quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Passo a passo sem o Passos!









Fruto das mudanças politicas impostas pelo voto dos portugueses e das portuguesas o Alentejo e os Alentejanos puderam retomar os sonhos.

Numa Região onde se adicionam as capacidades de atracção para quantos e quantas queiram usufruir das vivências de inigualável beleza e bem estar que a deslumbrantes paisagens natural e construída, a gastronomia de excelência e o seu património imaterial e a simpatia das suas gentes proporcionam, a mingua de infraestruturas essenciais é mais que desleixo, é crime.

Mas é esta a situação que as políticas de direita impostas por diferentes governos e partidos nos legaram.

No Norte Alentejano a situação é ainda mais visível. Aqui onde se podem absorver as belezas naturais que o o Parque Natural da Serra de S. Mamede ou as Portas do Ródão nos emprestam. Onde nos perdemos extasiados pelos campos de montado, nas praias fluviais  e nas inúmeras actividades que as nossas albufeiras permitem. Aqui em que ao imenso património construído juntamos uma cultura milenar e extremamente rica. Aqui, zona da Raya e de atravessamento natural para quem se desloca entre Lisboa e Madrid, vivemos acantonados, fora das rotas naturais de quantos se deslocam de e para a Europa, porque condenados  a não podermos garantir a quem nos visita e a quem cá vive acessibilidades confortáveis e seguras.

Fomos coleccionando records negativos.  Única capital de distrito que não é servida por auto-estrada e única região do país sem transporte ferroviário de passageiros; campeã no desemprego e nos baixos rendimentos, etc... etc...

Hoje, cortado o ciclo de empobrecimento da região e de roubo dos rendimentos da maioria dos seus habitantes, apesar de nada termos ainda concretizado do que respeita às nossas muitas e legítimas aspirações, ainda assim respiramos melhor.

À direita mais retrógrada que alguma vez em democracia, tivemos no poder, sucedeu um governo suportado numa maioria que tem em comum a sua vontade de inverter os caminhos que as politicas de direita impuseram ao distrito e ao país e pôr fim aos crimes que nos últimos quatro anos foram concretizados.

Ainda não temos resultados mas os caminhos começam a inverter-se.

No próximo dia 14 de Dezembro, por agendamento do PEV, a Assembleia da Republica é chamada a discutir a necessidade de recolocar nos carris do distrito, o transporte de passageiros. 

É um pequeno passo? Pois, mas o caminho faz-se caminhando.


dj


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

É a Hora!



É a hora! 
   

    Terminado o período em que Portalegre "fecha para férias" era expectável que a cidade mostrasse algum dinamismo.
   Porque os poucos que fazem férias fora de casa já retornaram, porque se iniciaram as matrículas nas diferentes escolas do IPP - Instituto Politécnico de Portalegre e este ano há mais de duas centenas e meia de caloiros admitidos, porque também as escolas do ensino não superior começam a preparar o novo ano lectivo, porque se iniciou uma nova campanha eleitoral, muitos acreditávamos nessa possibilidade.
   Não é assim. A cidade, e o concelho, continuam a arrastar-se sem motivação e sem esperança.
   Claro que vamos assinalar a Feira das Cebolas, que diferentes atores locais procuram pôr em movimento esta massa amorfa e indiferente em que se transformou a nossa gente mas a verdade é que tudo isso não chega para levar a cidade, e o concelho, a alterarem a postura comatosa a que se remeteu já há muito.
   Neste Setembro em que os elvense assinalarão mais um ano do "seu" S. Mateus e Arronches prepara um evento que lhes permita assinalar as cortes realizadas naquela vila. Quando Marvão assinala com dignidade mais um dia do concelho e a Fundação Robinson voltará a marcar o nascimento de George Robinson, o município de Portalegre repõe a Feira das Cebolas e apresenta um programa de animação interessante. No concelho, como no distrito há movimentações mas, nada é suficiente para retirar as gentes lagóias da hibernação a que há muito se remeteu.
   Os mais cépticos dirão que as festarolas são apenas  fogachos para fazerem esquecer a situação (péssima) a que chegamos. Não deixam de ter alguma razão. Tanto mais que é sabido o risco de o município ter que recorrer às "pequenas tróicas" que a troco "de uns trocos" não deixarão de impôr novas obrigações aos portalegrenses. 
   Mas então não há caminhos diferentes dos que temos vindo a percorrer?
   Numa cidade e num concelho que, dizemos/dizem, não tem governo local e está há muito abandonado pelo poder central. Que não tem atividade econômica digna desse nome, que tem vindo a ser encerrado fábrica a fábrica, rua a rua, loja a loja, onde a maioria dos residentes/resistentes somo velhos só existe o caminho da rendição?
   Não pode ser! Se não existem poderes com capacidade e vontade, apostemos nos contra-poderes. Expulsemos a indiferença e o "deixa-andar" abandonemos a ação politica de café ou nas redes sociais e empenhemo-nos em ação construtiva e eficaz: façamos nós o que tem que ser feito e não desistamos da nossa cidade, do nosso território, das nossas vidas.
   É agora o tempo certo. Está na hora!

Portalegre,10-09-15
D.J.




quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Triste fado...




Ontem rei, hoje sem trono
cá ando outra vez na rua
entreguei o fato ao dono
e a miséria continua!
(António Aleixo)

Esta quadra de Aleixo ilustra na perfeição o nosso distrito neste início de Setembro.

Terminadas as festas em Campo Maior e no Crato, encerrada a "escolinha dos jotas" em Castelo de Vide, as diferentes figuras e em particular os figurões voltaram à "cidade grande" e procuram criar "factos novos" enquanto a comunicação social nacional, que só nos descobre quando os figurões por cá poisam, apontam os holofotes para os locais onde, dizem, a notícia acontece, mesmo que a "notícia" seja apenas o eco do que os poderosos gritaram.

Por cá  ficamos os de sempre: os norte alentejanos. Mais envelhecidos e fragilizados, mais pessimistas e cada vez menos disponíveis para acreditar que temos futuro. 

Os que há décadas nos enganam ou, no mínimo, exercem o papel de capatazes dos mandantes e na esperança de conseguirem algumas migalhas, procuram manter-nos dóceis seja pelo medo, pela cobiça ou pela descrença afadigam-se já na construção de discursos eloquentes, rebuscam a mil e uma promessas eleitorais nunca cumpridas, procuram junto dos generais partidários "a graça" de nova visita do(s) chefe(s).

Em tempo de campanha eleitoral (por isso tanto figurão nas festas do distrito)  os partidos do "arco da (des) governação apostam todas as fichas na procura de diferenças (inexistentes) nas propostas eleitorais, na leitura da situação do distrito, nas responsabilidades pela situação a que chegamos. 

Os partidos à esquerda procurarão fazer chegar as suas propostas a uma população cada vez mais descrente e eles próprios sabendo que num distrito que só elege dois deputados romper a teia do conformismo e o poder que o Jobs dão aos partidos que há quarenta anos repartem entre si as benesses do poder.

Tarefa hercúlea que tem que ser, de novo, desenvolvida.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Em jeito de conversa!


Castelo de Vide volta a ter  a “sua” universidade!

Iniciou-se na passada segunda-feira e durará até domingo a iniciativa que o PSD apelidou de Universidade de Verão e através da qual algumas dezenas de meninos e meninas filiadas naquele partido ou nas suas secções juvenis, tomam contacto com a nossa região e em particular com os bares de Castelo de Vide.

É uma semana dura, não tanto pelo trabalho ou pelo estudo mas porque as noites são longas e não fica bem dormitar quando uma qualquer tia ou um outro tio vem falar aos "universitários", particularmente se o tio/a ou tia for membro do governo. É que, o mais inocente cabecear pode pôr em causa o “tal emprego catita” muito bem remunerado e óptimo trampolim para voos mais arriscados.

Resultados práticos, existem sempre. Seja para a economia local que não fica indiferente à permanência de umas dezenas de jovens e aos “senhores professores” que por cá passam, seja para o partido organizador que sempre garante mais uns largos minutos de tempo de antena.

No distrito nada fica, nem sequer a certeza de que os ministros que durante esta semana por cá passam ficam a conhecer a trágica situação de quem cá vive.

Numa semana em que o distrito se afirma através da cultura do seu povo e da organização de eventos culturais capazes de atrair  muitos milhares (Festa do Povo – Campo Maior e Festival do Crato), este ajuntamento dos betinhos do PPD só não passa despercebida porque os grandes meios de comunicação social sabem bem que é preciso dar importância mesmo ao que a não tem!

Estamos conversados!

d.s.

sábado, 22 de agosto de 2015

 
Festa dos Artistas/festa de "artistas"

     Há hora em que escrevo, Campo Maior fervilha, estou certo, com a alegria dos homens e mulheres que mostram finalmente o resultado de milhares de horas de trabalho.
     A alegria da noite de enramar as ruas só é "travada" pelas dificuldades funcionais que a presença dos "mirones" acaba por impor. 
     A visão do que estará a ser essa noite faz-me retornar aos tempos em que, ainda criança, visitei pela primeira vez a Festa dos Artistas. Com os meus pais, junto a alguns outros arronchenses, envergando os fatos guardados para as grandes ocasiões, lá tomámos assento na "caminete da carrera" e rumámos a Campo Maior.
     Recordo o deslumbramento em que me colocaram quer a multidão onde me integrei, quer a beleza que emoldurava a vila que eu já conhecia mas despida de papel.
     Era um tempo em que a festa se realizava de sete em sete anos. Um interregno enorme mas que se justificava quer pelo custo das festas, em gente e em materiais, quer pela necessidade de não a banalizar.
     Por razões perfeitamente compreensíveis: a entrada em cena dos meios de comunicação que a proximaram do mundo, uma maior facilidade de angariar os meios económicos necessários, a afirmação do poder local democrático e a manutenção da vontade dos e das campomaiorenses entre outros, levaram à diminuição desse tempo de espera entre uma e outra edicção.
     Recordo algumas das sessões em que o mau tempo conseguiu num único dia destruir toda a ornamentação feita e a vontade inquebrantável daquele povo que teimava em repor nas ruas a beleza saída das suas mãos.
     Era esta a Festa dos Artistas. A festa feita pelo querer da população organizada rua a rua, a força da tradição e cultura de um povo de antes quebrar que torcer.
     Nos últimos anos a FESTA mantendo os mesmos níveis estéticos e artísticos, e o envolvimento das populações acabou por "mudar".
     A periodicidade que passou a estar ligada aos ciclos eleitorais e aos interesses partidários de quem pode decidir da sua realização, a "profissionalização" da sua gestão e promoção, começam a enredá-la em teias de interesses que extravasam a tradição e a cultura de um povo e, na minha modesta opinião, deixaram de ser a Festas dos Artistas para passarem a ser festas de "artistas".
     E no entanto, continuam lindas!

ds

domingo, 16 de agosto de 2015

Quando uma porta se fecha abre-se sempre uma janela!


Quando uma porta se fecha abre-se sempre uma janela.
Será?

     A afirmação que assumo como título deste texto, o último a ser subscrito como Coordenador da USNA/cgtp-in é a transcrição de um ditado popular usado na nossa região.
     A dúvida colocada é justificada tão só pela proximidade da data em que deixo a coordenação da União e procuro "acertar o passo" com o que quero que seja o meu futuro imediato.
     Os projectos, em particular os que deixaram de ser projectos de vida para se assumirem como o projecto de uma vida, como foi o caso, marcam-nos sempre, mesmo que o não queiramos admitir. Este não foi diferente, tanto mais que o Movimento Sindical de classe e a União fazem parte da minha vida desde a juventude. Foram a  família mesmo antes de ter constituído a minha família.
     Quando casei em 1980, quando nasceram os meus filhos, hoje com 34 e 31 anos, os meus dias ( e tantas vezes as noites) eram guiados a partir da velha sede da União, na travessa da liberdade, no edifício onde hoje está sedeada a delegação local do Novo Banco.
     Ali, com outros camaradas e amigos, desenhei o programa das comemorações do 1º de Maio de 1978 e com o Joaquim Miranda então à frente do Secretarado Distrital das UCP's e Cooperativas e o António Ramos do Sindicato Agrícola, preparámos a vinda e distribuição das máquinas agrícolas oferecidas pela União Soviética às cooperativas do distrito.
     Ali, com dezenas de outros camaradas, defendemos o edifício perante a turba enraivecida convocada pela CAP para o Rossio, naquela que seria a primeira manifestação da CAP a sul do Tejo.  
     Foi ainda a partir daquele edifício, onde estavam sedeados o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura, o Secretariado das UCP´s e Cooperativas e a União dos Sindicatos do Distrito de Portalegre, que planificámos, coordenámos e dirigimos a primeira Greve Geral realizada no pós 25 de Abril.
     Foram trinta e sete anos de intensa actividade em que percorri com muitos outros o caminho que une a minha condição de jovem acabado de deixar o serviço militar obrigatório (os vencedores do 25 de Novembro passaram-me de forma compulsiva à disponibilidade a 2 de Dezembro de 1975) e profundamente empenhado no processo revolucionário e em particular no desenvolvimento das Unidades Colectivas de Produção Agrícolas, ao homem que ultrapassou os sessenta, marido, pai e avô que continua a acreditar que os homens e mulheres, todos e todas hão-de um dia libertar-se das grilhetas e, como dizia o poeta refereindo-se ao Alentejo, hão-de cantar!
     Agora aos 24 dias de Junho de 2015, 37 anos depois daquela noite de Fevereiro de 1978, é preciso aprender a gostar de mim. Aprender a libertar-me dessa carapaça que me acompanhou ao longo de décadas e a tornar possível que sejam outros e outras, jovens, entusiastas e sonhadores a assumirem o seu papel.
     Procurar ( acreditem que não vai ser fácil ) estar disponível se solicitado sem atrapalhar quem ficou e assumir novos projectos e batalhas.
D.S
2015-06-24 
 
 
 

quarta-feira, 17 de junho de 2015

            A situação (gravíssima) vivida/sofrida na região Alentejo não se confina apenas a este território. A “crise “ económica e social atravessa “fronteiras” e ataca, também, com particular violência o território extremenho que é, sempre o foi, a continuação do Alentejo.
            Alentejo e Extremadura, mais concretamente os alentejanos e extremenhos, estiveram desde sempre irmanados pelas necessidades de sobrevivência. Primeiro face às guerras ditadas pelos interesses dos senhores feudais, depois, pelas politicas de rapina das periferias ditadas ao longo de décadas pelos governos centralistas de Espanha e Portugal.
            É verdade que derrubadas as ditaduras que durante décadas subjugaram os povos de Portugal e Espanha, os extremenhos conquistaram a autonomia politica para as suas gentes mas a recente chegada ao poder regional da direita politica já detentora do poder nacional, acabou por esmagar os muitos avanços alcançados pelos extremenhos.
            A situação é, também ali, de grandes dificuldades com 151.000 desempregados (30% da população activa) e uma elevada taxa de desemprego de longa duração (60%).
            Hoje 46% dos desempregados não auferem quaisquer apoios sociais e as famílias com todos os seus membros no desemprego atingem já 50.000 e estima-se que os desempregados em risco de pobreza atinjam os 40%.
            Extremadura é, actualmente a segunda região de Espanha com maior taxa de pobreza e a terceira com maior taxa de desemprego.
            Este retrato que não é diferente da situação que vivemos no Alentejo, é o resultado das politicas de roubo dos direitos dos trabalhadores e das populações que não só têm provocado um aumento significativo da pobreza e da desigualdade em amplas camadas da população como significam uma dramática deterioração dos serviços públicos e põem em causa as próprias instituições democráticas.
            Observando o que se passa na euro-região é fácil constatar que as politicas impostas por Madrid ou por Lisboa não têm quaisquer diferenças porque são iguais os objectivos de quem as impõe e são os mesmos os que delas se aproveitam.
            Hoje é claro, para extremenhos e alentejanos que a destruição de uma importante parte da estrutura produtiva da euro-região, a queda do investimento público e o aumento substancial da dívida pública de ambos os países, vão impedir a saída da crise e o futuro de várias gerações.
            Por todo o território a precariedade, a temporalidade a parcialidade involuntária foram-se apropriando do mercado laboral, provocando o aparecimento de situações de pobreza mesmo entre os que apesar de trabalharem não auferem o rendimento mínimo necessário para sobreviverem com dignidade.
            Num e outro lados da antiga fronteira politica as cada vez mais alargadas politicas de privatização (directas ou encapotadas) dos serviços públicos essenciais e o desbaratar do património do estado são instrumentos para favorecerem a acumulação e concentração do capital nas mãos privadas l e desvincular cada estado das suas funções sociais.
           As “reformas laborais” cujo objectivo confesso foi facilitar os despedimentos, a baixa dos salários, o roubo de direitos, o aumento da jornada laboral e o desmantelamento da contratação colectiva foram num e noutro lado da “fronteira” um ataque sem precedentes a um conjunto de direitos laborais e sociais consagrados constitucionalmente.
            A intensa ofensiva de ataques e acusações à acção sindical de classe, violando convenções internacionais mereceram denuncias junto da OIT e têm unido em sua defesa os trabalhadores extremenhos e alentejanos e os seus sindicatos de classe.
            A luta desenvolvida em toda a euro-região tem exigido a urgente implementação de politicas de crescimento económico, de estímulo à procura e de crescimento dos salários.
            Tal como no Alentejo, também na Extremadura existem recursos suficientes para recolocar a região nos caminhos do desenvolvimento económico e do progresso social e por isso, os sindicatos de ambos os lados da “fronteira” reunidos em Portalegre a 10 de Março último definiram desenvolver acções e lutas comuns em quatro direcções fundamentais à recuperação económica e social.

  • Primeira prioridade, a luta contra o desemprego. Sem emprego não há recuperação possível. São necessários planos extraordinários para apoiar a criação de postos de trabalho de qualidade na euro-região.
  • Reactivar a economia da euro-região. Sem actividade económica, sem consumo, não há recuperação nem há emprego.  Importa tomar medidas para restaurar o poder de compra dos trabalhadores e das famílias e apostar, num e outro lado da “fronteira” na reindustrialização porque é inegável a necessidade de projectos industriais fortes e sólidos que funcionem como locomotiva das nossas economias.
  • As infra-estruturas são vitais para o desenvolvimento que queremos pelo que é fundamental dar continuidade a obras que nunca se iniciaram ou ficaram suspensas:
    • A linha ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid;
    • A Plataforma logística do sudoeste;
    • O Trem de alta velocidade prometido entre Sines e Badajoz, com ligações a Beja e Portalegre;
    • A modernização da linha e recuperação do transporte de passageiros entre Abrantes e Badajoz,
    • A potenciação do comboio tradicional entre Alentejo e Extremadura com regresso do Lusitânia entre Madrid e Lisboa ao seu traçado original com a recuperação do ramal de Cáceres;
    • A finalização das estradas suspensas e em particular a IP8 e IP2, IC13 e estrada de ligação entre o Alentejo e Extremadura por Nisa/Cedillo;
    • A construção da Barragem do Pisão-Crato
    • Um plano de melhoria das transferências para Centros educativos e hospitalares
  • O reforço das políticas sociais e do Estado de Bem-estar que passa pelo fim da ofensiva contra os serviços públicos e o abandono ou desmantelamento dos serviços do interior em particular nos âmbitos sociais, da educação e da saúde.
            Todas estas acções podem e devem ser sustentadas pelos fundos comunitários, fundos do orçamento geral dos Estados e no caso extremenho, também da comunidade autónoma.
            Os trabalhadores de ambos os lados da “fronteira” e o seu movimento sindical não abdicam de serem actores do seu futuro.

Diogo Júlio Serra

(publicada na Revista Alentejo nº 38 de Junho > Novembro de 2015)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

 

CONTRA CORRENTE

            Desde há muito “virou moda” bater na Fundação Robinson.
            As diferentes forças políticas do concelho elegeram esta instituição da cidade como saco de areia para o seu apuramento enquanto boxeurs!
            As motivações não serão iguais mas o resultado é praticamente o mesmo: colocar sobre a Fundação Robinson as suas próprias frustrações e o resultado das suas debilidades técnicas e políticas.
            É também perfeitamente claro que muitas vezes a Fundação se tem “colocado a jeito”. Vejam-se a quase ausência de relações comerciais com as empresas do concelho, o “abandono” nunca explicado do que era o seu projecto inicial, a pouca informação e a “má imprensa” que cultivou ao longo dos anos, as dificuldades em explicar à cidade e ao concelho as diferentes opções que foi tomando, mesmo quando era fácil mostrar as vantagens de tais opções.
            Neste momento assiste-se ao incentivar das campanhas anti-Fundação, insistindo-se em apresentá-la como culpada pelo incumprimento permanente em que a autarquia se mantém: com as freguesias, com as instituições culturais e desportivas, com os seus fornecedores e os seus cidadãos. A Fundação é acusada de sugar os subsídios de outras colectividades e de, ela própria, ser subsio-dependente necessitando de subsídios da autarquia até para pagar os vencimentos dos seus trabalhadores.
            É tudo mentira? Não. Até porque como dizia o poeta,  “para a mentira ser segura/ e atingir profundidade/ tem que trazer à mistura/qualquer coisa de verdade”.
            Se a discussão (que deve/tem que ser feita) tivesse como objectivo a defesa do concelho e a necessária e desejável preservação da memória da “fábrica da rolha” e da actividade corticeira em Portalegre, muito diferente teriam que ser os discursos quer do Executivo Municipal quer das forças politicas nele representadas.
            O muito que há para dizer e sobretudo para (continuar a) fazer poderá não se inscrever nas estratégias politico-eleitorais de cada uma dessas forças mas ajudaria certamente à compreensão de todo este processo.
            Neste início de 2015, quando as diferentes forças politicas alinham já as suas agendas com os olhos postos nos diferentes actos eleitorais, não poderemos aspirar a posições diferentes das habituais tiradas demagógicas com que uns e outros visam fixar as franjas do eleitorado que cada uma elegeu já como seu. E no entanto todos ficaríamos a ganhar se o caminho fosse diferente.
            Todos os portalegrenses ganhariam se a Câmara Municipal quebrasse o ruidoso silêncio a que se remeteu e viesse explicar as causas que levaram a Fundação a ter que solicitar ao Executivo Municipal que assuma mensalmente o pagamento dos funcionários da Fundação.
            Deveria ainda informar os seus munícipes acerca dos projectos e das obras em que a Fundação se substitui à Câmara e quais as razões que o impõem. O facto da Fundação ter sido agora, mais uma vez, a entidade capaz de garantir o financiamento para as infra-estruturas do espaço Robinson, poderia a ajudar nesse esclarecimento.
            Também os partidos e movimentos que nas últimas décadas passaram pelos diferentes executivos deveriam substituir a guerrilha em que se têm envolvido pela informação séria e necessária a podermos avaliar o seu comportamento e em particular:
            - Quantos dos seus membros e durante quanto tempo participaram nos órgãos e nas decisões da Fundação?
            - Quantos dos seus membros e durante quanto tempo estiveram nos Executivos Municipais que (dizem) usou a Fundação para fugir ao controlo democrático do próprio Executivo e da Assembleia Municipal?
            - Que defendem, de facto, para a Fundação Robinson?
            Se assim agissem certamente todos (munícipes, autarquias, fundação) estaríamos melhor preparados para ajuizar os passos dados e definirmos o futuro da nossa comunidade.
            Já agora, seria igualmente interessante saber o que cada força política conhece e defende em relação ao ICTVR-International Center for Technology in Virtual Reality.

 

Diogo Serra