem ir comprar caramelos a Badajoz e tantas outras malfeitorias.
É preciso dizer a quantos neste concelho e nesta cidade estão hoje no desemprego e são mais de mil e trezentos (1333); aos que trabalham mas não recebem salário; aos jovens licenciados que só encontram emprego, quando encontram, em funções não qualificadas, com baixos salários e na mais profunda precariedade; aos reformados e pensionistas que têm que optar entre a compra do medicamento ou do pão; à generalidade dos Portalegrenses que viram fechar a Fino's, o supermercado Novo Mundo e a Jonhson Control's; aos operários corticeiros que assistem impotentes e revoltados ao destruir da actividade corticeira em Portalegre; aos pequenos comerciantes obrigados a encerrar as portas; que a situação actual é o resultado de um longo processo de recuperação capitalista, do ataque sistemático às conquistas e realizações da Revolução de Abril.
Ataques contra Abril que conduziram à reconstituição dos grandes grupos económicos e ao seu domínio sobre a economia e sobre o poder político, às políticas de desmantelamento das funções sociais do Estado, ao empobrecimento da democracia e a crescentes desigualdades na distribuição do rendimento nacional e são, é preciso afirmá-lo, os causadores das dificuldades que o país atravessa.
Ao contrário do que os promotores da politica de direita querem fazer crer, o brutal agravamento das condições de vida dos Portugueses e dos Portalegrenses não resultam do 25 de Abril nem de nehuma das suas conquistas. Bem pelo contrário! A Revolução de Abril conduziu a profundas transformações que ainda hoje marcam a nossa sociedade:
A conquista da democracia e de amplas liberdades incluindo o direito ao voto e à imprensa livre;
A Reforma Agrária e a liquidação do Latifundio;
O Fim da Guerra Colonial;
O direito à Greve;
A instituição do salário minimo nacional;
A consagração do direito à saúde com a criação do Serviço Nacional de Saúde;
O direito a um sistema de educação de qualidade e gratuita;
A liquidação do capitalismo monopolista de Estado.
A instituição de um Poder Local Democrático.
Como certamente estará na memória dos portalegrenses, os tempos que se sucederam à Revolução de Abril foram de uma pujante elevação das condições de vida, de uma profunda inversão na distribuição do rendimento nacional em benefício dos trabalhadores, de uma enorme participação cidadã na vida publica.
A instituição do salário minimo nacional permitiu à esmagadora maioria da população portalegrense o primeiro contacto com algumas condições básicas de conforto e o desmantelamento do aparelho repressivo fascista permitiu às populações inundarem as ruas da cidade: primeiro (logo a 26 de Abril) os estudantes do então Liceu Nacional de Portalegre a homenagearem o Jornal a Rabeca e quem o construía. Depois, em Maio, toda a cidade reunida no Rossio para aplaudir (em liberdade) alguns dos que, também aqui, ajudaram ao derrube do fascismo: António Teixeira, Joaquim Miranda, Eduardo Basso, João Silva, Feliciano Falcão.
O que se lhe seguiu no país foram a afirmação de liberdade, de emancipação social e de independência nacional que, na nossa cidade passou pela recuperação dos Sindicatos dos Corticeiros, Metalurgicos, Rodoviários e Escritórios e Comércio e pelo movimento que passaria a gestão do Munícipio para uma Comissão Administrativa presidida pelo Dr. Parente Pacheco e integrada, entre outros, por um operário têxtil e por um jovem – Adriano Capote - que desde então, se mantém ligado à defesa dos valores de Abril e de Portalegre.
Minhas Senhoras e Meus Senhores.
Comemorar Abril em 2009 é não só afirmar as suas conquistas e valores mas também um acto de protesto e de condenação às politicas de direita seguidas pelos diferentes governos do país e da cidade e pela exigência de ruptura com essas políticas.
Comemorar Abril, hoje e aqui, é, em nossa opinião, um momento e uma oportunidade para dar vida e sentido aos valores e conquistas de Abril afirmando com verdade que é necessário Mudar de Rumo no país e no concelho.
Porque assim o entendemos, porque certos de que esse é o caminho para cumprir Abril queremos reafirmar o nosso compromisso de continuarmos ao lado dos que trinta e cinco anos depois continuam a luta pela elevação das condições de vida, pelo emprego com direitos, pelo aumento dos salários e das pensões, por uma escola pública e de qualidade, pelo cumprimento do Serviço Nacional de Saúde universal e gratuito.
Minhas Senhoras
Meus Senhoras
Como há 35 anos, também agora, em Portalegre, 25 de Abril e 1º de Maio não poderão ser vistos de forma isolada.
Há 35 anos o 1º de Maio foi a demonstração do apoio dos portalegrenses à Revolução dos Cravos e a mesma ligação será feita este ano, na nossa cidade.
O 1º de Maio deste ano – em que comemoramos o 111º aniversário da primeiro Maio de rua – será, estamos certos a confirmação de que também aqui, Abril vive e resiste enquanto referência e valor essencial no presente e futuro democratico do país e enquanto testemunho de que é possível resistir e vencer na luta por uma vida melhor, em Portalegre, no País e no Mundo.
Esta é a forma que entendemos ser melhor, para homenagear os capitães que naquela madrugada libertadora deram corpo ao sonho de um povo e à luta dos milhares de homens e mulheres que pagaram com a sua própria liberdade e a vida o alto preço que nos custou a liberdade.
25 de Abril Sempre!
*intervenção proferida na Sessão Solene do 25 de Abril
de 2009, em Portalegre.
EM MAIO, AFIRMAR ABRIL
Em Maio, afirmar Abril*
“ Realizar uma grande jornada de luta no 1º de Maio que deve ser preparada intensamente, com esclarecimento e mobilização para, de forma incontornável, expressar a afirmação dos direitos dos trabalhadores e a força dos sindicatos, manifestar o descontentamento e a indignação contra a politica de direita e as posições retrógradas do patronato, assumindo um momento alto de solidariedade de todos os trabalhadores e outras camadas da população, na exigência de resposta às propostas sindicais e à mudança de política que os trabalhadores exigem e o país precisa.”
Em Portugal, comemorar o 1º de Maio continua a ser a forma de muitos milhares de trabalhadores reafirmarem o seu compromisso de continuarem a batalha por um Portugal, democrático, desenvolvido e solidário e será, no corrente ano o ponto alto da luta dos trabalhadores e trabalhadoras pela exigência de políticas e práticas patronais socialmente responsáveis.
A Resolução aprovada a 13 de Março em Lisboa, pelos mais de 200 mil manifestantes reunidos por convocatória da CGTP-IN indica esse caminho e apela ao reforço da solidariedade entre todos quantos sofrem os efeitos do definhamento do sector produtivo e o desvio de disponibilidades financeiras para a especulação bolsista, primeiro, e agora a utilização dos poucos recursos existentes para salvar da falência ou manter os níveis de riqueza dos que são responsáveis pela situação que vivemos.
Se alguns, em Portugal e no mundo, assumem as comemorações do Dia do Trabalhador como um hábito protocolar ou um feriado cuja origem já dificilmente identificam, a esmagadora maioria dos trabalhadores e trabalhadoras assumem as comemorações do 1º de Maio como um dia de Festa e de Luta que ininterruptamente tem vindo a ser assinalado, também no Alentejo, desde 1890.
Na nossa Região, onde logo em 1890 o 1º de Maio foi assinalado com diversas referências na imprensa da época, as comemorações com sessões públicas têm lugar em 1893.
Desde então nunca mais deixou de ser comemorado com maior ou menor visibilidade, com maior ou menor número de participantes, com maior ou menor repressão, com o poder politico vigente a bani-lo, persegui-lo ou acarinhá-lo consoante as ideologias e “modas” reinantes em cada momento.
No Alentejo, em cada um dos espaços sub-regionais que o compõem, o 1º de Maio passou por vicissitudes várias.
Desde um início caracterizado pelo cunho marcadamente mutualista que caracterizava as organizações operárias até ao final da monarquia, ao 1º de Maio de Combate que assumimos para 2009, o Dia Internacional do Trabalhador foi marco do calendário litúrgico laico da Primeira Republica , mas também dia de protesto e de luta das Associações de Classe de inspiração anarco-sindicalista ; foi durante o fascismo instrumento da resistência e organização operária e, com a Revolução de Abril, factor de consolidação e avanço da Revolução (primeiro), garante dos direitos conquistados, resistência à contra-revolução e garantia da democracia nos anos que se lhes seguiram.
Em 2009 vamos comemorar Maio, no Alentejo e no País, num contexto caracterizado quer pela ofensiva do governo e do patronato visando retirar direitos aos trabalhadores, dar mais poder ao patronato e desequilibrar profundamente as relações no mundo laboral, quer pela crise financeira de dimensão internacional que o sistema capitalista atravessa.
No Alentejo, a par das reivindicações que ecoarão por todo o país; alteração da legislação laboral da Administração Publica e das medidas mais gravosas do Código Laboral, assegurar o aumento real dos salários e das pensões, assegurar o direito à contratação colectiva, dar eficácia à Autoridade para as Condições de Trabalho preenchendo as vagas existentes nos seus quadros e dotando-as dos meios que lhes permitam assegurar os objectivos para que foi criada, vamos levar à rua as exigências que se prendem com o direito que temos de construir o Alentejo desenvolvido e solidário por que lutaram e lutam os homens e mulheres que aqui vivem e trabalham.
O 1º de Maio, no Alentejo, em 2009 será uma enorme demonstração da vontade dos alentejanos em darem combate efectivo às políticas que nos afastam dos níveis de desenvolvimento médio do país e nos impõem assimetrias significativas dentro da própria Região.
Em cada uma das principais cidades da Região os trabalhadores e trabalhadoras irão sair à rua exigindo:
• Politicas capazes de garantir o emprego, defender os direitos dos trabalhadores e desempregados e que passam pela suspensão imediata da aplicação do regime de mobilidade especial dos funcionários públicos, pela alteração das regras para a contratação de trabalhadores pelas autarquias locais, dotando-as dos meios financeiros necessários;
•Politicas que apostem no aumento do poder de compra regional e que pressupõem a adopção de um Pacto Regional para o Emprego que garanta:
o aumento dos salários e do poder de compra dos trabalhadores;
o direito a subsídio de desemprego a todos os trabalhadores que perderam o emprego;
o direito à aposentação sem penalização aos trabalhadores que tenham um percurso contributivo igual ou superior a 40 anos e idade igual ou superior a 60 anos;
•Politicas capazes de dinamizar a actividade económica, travar a destruição do aparelho produtivo regional e apoiar as pequenas e médias empresas que são o principal sustentáculo do emprego na Região:
- reforçando o investimento publico e definindo como prioritário a sua aplicação em equipamentos e infra-estruturas de apoio à comunidade que melhorem as condições de vida da população e estimulem o crescimento das empresas e do emprego regionais.
- reforçando a rede pública de protecção social em função do agravamento da situação social da Região, nomeadamente no apoio à terceira idade, à infância e às famílias ;
- criando Operações Integradas e/ou Observatórios Regionais ao nível distrital que consigam mobilizar recursos, actores e instituições e os consigam envolver numa dinâmica de responsabilização colectiva e empenho nas soluções.
Tendo como bandeiras as reivindicações anunciadas os alentejanos e alentejanas recolocarão em 2009 os mais profundos sentimentos de solidariedade e justiça que animaram os operários americanos que no já longínquo ano de 1886 se bateram e morreram pela conquista das 8 horas diárias de trabalho.
Porque de novo, em Portugal, é fundamental batermo-nos contra as tentativas de retorno a jornadas de trabalho diário de 12 e mais horas, alentejanos e alentejanas voltarão a dar cumprimento à decisão tomada em Paris, no Congresso Internacional Socialista, em 1898.
“ Organizar-se-á uma grande manifestação internacional com data fixa, de maneira que, em todos os países e cidades ao mesmo tempo, no mesmo dia combinado, os trabalhadores intimem os poderes públicos a reduzir legalmente a jornada de trabalho para oito horas, e a aplicar as outras resoluções do congresso internacional de Paris.
Visto que uma manifestação semelhante já foi decidida pela American Federation of Labour para o dia 1º de Maio de 1890, adopta-se esta data para a manifestação internacional. Os trabalhadores das distintas nações levarão a cabo manifestações nas condições impostas pela situação especial de cada país”
Diogo Serra
* Artigo publicado na Revista Alentejo
quarta-feira, 8 de abril de 2009
COITADOS DOS RICOS...*
Uma jornalista nascida no Norte Alentejano, Elsa Fino, intitulava assim a sua crónica no jornal o Avante, onde denunciava quer a acção de banqueiros e outros defensores do capitalismo, responsáveis pela situação que se vive em Portugal, quer a forma como uma parte da comunicação social, de que eles são donos, tratava a diminuição dos chorudos lucros que continuam a arrecadar.
Tem toda a razão na denuncia que faz.
Na verdade a propalada crise tem servido como acelerador da contínua concentração de capital nas mãos dos mesmos “senhores” que ordenam a diminuição dos salários e impõem o desemprego crescente.
Os números não mentem:
O desemprego tem vindo a crescer de forma avassaladora; só em Janeiro de 2009 inscreveram-se nos Centros de Emprego, mais de 70 mil novos desempregados e, no que respeita apenas ao nosso distrito são já 6.414 os homens e mulheres que procuram emprego.
O rendimento das famílias tem vindo a decrescer de forma violenta, seja pelo desemprego, pela redução dos salários ou pela diminuição de reformas e pensões.
Os pequenos e médios empresários, apanhados entre a perda de poder de compra das famílias e o encarecimento do crédito, são impelidos a encerrar ou a diminuir drasticamente a sua actividade. Em Portalegre para tomarmos contacto com esta realidade basta tão só descer a rua do comércio.
O governo tem-se afadigado no salvar da falência os bancos e os grandes capitalistas mas não mexe uma palha para evitar o desmantelamento total das economias de regiões como a nossa.
Para encontrar os exemplos não precisamos sair de Portalegre. A banca do Estado acorre com milhões para ajudar o capitalista Manuel Fino mas nada se faz para ajudar a resolver a continuação da Robinson e da actividade corticeira em Portalegre, da continuação da extração e transformação dos granitos ou da consolidação da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre.
A nível nacional a “CRISE” também não é para todos e para o constatar basta uma breve vista de olhos pela nossa imprensa:
•“ a PT poderá anunciar lucros consolidados acima dos 500 milhões de euros nos próximos dois anos”
•“ a dona da TV Cabo registou um lucro anula de 47,9 milhões de euros e vai distribuir um dividendo de 0,16 euros por acção em 2009”
•“ A Galp Energia apresentou em 2008 lucros de 478 milhões de euros.
•A EDP apresentou lucros superiores a mil milhões de euros.
Posto isto e parafraseando um anuncio de umas décadas atrás:
PALAVRAS PARA QUÊ? É O CAPITAL NO SEU MELHOR!
Diogo Serra
* Publicado no Jornal do Alto Alentejo de 8 de Abril de 2009
sábado, 28 de março de 2009
Opinadores à peça!*
Nos últimos tempos vários opinadores ligados ao governo do partido de Sócrates têm-se afadigado no amplificar das “virtualidades” da política dita social, desenvolvida pelo governo e em particular pelo ministro do trabalho. Dizem, que este é um governo com grandes preocupações sociais e, a prová-lo, o terem salvo o sistema público de segurança social.
Também no nosso distrito alguns dos opinadores ao serviço do PS o têm vindo a afirmar.
Todos sabem que a verdade diverge do seu discurso e da prática governativa mas, sabem igualmente que o ano é de eleições, que os resultados das políticas de ataque aos direitos dos trabalhadores começam já a ser sentidos e é preciso tentar esconder a verdade.
É um esforço votado ao fracasso. Como diz o nosso povo “a mentira tem a perna curta” e os factos aí estão sem que os “biombos” os consigam ocultar.
A OCDE veio recentemente confirmar aquilo que os sindicatos há muito denunciaram:
“Os trabalhadores vão receber uma reforma igual a metade do último salário, por causa das mudanças da Segurança Social.”
De facto, as alterações impostas na Segurança Social não só não garantem a sustentabilidade do sistema, como impuseram aos trabalhadores uma taxa sobre o aumento da esperança de vida e uma forma de cálculo destinada a reduzir as já então muito baixas pensões e reformas.
Vamos a factos:
O governo e o partido que o suporta afirmam que foram as medidas agora impostas pelo Ministro Vieira da Silva que salvaram a segurança social mas, o mesmo partido e os mesmos governantes haviam afirmado no tempo do governo Gueterres, com Vieira da Silva como Secretário de Estado da Segurança Social, que a lei então aprovada garantia o futuro da Segurança Social por mais 150 anos.
Mentiram antes ou mentem agora?
O Ministro do Trabalho e o governo recusaram quando da alteração da lei, a proposta do Movimento Sindical de que deveria ser revisto a forma de financiamento do sistema que continua assente no número de trabalhador por conta de outrem. Optaram por embaratecer o sistema à custa do aumento da idade de reforma e da diminuição das pensões.
Se é um facto que desta forma e à custa de uma diminuição que se anuncia como brutal das pensões, conseguiram alguma folga, não é menos verdade que a manter-se o financiamento do sistema com base nos descontos sobre os salários este voltará a ficar exaurido tanto mais rapidamente quando o desemprego dispara, os salários são reduzidos e as necessidades de apoio a quem perde o emprego são inadiáveis.
Deste mealheiro que é a segurança social, para onde só entram os descontos de quem trabalha e são retirados quer os apoios sociais para quem deles necessita, quer os fundos necessários ao pagamento das políticas governamentais de apoio ao emprego e aos empregadores, fácil será perceber que é finita a sua existência.
Se não forem invertidas as posturas governamentais, se não forem tomadas as medidas necessárias a diversificar as formas de financiamento da Segurança Social, mais cedo do que os governantes actuais perspectivaram será necessário reforçar o financiamento ou, como geralmente o partido socialista faz, diminuir ainda mais os rendimentos dos mais necessitados.
Os opinadores meterão a viola no saco, os governantes procurarão novas formas de propaganda que escondam as suas responsabilidades e os reformados e pensionistas (os actuais e os outros que entretanto atingirão essa condição) pagarão, de novo, com mais e maiores sacrifícios a incompetência ou insensibilidade de tal gente.
Diogo Serra
* Artigo publicado no Jornal do Alto Alentejo
terça-feira, 24 de março de 2009
Seis anos da resistência iraquiana para libertar o país + de sessenta anos de luta do povo palestiniano pelos seus direitos nacionais.
Colóquio/Debate a realizar em Lisboa por ocasião dos 6 anos da invasão do Iraque
“Médio Oriente: ocupação e resistência” é o tema de um colóquio a realizar em Lisboa por ocasião dos 6 anos da invasão do Iraque, levada a cabo pelas forças militares dos EUA e do Reino Unido em 20 de Março de 2003.
Os 6 anos de luta da resistência iraquiana serão abordados no quadro da situação no Médio Oriente, com atenção especial à Palestina, foco de mais de 60 anos de luta por direitos nacionais.
A iniciativa, promovida pela CGTP-IN, Tribunal-Iraque e o CPPC, conta com o apoio do Movimento Democrático de Mulheres, da Associação Abril, do Movimento para a Paz na Palestina (MPPM), do Comité de Solidariedade com a Palestina, da Associação José Afonso, do Colectivo Múmia Abu-Jamal, do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, da FENPROF.
Data e local
28 de Março, sábado, em duas sessões, das 14,30 às 17 horas e das 17,30 às 20,30 horas.
Auditório do SPGL, Rua Fialho de Almeida, 3, Lisboa (metro S. Sebastião).
Completam-se em 20 de Março seis anos sobre a invasão do Iraque. O balanço não podia ser mais desastroso: destruição física do país, desarticulação de todas as estruturas sociais, níveis de desemprego nunca vistos, pobreza generalizada, seis milhões de refugiados e deslocados, mais de um milhão de mortos.
Mas nestes seis anos consolidou-se, também, uma tenaz resistência patriótica, armada e não armada. A sua acção inviabilizou os planos de domínio do Iraque pelos EUA. E contribuiu – a par das resistências populares no Líbano, na Palestina e no Afeganistão – para conduzir a aventura militar do imperialismo norte-americano a um beco sem saída em toda a região, desde o Médio Oriente às fronteiras do Paquistão.
O anúncio por Barack Obama da retirada, a prazo, de tropas dos EUA do Iraque é o corolário de uma derrota mal assumida mas real. Mas, em si mesma, a decisão do novo presidente pouco acrescenta à posição da administração Bush – porque também esta não pretendia manter no Iraque mais forças do que as necessárias para assegurar a ocupação do país.
segunda-feira, 16 de março de 2009
O sindicalismo livre de tutelas partidárias serve os interesses de Portugal
O secretário-geral do PS, José Sócrates, defendeu esta segunda-feira necessidade de um sindicalismo livre de tutelas partidárias para o melhor desenvolvimento do país.
«O sindicalismo livre de tutelas partidárias serve os interesses de Portugal», disse José Sócrates, no encerramento do 5º congresso da Tendência Sindical Socialista da UGT.
O primeiro-ministro, que esteve no congresso na qualidade de secretário-geral do PS, felicitou João Proença pela reeleição na liderança da tendência.
«O PS orgulha-se dos que sendo do Partido Socialista fazem um sindicalismo livre, moderno, que faz propostas e que defende os trabalhadores», afirmou o chefe do Executivo.
Na sua intervenção, Sócrates considerou ainda que é em momentos de maior dificuldades que se exige que sindicatos e empresários cheguem a acordo, garantido que o Governo tudo faz para defender o interesse de todos.
O primeiro-ministro retomou ainda as críticas à CGTP por causa da manifestação de sexta-feira, reafirmando que houve uma «instrumentalização» deste protesto.
Lindo...
O Primeiro Ministro mostra ao país o seu conceito de sindicalismo livre de tutelas partidárias.
Fá-lo numa reunião partidária, tendo ao pé de si o secretário-geral da UGT (o exemplo de sindicalismo livre de tutelas partidárias) que é tão só membro da Comissão Política do PS de Sócrates.
Retoma criticas à CGTP e à manifestação por esta convocada e que juntou em Lisboa mais de 200 mil pessoas e apresenta a sua idéia de sindicalismo responsável:...exige que sindicatos e empresários cheguem a acordo. Pois... de facto a CGTP é mais assim...
quinta-feira, 5 de março de 2009
MEUS SENHORES, HAJA VERGONHA!
"Acho que se deve congelar os salários acima dos salários mínimos e reduzir os salários que estão cá em cima",
Silva Lopes, durante um almoço organizado entre a Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Ordem dos Economistas.
Foi assim, sem qualquer pudor ou constrangimento que José da Silva Lopes, economista, ex- Ministro, ex- consultor do FMI, ex- governador do Banco de Portugal, ex – Presidente do Conselho de Administração do Montepio Geral e presumo detentor de várias e principescas reformas, perspectivou a saída para a “crise” que os capitalistas (ele inclui-se lá) criaram ao longo dos últimos anos e que agora se abate sobre todos nós.
Para este fiel (e bem pago) defensor do sistema capitalista devem ser os trabalhadores (de novo) a pagarem aquilo que candidamente denominou como a mais grave crise financeira e económica das últimas décadas.
Para este fiel defensor da ordem capitalista a solução para as dificuldades que eles próprios nos impuseram tem que ir mais além das injecções de capital com que o governo foi salvar o BPP ou procurar tapar as crateras que os roubos no BNP haviam aberto. Para este senhor, ex-de quase tudo menos de defensor do capital, a solução está em congelar os salários que estejam acima dos 450 euros/mês e reduzir “os que estão cá em cima” que presumo, não tão acima que possam beliscar os rendimentos dos amigos ou as suas principescas reformas.
E tudo isto no dia em que a Galp energia anunciava 480 milhões de euros de lucros em 2008, que a EDP e a Portugal Telecom davam conta de que 2008 lhes fora favorável e que, milhares de famílias passavam mais um dia de enorme aflição, atiradas para o desemprego e sem perspectivas de futuro.
Como diz o nosso povo. Haja vergonha, meus senhores!
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Elas trabalham mas não recebem salário...
As melhores tapeceiras do mundo, para usar a expressão de Jean Luçart , voltaram à situação dos salários em atraso.
Não é uma situação desconhecida. Há bem pouco tempo o não pagamento dos salários obrigou-as a suspenderem os contratos de trabalho e a recorrerem aos apoios que o estado garante aos trabalhadores desempregados.
Os menos familiarizados com o Norte Alentejano ou desatentos às “coisas” da arte entenderão que a situação vivida pela Manufactura Tapeçarias de Portalegre e a suas tapeceiras é tão só uma questão igual a tantas outras vividas pelas empresas de norte a sul de Portugal.
Todavia é muito mais que uma mera dificuldade pontual de uma qualquer empresa. Desde logo porque se trata de um risco enorme para o nosso património cultural.
A Manufactura Tapeçarias de Portalegre e as suas tapeceiras produzem desde 1947/48, ARTE embalada em tapeçarias.
Instalada pelos seus fundadores, Guy Fino e Celestino Peixeiro no Convento de S. Sebastião, antigo colégio dos jesuítas e actual sede do Município de Portalegre a Manufactura desenvolve a tradicional forma de trabalhar a lã na Serra da Estrela e o “ponto de Portalegre” inventado por Manuel do Carmo Peixeiro enquanto estudante em Roubaix – França .
A primeira tapeçaria saída das mãos das tapeceiras de Portalegre foi feita a partir de um cartão do portalegrense João Tavares. A partir daí a manufactura não mais deixou de cumprir o “sonho” de Guy Fino – reproduzir em tapeçaria genuinamente portuguesa e do modo mais fiel possível os quadros de artistas famosos.
Guilherme Camarinha, Almada Negreiros, Graça Morais, José de Guimarães, Manuel Cargaleiro, Júlio Pomar, Vieira da Silva e Amadeu Sousa Cardoso são alguns de entre cerca de duas centenas de pintores que têm trabalhos seus passados a tapeçaria pelas mãos das tapeceiras de Portalegre.
Únicas em Portugal e no mundo as tapeçarias de Portalegre estão espalhadas pelo cinco continentes e são o melhor cartão de visita de Portalegre e do país.
Essa condição, aliada ao seu inegável valor fazem das Tapeçarias e das tapeceiras de Portalegre o principal recurso de uma cidade e de uma região que parecem apostar na actividade turística como uma das suas principais linhas de desenvolvimento.
É neste contexto que as crises de financeiras que ciclicamente põem à prova a resistência das tapeceiras e da própria empresa não parecem ter justificação.
É verdade que se trata de produção de arte e que o seu custo é elevado. É certo que a crise que actualmente se abate sobre o sistema capitalista não é propiciadora de investimentos em bens de alto valor mesmo que, como muitos defendem, o investimento em arte seja de fácil retorno. Mas, não é menos verdade que a importância cultural, e turística, da Manufactura e das Tapeçarias, justificam que não deixemos apenas nas mãos dos proprietários da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre a resolução das dificuldades com que se debate a continuação deste importante veículo promocional de Portalegre e da Região.
Se queremos continuar a dispor deste importante recurso não podemos continuar a “brincar”, ou a fingir que não percebemos que os produtos culturais e turísticos não nascem de gestação espontânea e que não perduram no tempo se não forem acarinhados.
Não basta dizer que temos um museu porque à boa vontade juntámos meia dúzia de obras e, contamos com a boa vontade de quem possa emprestar-nos algumas outras; não chega orgulharmo-nos por termos sedeada no nosso território a Manufactura e serem lagóias as sua tapeceiras; não serve dizermo-nos solidários quando surge uma nova crise e deixar para os outros, ou para o mercado, a resolução da quebra acentuada de vendas, dos salários em atraso, da não renovação do quadro de tapeceiras.
Na cidade e na região tem vindo a crescer o número dos que entendem que o desenvolvimento do turismo pode ser um eixo importante para o desenvolvimento ambicionado e, tem vindo a crescer igualmente o número dos que acreditam que o desenvolvimento de tal eixo tem que passar pelo aproveitamento e manutenção do que de melhor temos para oferecer e entre o melhor estão inegavelmente as Tapeçarias de Portalegre.
Alguns, entre os quais me incluo, já perceberam que é nas tapeçarias e na sua singularidade que ganhamos a diferença entre as regiões que connosco “concorrem. Mas é imprescindível que essa percepção chegue a outros porque para levar a bom porto esta “ideia” é necessário investimento, de capitais e de inteligência, é necessário trabalho de equipa, é necessário que todos, lagóias, governos local e nacional se disponibilizem para cumprir a sua parte.
A “salvação” das Tapeçarias de Portalegre passa pela “construção de Um Museu (a sério) da Tapeçaria de Portalegre. Um Museu que seja, como deve ser, uma colecção de obras, situado num espaço construído de raiz, que seja apelativo e com condições para expor as obras e mostrar como se criam, que mantenha com a Manufactura Tapeçarias de Portalegre uma relação de proximidade e colaboração e seja, por si só, factor de atractividade capaz de colocar Portalegre e a sua região nos roteiros internacionais do Turismo Cultural.
Se for possível trilhar este caminho assegurando o presente e o futuro das Tapeçarias, da Manufactura e de Portalegre estaremos em condições de garantir que as Melhores Tapeceiras do Mundo possam continuar a produzir arte, tenham garantido o primeiro direito de quem trabalha que é o direito ao salário.
Diogo Serra
Artigo publicado na Revista Alentejo
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
É preciso que isto mude! Importa construir o futuro!
Salários em atraso, despedimentos, encerramento e deslocação de empresas e serviços, crescimento galopante do desemprego.
Este é o retrato do Norte Alentejano. O resultado das políticas gizadas à distância e aplicadas ao longo de décadas pelos governos que se foram alternando no poder.
Quando recordamos as promessas dos governantes e dos seus representantes no distrito, quando pensamos nos 150 mil postos de trabalho prometidos por Sócrates ou pelos milhares de empregos prometidos pelos candidatos do PS à eleição para o Parlamento, não podemos deixar de nos espantar pela enorme distância entre a retórica e o resultado das políticas aplicadas.
Empresas encerradas, serviços desactivados e deslocalizados, empresários sem soluções face à diminuição da procura, comerciantes “apanhados” pela perda de poder de compra dos norte alentejanos, seis mil desempregados (números do IEFP de Dezembro de 2008), centenas de trabalhadores com salários em atraso.
Durante demasiado tempo empresários, responsáveis políticos e autarcas preferiram “assobiar para o lado” fingindo não ver nem sentir os resultados das políticas de desmantelamento do nosso sector produtivo, do empobrecimento generalizado das nossas gentes, da retirada de direitos aos trabalhadores e de serviços às populações.
Mesmo agora, quando são bem visíveis tais resultados, os deputados do distrito, os dirigentes das estruturas descentralizadas do poder, os responsáveis regionais do partido que suporta o governo, preferem afadigar-se em mostrar-nos as virtualidades do “seu” governo do que na procura de soluções para os problemas existentes.
São os sindicatos quem, de novo, se posiciona como parte da solução. Desta vez apresentando a proposta/reivindicação de uma “nova OID”. Uma intervenção integrada que potencie os investimentos públicos, estimule o investimento privado, crie ânimo e incentive a participação colectiva no encontrar de soluções que permitam a construção de um Distrito desenvolvido e solidário.
Importa que não fiquem, de novo, sozinhos a travar uma luta que é, tem de ser, de todos os norte-alentejanos.
Diogo Serra
publicado no Jornal Alto Alentejo
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Uma Ideia para Portalegre!*
A “nossa” comunicação social trouxe-nos no último fim-de-semana os trunfos que o actual presidente da equipa que dirige o Município “guardava na manga” para procurar surpreender os portalegrenses.
Desconheço há quanto tempo Mata Cáceres “esconde os seus trunfos” mas o certo é que conseguiu surpreender-me: após sete anos de poder, apresentar como grandes eixos de desenvolvimento florestação para garantir madeira para postes e cercas e implementar rebanhos comunitários para limpar o território à volta de Portalegre é, de facto surpreendente, mesmo que tão brilhantes propostas venham de um autarca que nos costuma brindar com ideias (e acções) que vão da “multiplicação dos portalegrenses” para justificar as taxas de construção no PDM ou da não distribuição atempada da informação à Assembleia Municipal.
Infelizmente para a cidade e o concelho, de Mata Cáceres já nada mais à esperar para além desta capacidade em, ainda, nos surpreender. Quanto a projectos é tão só mais do mesmo. Continua o discurso inflamado mas totalmente despido de conteúdo e, sobretudo, a sua incapacidade de assumir as suas próprias culpas.
As empresas (150) não se instalam? É culpa da crise. O terreno para a Robinson não foi entregue? Foi uma pedra maldita que o impediu. Os investimentos não vêm é o governo e sobretudo a oposição local ouvida pelos governantes que boicotam o trabalho do Sr. Presidente e do seu executivo.
Para além disto o que os Portalegrenses vêem, e sofrem, é uma forma de gerir a coisa pública como se de coutada privada se tratasse, é não ter uma ideia para o desenvolvimento da cidade ou, pior que não ter nenhuma, ver o futuro da cidade na florestação do seu termo (eucaliptos?) e na presença de rebanhos comunitários (por quanto tempo) para garantirem a limpeza do mato.
É fundamental inverter este percurso e garantir para a cidade e para o concelho um rumo que nos permita consolidar as nossas potencialidades e afirmarmo-nos como concelho com futuro e cidade capital de distrito capaz de puxar todo o Norte Alentejano para patamares de desenvolvimento que legitimamente ambicionamos.
É fundamental valorizar as potencialidades ruralidade que ainda temos mas, ao mesmo tempo ter ideias, projectos e capacidade para os operacionalizar. É fundamental trabalhar para travar a agonia da cidade de Portalegre e recolocá-la em patamares de desenvolvimento que já conheceu.
São precisas ideias e equipas é que, cada vez está mais visível que Portalegre não é uma cidade/concelho pobre. É, tão só, uma cidade/concelho sem Projecto.
Diogo Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Construamos um Distrito Acolhedor!
Elvas acolheu, no passado dia 18 de Janeiro, um encontro de responsáveis e técnicos de diferentes instituições com a comunidade moldava residente naquele concelho.
Durante mais detrês horas os diferentes organismos foram questionados pelos imigrantes presentes e transmitiram-lhes diferente e importante informação. Questões ligadas à saúde, ao ensino, ao emprego e aos direitos enquanto trabalhadores/as foram a par das questões dos vistos de residência e de trabalho os temas mais debatidos.
No final dos trabalhos uma mostra gastronómica da Moldávia, musica popular moldava e baile permitiram um interessante e salutar convívio entre autóctones e imigrantes e abriram portas para novos encontros.
Para dia 1 de Março já está agendada nova iniciativa. Desta vez serão o teatro e as crianças os protagonistas.
sábado, 17 de janeiro de 2009
É URGENTE TRAVAR A BARBARIE!
È preciso, é urgente parar a carnificina de vitímas inocentes. É imperioso que, de uma vez por todas, Israel, cumpra as decisões da ONU e trave o genocídio do povo palestino.
É de saudar a proibição de passagem de aviões com material bélico a usar em Gaza, mas o governo português tem que ir mais além. São necessários gestos e atitudes que travem Israel.
Por isso e para isso lá estaremos, dia 20 em Lisboa.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Deixem passar esta linda brincadeira...
Mata Cáceres e a maioria que o apoia demonstraram, mais uma vez, o pouco apreço que têm quer pela Assembleia Municipal e o seu Regulamento quer pelas leis do país.
Em desrespeito contínuo pelas forças políticas que se lhe opõem e pela própria Assembleia o Executivo liderado por Mata Cáceres voltou a impor na última Assembleia Municipal que esta aprovasse assuntos não agendados para aquela sessão e que foram disponibilizados aos deputados municipais só no início dos trabalhos.
Não é a primeira vez que tal acontece. No actual mandato não houve praticamente nenhuma sessão, em que o executivo não brinde os eleitos com um pacote de assuntos não incluídos na agenda, porque não entregues em tempo útil à Mesa da Assembleia Municipal. Só que desta vez a importância dos temas levava a pensar menos em incompetência e mais em golpada: entre a dezena e meia de assuntos enviados à última hora encontravam-se as Grandes Opções do Plano e... mais dois empréstimos.
As diferentes bancadas (todas) não aceitaram bem esta forma de entender a democracia e procuraram com a Mesa da Assembleia uma forma de, por um lado poderem discutir e deliberar em tempo útil os temas incluídos no "pacote última hora" e por outro permitirem que todos os eleitos pudessem dispor do tempo mínimo necessário a conhecer as propostas do Executivo.
Foi a ostensiva pressão do Presidente da Câmara que levou a bancada da maioria a impor a discussão dos assuntos fora de agenda e, fruto dessa decisão, a impor às restantes bancadas o seu alheamento da "discussão" e votação do Orçamento e das Grandes Opções do Plano.
E assim, o PSD e Mata Cáceres puderam, sozinhos, "discutir" e aprovar o Orçamento, as Grandes Opções do Plano e mais dois "empréstimozitos".
Para que o encerrar (político) de 2008 pudesse ser considerado à moda da Madeira, só faltou o Bailinho.
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