quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

OU O DESENVOLVIMENTO VAI À FRONTEIRA, OU A FRONTEIRA VAI AO DESENVOLVIMENTO!


OU O DESENVOLVIMENTO VAI À FRONTEIRA, OU A FRONTEIRA VAI AO DESENVOLVIMENTO!


Através da nossa comunicação social tomámos conhecimento de que os deputados eleitos pelo Partido Socialista nos círculos eleitorais do Alentejo constituíram-se em grupo “regional” com o objetivo de coordenar a sua acção política, visando reforçar o peso político do Alentejo no seio da Assembleia da República.
Saúdo a iniciativa e apesar de a entender como “curta” – ela devia, em meu entender, abarcar todos os eleitos pelos quatro círculos eleitorais do Alentejo, mais aqueles que eleitos por outros círculos eleitorais, são alentejanos por nascimento ou por opção. Espero que possa, mesmo assim, transformar-se numa ferramenta importante para o trabalho que é necessário fazer e, acima de tudo, que permita ao Alentejo não voltar a perder oportunidades e investimentos por falta de unidade, quando há verdadeiras e suicidas divisões inter-regionais.
Recordo quando da abertura da discussão de abrir o ensino da medicina fora das academias tradicionais de Coimbra, Lisboa e Porto, da regionalização que não se fez, das vias de comunicação rodoferroviárias ou do aeroporto de que o país precisa e o Alentejo tem “fechado”. Não esqueço que são sempre os territórios mais frágeis (é o caso do nosso distrito) quem paga o preço mais alto e, para o ilustrar lembremos as décadas de espera pelo arranque da “barragem do Pisão”, o completar do IP2 e do IC 13, a ligação entre a A6 e a A23, a electrificação da Linha do Leste que nos serve ou o encerramento do Ramal de Cáceres e a perda da ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid.
Sempre defendi e continuo a fazê-lo que a nossa “crónica” fragilidade numérica, empresarial, social e política só poderá ser minimizada com a unidade de acção das diferentes instituições e vontades, alicerçadas na iniciativa de quem tem a obrigação política de, nos diversos areópagos dar voz à nossa voz. Também por tal razão não poderia agora deixar de saudar a iniciativa dos deputados eleitos pelo Partido Socialista, apesar de considerar, reafirmo, que é necessário ir mais longe, quer na composição, quer nos objectivos.
Mais, espero sinceramente que a iniciativa agora anunciada, não seja um mero grupo de pressão virado para o interior do PS e destinado tão só, a potenciar aspirações de promoção interna e de melhorias posicionais na grelha de partida na corrida aos lugares do aparelho central na Região que agora, parece, irão ser “sorteados” e que passarão pela presidência da CCDR e de outros lugares de dimensão regional.
Se for essa a intenção, o Alentejo e as suas sub-regiões continuarão, mais que adiados, a caminhar para o abismo vendo o futuro fugir-lhes através das vias rodoferroviárias que a União Europeia quis, sejam as auto-estradas que nos tocam a sul (Elvas) e a norte (Nisa/Gavião) seja a via ferroviária que levará as mercadorias dos portos portugueses aos centros da Europa, passando por aqui sem sequer nos verem.
Se for outra a intenção, a anunciada (assim o desejo) e enquanto não for possível o seu alargamento a todos os deputados “alentejanos” há muito trabalho para fazer e desde logo só no nosso distrito, o garantir que o empreendimento do Pisão não trave, dar execução à decisão mil vezes prometida da Escola de Formação da GNR, garantir a electrificação e modernização da Linha do Leste, que continua afastada das preocupações e do Orçamento do Estado.
No que à Região diz respeito o trabalho também aí está. É imperioso trabalhar para que o seu Partido e o seu governo não continuem a alhear-se da discussão dos problemas, aspirações e potencialidades de uma Região que é um terço do território do país (continente) e que quer a regionalização e o desenvolvimento.
Uma boa resposta poderá ser já dada no imediato, levando o PS e o governo a estarem presentes com todas as restantes forças políticas, económicas e sociais no congresso dos alentejanos marcado para os dias 3 e 4 de Abril em Estremoz.
Porque é o amor ao Alentejo que nos une!
Porque se o desenvolvimento não vier à fronteira será a fronteira a ir ao desenvolvimento!
Diogo Júlio Serra