quarta-feira, 11 de dezembro de 2019


 “Black Friday”, um fim-de-semana de cinismos e 
os Lagóias!

   Na última sexta-feira o país voltou a ser submerso por propaganda consumista, cuja finalidade foi transferir dos nossos bolsos para os cofres capitalistas alguma “migalha” que ainda nos restasse.
    Nos dias que se seguiram, não fossem sobrar alguns cêntimos, os mesmos capitalistas, agora apoiados pelas Jonet(s) da nossa praça, pelo inquilino de Belém e pela comunicação social nacional, instaram-nos a aumentarmos os lucros dos grandes espaços comerciais e as receitas do Estado,  apelando à nossa generosidade para, em nome dos pobres, apoiarmos os que se promovem com a  caridadezinha.
    Se, no que se refere ao primeiro caso, a “Black Friday,” o estimulo consumista se baseia apenas na aculturação a que somos sujeitos pelos “partidários do Tio Sam”, no segundo caso, esse estimulo é sustentado pela necessidade real de “acudir” a quem, de outra forma, poderá não conseguir sobreviver.
    Mas se é verdade que os “estímulos” variam, não é menos verdade que a sua origem tem a mesma raiz. O Capitalismo e a sua ânsia de concentrar nas mãos/bolsos de uns poucos, a riqueza que é de todos. Não será por distração ou desconhecimento que os promotores de qualquer um dos citados episódios optam pelo “espectáculo” mediático e pela caridadezinha em vez de apostaram em políticas e acções que ponham termo à vergonha de haver em Portugal 2,2 milhões de portugueses que vivem no limiar da pobreza; entre estes, mais de 110 mil pessoas que são pobres trabalhando.
    Os números divulgados mostram que cerca de 2 milhões de trabalhadores portugueses auferem o salário mínimo, cujo tímido aumento foi recentemente apelidado pelo Sr. Presidente da Republica de “razoável” mas que é, na realidade, em 2019, somente 118 euros mais do valor auferido há 45 anos (!) atrás quando foi instituído pela primeira vez.
Entretanto, por cá, a “nação Lagóia” é entretida com discussões de não - assuntos, casos da anunciada demolição do monumento aos dadores de sangue, de forma a não “reparar” nos caminhos para onde a política municipal nos vai conduzindo.
    De facto, quando a discussão se faz à volta do mero anúncio de uma medida isolada cujo suporte orçamental é de um euro (?) apenas no Orçamento, que ainda não se sabe sequer se vai avançar, só pode ser encarada como “manobra de diversão”.
    Manobra e encobrimento de intenções, desde logo por parte da minoria que “governa” o concelho, e que, desde há muito, perdeu o “I” que ostentava na sua sigla inicial.
    Uma “minoria” (ainda o será?) que não quer ou não consegue ter o Orçamento Municipal aprovado. Que não cumpre as decisões dos órgãos deliberativos (como são a obrigação de orçamentar e promover o Orçamento participativo), que permite a saída da única farmácia que serve grande parte da cidade velha e o Atalaião, que omite informação aos munícipes, aos eleitos nos diferentes órgãos autárquicos e à própria Assembleia Municipal e qual clube de futebol endinheirado, alicia “jogadores de clubes adversários” para conseguir “fazer passar o seu jogo”.
    Impõe-se a questão. Será apenas a “minoria” (e será minoria, de facto, ainda?) a lucrar com tais “manobras de diversão”? Importa saber se algumas das” maiorias pontuais” que fomos conhecendo são apenas correspondências locais do (e)feito Joacine ou o que assistimos é, usando a terminologia do pós -eleições autárquicas,  a rendição “dos citadinos” perante o “poder rural” .
    O tempo, como sempre, esclarecer-nos-á!

Diogo Júlio Serra

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Quem nos defende?

Manif "secos e Molhados" foto de Ochôa-Expresso


Quem nos defende? Dos outros e de nós.*


Nos últimos dias a pacatez alentejana foi abalada por um conjunto de incidentes em que a violência empregue põe em causa a calmaria que gostamos de exibir.
Um grupo de cidadãos forçou a entrada no quartel dos bombeiros de Borba, perseguiu os bombeiros que ali pernoitam e destruiu equipamento.
No dia seguinte, em Elvas, um outro cidadão agrediu verbalmente e vandalizou uma viatura dos Bombeiros daquela cidade.
Em Campo Maior, dois alunos da escola local ambos com dezasseis anos, desentenderam-se e um deles agrediu com violência a sua colega que transportada para o hospital distrital teve que ser evacuada para um Hospital Central de Lisboa onde ainda se encontra numa situação que inspira cuidados.
Três incidentes, todos eles com alguma gravidade e que acabaram por “interessar” a comunicação social local e nacional e passaram a ter presença “obrigatória” nas redes sociais.
Em todos os casos as forças de segurança chamadas a intervir, fizeram-no com o zelo e a rapidez necessárias tendo os seus autores sido identificados e os respectivos processos remetidos às autoridades judiciais.
Tudo estaria então encerrado ou pelo menos correctamente encaminhado não fosse o caso de nos dois primeiros incidentes os alegados autores serem membros de minorias étnicas e o terceiro envolver filhos de emigrantes, a vitima, e ter acontecido numa escola.
Os locais e os envolvidos, mais que os actos de “banditismo e violência” despoletaram uma campanha de ódio, com manifestações de xenofobia, racismo e intolerância extrema.
Ao “julgamento” popular onde a “sentença” era a esperada condenação, sucederam-se as indicações de pena, cada uma delas mais violenta do que o “crime cometido”: prisão perpétua, esbulho dos rendimentos, expulsão do nosso (e deles) país, espancamento ou assassinato puro e duro… e, pasme-se, não apenas para os alegados culpados mas para toda a sua comunidade.
O discurso do ódio saiu dos baús onde alguns o têm guardado e invadiu as redes sociais e as nossas casas. Impôs-se nas conversas de café e de comadres e colocou na agenda política a “necessidade” de alimentar/reforçar os grupos políticos organizados que na clandestinidade ou já com assento parlamentar sonham com novas “Noites de Cristal” como a que ocorreu em Berlim a 9 de Novembro de 1938.
É óbvio que não pretendo branquear o que aconteceu em cada um dos três casos aqui tratados ou nos muitos outros casos que sem o conhecimento mediático vêm acontecendo diariamente em diversas localidades do nosso distrito. Pretendo tão só recordar que os três casos aqui trazidos e todos os outros que alimentam o discurso do ódio e da intolerância são problemas de “bandidagem” e portanto casos de polícia. Têm a ver com actividades criminosas de indivíduos e não dependem nem da cor da pele, nem da origem étnica nem do local onde nasceu quem as comete.
Tem a ver, fundamentalmente, com a incapacidade do Estado Português cumprir as suas obrigações e fazer cumprir as suas próprias leis e deve-se às políticas de desinvestimento em meios humanos e materiais em todo o sector público (saúde, ensino, justiça…) e, também, nas nossas forças de segurança.
E o problema maior é que continua a fingir que nada se passa enquanto alguns de nós continuamos a pactuar com estas políticas e mobilizamo-nos depois não para as combater mas para alimentar quem as possa perpectuar.
Resta-nos responder à questão com que titulámos este texto.
Quem nos defende?
A resposta é fácil: o Estado de Direito, a Democracia que construímos e de que devemos cuidar!
Diogo Júlio Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo de 20-11-2019

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

É Preciso Acreditar...


ACREDITEMOS!

Com a contagem e publicação dos resultados da votação dos portugueses residentes fora de Portugal está terminada a eleição para a Assembleia da Republica, faltando apenas a “construção” e tomada de posse do governo que resulta da nova composição parlamentar.

O Partido Socialista reforçou as suas posições e foi com naturalidade que assistimos à indigitação de António Costa como primeiro-ministro e recebemos o anúncio das personalidades que irão formar o próximo governo. Naturalidade que se estende às posições de algumas dessas personalidades e do próprio primeiro-ministro quando em causa estão as politicas para o interior, sejam no que se refere aos anseios da Ministra dita da Coesão seja na forma “esquisita” de estender os 2% que dizem ser para a Cultura aos agentes culturais do Alentejo.

No que ao nosso distrito se refere constatámos o reforço das posições do Partido Socialista que saiu vencedor em 14 dos 15 concelhos e elegeu os dois únicos deputados em disputa.
Também aqui o Partido Socialista acabou por recolher os louros duma governação suportada à esquerda sem pagar qualquer custo pelas derivas à direita (como no caso da legislação laboral) ou pela prática de cativações sucessivas que funcionavam na prática como desinvestimento cego.

Independentemente das razões, dos méritos e deméritos o Povo falou – está falado!

Agora é hora de procurarmos encontrar os caminhos capazes de travar e inverter o trajecto que nos conduziu à situação actual. Caminho só possível se conseguirmos perceber que o diminuto peso eleitoral só poderá ser ultrapassado pela força da unidade na acção e esta só será conseguida se soubermos definir objectivos claros e capazes de, à sua volta, consensualizarmos vontades.

Sempre defendi que num distrito como o nosso onde em cada dia que passa vimos alargar o fosso que nos separa mesmo da outras sub-regiões alentejanas, é absolutamente necessário encontrar “bandeiras” que nos permitam caminhar juntos se não na totalidade do caminho pelo menos, nos principais dos seus troços.

Aos deputados eleitos, aos candidatos não eleitos, às diferentes forças partidárias, sociais e económicas exige-se agora que orientem a sua acção para travar e inverter a caminhada para o desaparecimento.

A viragem necessária não será conseguida se continuarmos, todos, satisfeitos com os nossos resultados e os do nosso grupo e a trabalharmos não para o bem do território que é o nosso mas para obstaculizarmos o caminho dos nossos adversários. Esse tem sido o caminho que nos conduziu até aqui.

O caminho tem que ser outro. Um caminho onde alguns, os que tem responsabilidades acrescidas por serem poder, não podem continuar a fazer-se notar pela falta de comparência e os outros a satisfazem-se só por demonstrarem que eles “estão lá!” mesmo que dessa postura não se consiga tirar nada!

O caminho que urge construir e percorrer impõe que cada grupo consiga separar os interesses do seu grupo e da nossa região se, nalgum momento, eles forem contraditórios e mais, que os deputados e outros eleitos possam afirmar-se como porta-vozes dos interesses e aspirações da região que os elege em vez de “megafones” do partido ou do governo.

É um caminho novo. Terá muitos escolhos a vencer mas tem que ser percorrido… Por todos!

Diogo Júlio Serra

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

E agora? Agora é não perdermos o foco é estar onde pertencemos...










Não há machado que corte a raiz ao pensamento...




Algumas horas depois de termos contado os votos e constatado quer a vitória do Partido Socialista no país e no distrito quer a perda de deputados e de votos da CDU  quero, enquanto Mandatário Distrital da CDU, reafirmar o enorme orgulho com que aceitei e desenvolvi essa tarefa.

Posto isto, quero parabentear os vencedores e, renovando o abraço que enviei, ainda ontem, ao Deputado Luís Testa estendê-lo ao Deputado eleito Ricardo Pinheiro e às estruturas distrital e locais do Partido Socialista.

Saudar todos os candidatos do distrito que de forma empenhada procuraram levar a todos as suas ideias e propostas.

Saudar particularmente todos e todas que integraram a “equipa CDU”- os mandatários concelhios e da juventude, os dirigentes regionais dos partidos que integram a coligação, o PEV e o PCP, as muitas dezenas de activistas da CDU na sua esmagadora maioria não filiados em quaisquer dos partidos que a formam e as candidatas e os candidatos que deram o rosto e a voz à CDU no distrito de Portalegre.

Por último uma saudação aos trabalhadores e população do distrito. Aos que nos entregaram o seu voto e aos que ainda não conseguiram dar esse passo e o reafirmar solenemente que as propostas que apresentámos, mesmo não sendo eleitos, não serão letra morta elas serão assumidas pelos dois grupos parlamentares dos partidos que integram a CDU e tal como no passado ecoarão na Assembleia da Republica.

Aos nossos eleitores o reavivar da certeza de que os votos que nos foram confiados, não foram votos desperdiçados. Não elegeram, agora, deputados mas serão alavancas poderosas no combate que continuará!

O tempo é agora, no nosso seio, um tempo de discutir, refletir, alterar, corrigir, inovar e afirmar princípios e valores e, sobretudo, de continuarmos a estar onde sempre estivemos e continuaremos. Com os trabalhadores e as populações a lutar pelos seus/nossos direitos. A exigir que possamos romper a camisa-de-forças do subdesenvolvido que nos vem sendo imposta.

E porque assim será encontrar-nos-emos já nas próximas lutas!

Vivam os trabalhadores e a população do Alto Alentejo!

Diogo Júlio Cleto Serra

sábado, 5 de outubro de 2019

A formiga no carreiro vinha em sentido contrário...


A Formiga no carreiro vinha em sentido contrário…

Em artigo publicado no Alto Alentejo de 2 de Outubro o líder da bancada CLIP na Assembleia Municipal vem, de novo, afirmar a “superioridade CLIP” face à totalidade dos portalegrenses.
 - Não se interessam sobre o que ele e os seus pares dizem e fazem na Assembleia Municipal e, presume-se, também no seio do executivo municipal.
 - A oposição que, diga-se em abono da verdade, representa mais do dobro dos portalegrenses que confiaram o seu voto ao CLIP, não está interessada em mais nada que não seja a politiquice e o assalto ao poder.
Ele e os seus pares sim! Não só estão firmemente empenhados em defender Portalegre e os portalegrenses como, inteligentes que são, conseguem ver para além do que os opositores anunciam e exibem. Por isso sabem bem quando os seus opositores, que são a maioria, pretendem atingir fins diferentes dos que anunciam ou como entre esses opositores às políticas CLIP há os “anjinhos” que se deixam “rasteirar pelos mauzões” que ele “conhece bem” e já muitas vezes lhes fez julgamentos de carácter.
Quanto ao resto está tudo bem! A governação CLIP é, como sempre o foi, exemplar. E se não é melhor é porque os “malandros dos oposicionistas” não sabem ou não querem marchar com e como o CLIP.
Que o Movimento CLIP já teve a maioria quer na Câmara quer na Assembleia e as destruiu (como está a fazer com a cidade e o concelho) não sabe, ou não diz.
Que o Executivo Municipal não cumpre as mais elementares regras a que está obrigado para com a Assembleia Municipal e o concelho, não sabe ou não diz.
Que o concelho não possui os principais instrumentos de gestão autárquica (entre os quais o Orçamento) por manifesta incapacidade da minoria que governa a Câmara, não sabe ou não diz.
Que a incompetência do executivo e do grupo que o apoia na Assembleia Municipal é de tal monta que veem chumbados os pedidos de empréstimos que o concelho precisa por enviarem para aprovação documentos fora de prazo e por isso ilegais, não sabe ou não diz.
Que o concelho e a cidade estão a pagar um preço exorbitante por terem optado por escolher um grupo de cidadão que se apresentou como livre e independente mas cedo mostrou sofrer dos piores vícios que atribuía aos partidos políticos e ao contrário destes não possuir mecanismos de controlo capazes de refrear os amantes do “quero, posso e mando”, nada diz.
O líder de uma bancada municipal “muda” vem agora gritar para o jornal que existe. Só não diz que o “Movimento” que preside o executivo municipal há muito deixou de ser (se o foi alguma vez) Candidatura Livre e Independente por Portalegre para se assumir como a CLP – Comissão Liquidatária de Portalegre!
Não o permitiremos!


quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Quo Vadis Portalegre ?


Quo Vadis Portalegre?

…volta à barriga da mãe
Que em boa hora o pariu
Agora ninguém mais cerra
As portas que Abril abriu!
(Ary dos Santos in As Portas que Abril abriu)


A habitual pacatez local vem, de quando em vez, a ser abalada pelos megafones do poder.
Geralmente trata-se tão só de precauções de quem, no nosso município, sendo força minoritária pensa e age como se fosse detentor do poder absoluto e, não tendo pão para distribuir, pretende potenciar o “circo”.
É, de novo, a actual situação.
A força politica que, embora em minoria, preside o executivo municipal não entende as razões que a levaram a desbaratar maiorias e como a mãe que na história via o seu filho/soldado a marchar bem embora de forma diferente dos restantes 3 mil que marchavam , também colocou os seus megafones a gritar que ela-CLIP, é que está a marchar bem …embora em contramão com todas as forças políticas restantes, incluindo as que chegaram a estar ao seu lado na governação da cidade e concelho.
Tudo isto a propósito da legítima e fundada decisão da vereação ter decidido chamar a si os poderes que no início do mandato havia delegado na Presidente da Câmara Municipal.
A partir daí intensificou-se a campanha de vitimização e a tentativa de colocar nos outros a responsabilidade do que não é feito (e é muito) por incapacidade ou incompetência de quem “governa” o concelho.
Ora o que foi feito (e a meu ver bem) foi tão só que a maioria dos vereadores em exercício de funções decidiram revogar a decisão que eles mesmo haviam tomado de delegar na Sra. Presidente as competências materiais da câmara e assim, estas retomaram às atribuições do executivo municipal.
Pretendem com isto, na óptica do vereador Luís Pargana  “a transparência nos procedimentos, que as decisões deixem de ser tomadas às escondidas e ao acaso. Pugnar pela lógica do interesse público nas gestão dos dinheiros públicos, evitando a lógica dos “favorzinhos”…O que se pretende é defender Portalegre e os portalegrenses”
- É uma tragédia, gritam os megafones do poder. Agora vamos atrasar tudo. Os investidores não terão respostas atempadas! Os gatinhos não poderão entrar no gatil! A mais insignificante autorização demorará uma eternidade! Etc.. etc…
Será assim?
Como foi até agora?
Os investidores tiveram sempre resposta célere? As autorizações eram automáticas?
Os gatinhos tinham entrada num gatil que não têm “vagas”?
Se as reuniões do executivo passarem a ter periodicidade semanal (como sucede em inúmeros municípios) não se colocarão nenhuns constrangimentos a não ser aqueles que se colocam à Sra Presidente e à vereação a tempo inteiro quando são obrigados a partilhar a decisão e a ouvir os restantes eleitos que…no nosso caso são a maioria!
Penso, sinceramente, que Portalegre e os portalegrenses ficarão melhor. Até a Sra. Presidente lucrará.
Ficando liberta daquelas competências ganhará o tempo necessário para poder cumprir com o que lei lhe impõe que é a elaboração e apresentação à Assembleia Municipal do Orçamento para 2019, que ainda não temos ou, quem sabe, para dar mais atenção à elaboração das propostas que submete à Assembleia e que por incorretamente elaboradas (algumas de legalidade muito duvidosa) lhe têm merecido chumbos sistemáticos e bastas vezes, a acusação de incompetente.
Não se justificam, a meu ver, as incomodidades vindas a público e muito menos as manifestações de vitimização e as tentativas de atirar para os outros as responsabilidades que são “monopólio” do CLIP e dos seus eleitos.

Diogo Júlio Serra
publicado no Jornal Alto Alentejo de 2-10-19
 

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

PORTALEGRE É UMA TERRA EM POUSIO!



PORTALEGRE É UMA TERRA EM POUSIO!

Foi assim, afirmando-a em Pousio, que um ilustre concidadão de regresso (ocasional) à nossa cidade se lhe referiu.
Médico brilhante nascido nas Carreiras mas há muito radicado em Coimbra, não abdica de marcar presença no território onde nasceu e cresceu, onde tem familiares diretos e mantém, como reafirmou, os seus melhores amigos, nem de ajudar, no que lhe é possível e sempre que solicitado, a pôr esta terra a “produzir”.
Assim aconteceu agora. Aqui retornou para assumir a Presidência do Conselho de Fundadores do IDECI – Instituto para o Desenvolvimento, Cultura e Ciência, recentemente criado e sediado em Portalegre e que no passado dia 14 de Setembro empossou os seus primeiros órgãos diretivos em sessão que decorreu no IPP – Instituto Politécnico de Portalegre.
Portalegre é uma terra em pousio e, acrescentou, provavelmente nem á assim tão mau…
O oftalmologista brilhante mostrava-nos, desta forma, manter viva a ruralidade de quem nascido em Portalegre, na freguesia das Carreiras, aprendeu desde cedo que a terra alentejana, quando em pousio não estava abandonada mas, tão só, a recuperar “energias” para quando “agriculturada” melhorar a sua produtividade. Daí a afirmação de “esperança” transportada na frase formulada e a disponibilidade assumida para voltar a Portalegre e com outros portalegrenses da diáspora integrar o projeto IDECI e usá-lo como semente e alfaias para tirar do pousio a “Cidade Branca”.
Que todos queiramos seguir tais exemplos e desde logo consigamos que a constatação da realidade - Portalegre uma cidade e um território paralisados – não sejam vistos como um território morto mas tão só um território em espera: em pousio!
Que saibamos e queiramos, depois, encontrar a força necessária a transformar a situação constatada e na conjugação de vontades e saberes, com unidade na ação, transformar a “terra em repouso” em unidade produtiva de projetos, de saberes, de atração de pessoas e de investimentos.
Eu, portalegrense nascido num concelho onde a Esperança é nome de terra mas onde até essa terra (como o sonho) têm sido bastas vezes traídos, continuo convencido que “a esperança é a última coisa a morrer” e por isso (também) integro-me neste projeto que pretende pela cultura e pelo saber arrancar Portalegre do pousio onde alguns “latifundiários” a colocaram e entrega-la como terra preparada ao serviço das suas gentes.
 Que saibamos romper com o pousio em que também nos deixámos colocar e façamos acontecer o presente e o futuro que desejamos e merecemos.

Diogo Júlio Serra

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Aprender, Aprender Sempre!



Aprender, Aprender Sempre!

Agosto apresentou-se, este ano, aquecido pela vontade das televisões e outra comunicação social em promoverem um conflito laboral à condição de mão visível do “tal demónio” anunciado em 2015 pela direita derrotada e que teima em não aparecer.
Até aqui tudo “normal”. Assim tem sido com os incêndios florestais, com o (não) funcionamento dos hospitais e dos transportes públicos de passageiros, com a falta de profissionais de saúde, da resposta dos diferentes serviços públicos com a falta de...de...de...!
Anormal ou “novidade” foi, a necessidade sentida pelo governo central de eleger a “greve” de um grupo de trabalhadores liderados por um “sindicato” de nascimento recente, como palco privilegiado para se mostrar como o mais musculado e capaz instrumento de aplicação de politicas pr´o capital e do esmagamento de quaisquer resistências.
Quanto ao resto tudo normal!
O mesmíssimo ódio de classe sempre presente quando a luta de classe muitas vezes adormecida, se faz sentir com maior visibilidade;
O velho preconceito burguês contra todos os que trabalham e, sobretudo contra os que insistem em reclamar direitos e exigir o cumprimento de normas constitucionais;
A (re) conhecida incapacidade dos partidos do centrão e da direita, que gostam de se auto-proclamar do arco da governação, mas que cada vez mais reconhecemos como do arco da prepotência e, tantas vezes, da corrupção, em separar-se do amiguimismo, dos privilégios e da “segurança” que lhes  garantem o capital financeiro e os capatazes internacionais.
Apesar de ter sido mais do mesmo, sejamos capazes de extrair dela preciosas lições para o nosso futuro próximo:
·         A possibilidade de anteciparmos o que nos poderá suceder (trabalhadores e país) se permitirmos o regresso ao poder das maiorias de um só partido ou coligação e em particular uma maioria do partido socialista;
·         Podermos perceber que o mesmíssimo governo que permitiu a reunião em Lisboa, de uma internacional fascista, criou no mesmo dia em que tal demonstração fascista acontecia, um gabinete de emergência para, coordenar a intervenção governamental destinada a esmagar... a “greve” de um grupo de trabalhadores que a haviam convocado, ao abrigo do direito português e internacional;
·         Tomar partido ao lado do patronato e nessa vontade de esmagar opositores, recorrer à utilização das forças armadas, das forças policiais e de segurança para substituírem e pressionarem os grevistas;
·         Dar continuidade a posturas anteriores de utilização da comunicação social, também ela propriedade dos grandes grupos económicos, para lançar o alarmismo e virar a opinião publica contra os que lutam como já havia sucedido com lutas anteriores como foi o caso, entre outras,
das lutas dos professores, dos estivadores e dos trabalhadores da auto-europa.
·         O podermos testar o papel que podem jogar contra a democracia, a demagogia e o populismo e percebermos melhor as razões e os objectivos dos que os criam, os alimentam e os promovem;
·         O podermos ver “a olho nu” que não existem diferenças entre PS/PSD/CDS e patrões quando a opção que se coloca é entre o capital e o trabalho.
Pelo meio, também é motivo para aprendizagem, o conjunto de idiotas úteis que replicam o argumentário da direita e da extrema direita ou que são contra só porque sim ou porque as palas partidárias não lhe permitem espraiar o olhar.
Não podemos, nunca o farei, alhear-nos do contexto em que tais acções e lutas ocorrem e do facto de muitas delas, estarem coladas à vontade de alguns em verem apresentar-se o demónio que vaticinaram e esperam.
Porém, apesar disso ou por isso mesmo, seria um erro enorme minimizar a força dos grupos que dentro ou fora do governo e do partido de onde emana procuram atingir.”dois coelhos numa só cajadada”: rever (piorar) a Lei da Greve e alcançar a tão desejada maioria no próximo 6 de Outubro.
Voltando ao título utilizado continua a estar bem presente a frase com que Lenine titulou um seu escrito; Aprender, aprender sempre!

Diogo Júlio Serra

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Acordemos!




Acordemos. Ainda é tempo!


Quando a direita afastada do poder pela ação unida das forças de esquerda conspirava, cá e lá fora, para conseguir a vinda do “Demo” fosse através do fogo posto fosse através da reposição das mesmas “técnicas” que havia colocado nas ruas em 1975, muitos de nós (eu incluído) respondíamos com o sorriso ou com a convicção de que se o quisermos poderemos travar o caminho para o abismo e garantirmos um futuro para Portugal e para os portugueses.
Não tivemos em atenção (penso) que o fascismo derrotado há 45 anos não foi extirpado da nossa sociedade e que, na “clandestinidade” onde se refugiou foi refinando as bases conspirativas, granjeando apoios, comprando aliados, infiltrando e catequizando a direita defensora e ganhadora dos privilégios e dos capitais sugados ao povo e ao país.
Não estivemos (todos) suficientemente atentos!  
Muitos defensores da democracia política mas também do sistema capitalista e ávidos das migalhas que lhes destinavam não viram ou fecharam os olhos às consequências que adviriam das posições que iam permitindo ou mesmo operacionalizando.
E tudo começou logo no próprio dia de Revolução quando os capitães vencedores deram palco a generais anti-Abril e continuou quando em nome da “reconciliação” se abriram as portas e  os bancos aos “donos disto tudo” e fosse em nome dos interesses do grande capital, fosse pela “cegueira politica e o preconceito”, se apostou “no partir a espinha à Intersindical” em vez de, como lhes competia, garantirem o cumprimento da Constituição que alguns juraram e todos estamos obrigados a respeitar.
Os resultados estão agora aí! As corporações que alimentaram vêm agora à rua procurando tirar partido das situações que armaram. Os “arremedos” de sindicatos que criaram e mimaram (os sindicatos amarelos, os paralelos e os paralelos dos paralelos) são agora aproveitados para à margem das leis e da moral, credibilizarem no terreno as palavra de ordem de caos e tragédia que os DDT ditaram para as suas marionetas difundirem.
As falanges fascistas que alguns teimaram em não ver e que foram renomeadas em extrema-direita, agora alojadas em diversos órgãos de poder, sentem-se já suficientemente fortes para se fazerem ouvir em vários patamares da nossa sociedade e em particulares no seio das forças policiais e de segurança.
Chegados aqui a questão que se coloca, o que se nos coloca é optar se continuamos ocupados a gerir o nosso próprio umbigo ou se nos concentramos no que é preciso. Se continuamos a afirmar “No pasa nada” e fingimos não perceber os ataques que visam a destruição do Serviço Nacional de Saúde, as ações concertadas que visam a destruição de direitos e a criminalização de formas de luta de quem trabalha, o controlo ou no mínimo o condicionalismo das forças de segurança pela intervenção de comandos fascistas ou pomos mãos à obra dando combate politico e legal a quem não cumpre Abril?
Dito de outra forma e parafraseando um Revolucionário que foi primeiro-ministro de Portugal é preciso saber quem está com Abril e quem está contra Abril!
E agir em conformidade!

Diogo Júlio Serra

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Apresentação da Cabeça de Lista e do Mandatário da CDU




Saudação a todos e todas!
Os que estão e os que hão-de chegar
Permitam-me que num gesto de alegria e vaidade possa partilhar convosco o orgulho enorme em esta aqui.
E sobretudo pelo reconhecimento de que a CDU ao convidar-me para mandatário distrital da sua candidatura por Portalegre, me ter dado a honra de poder continuar a intervir,  com o meu modesto contributo, para podermos um dia concretizar o sonho de podermos viver e trabalhar no território onde nascemos ou que elegemos para viver e, também para, a partir daqui intervirmos na construção do País que sonhámos e queremos: Livre, Democrático, Soberano e Justo!
Hoje é para mim e penso, sê-lo-á também para o nosso distrito, um dia de grande significado por três motivos diferentes:
·         1º Portalegre, mais propriamente o nosso IPP acolhe hoje e amanhã, uma importante iniciativa: A MOSTRA  - economia circular;
·         2º A União dos Sindicatos do Norte Alentejano – Estrutura sindical de classe e polo de resistência e construção de futuro, comemora o seu 44º aniversário;
·         3º Aqui e agora damos início a um caminho que pretendemos nos leve a dar vida e voz ao Norte Alentejano e coloque na assembleia da república (de forma directa) as aspirações e propostas do distrito de Portalegre.
Hoje estivemos aqui aqui, para iniciar um caminho que pretendemos nos leve a retomar no Parlamento o lugar que ambicionamos e merecemos.
Ambicionamos porque reconhecemos que não serão os executores ou apoiantes das políticas cujos resultados bem conhecemos os mais indicados ou capazes de alterar o rumo para onde nos tem conduzido.
Merecemos porque temos dado sobejas provas de trabalho, de honestidade e competência em defesa das políticas que defendemos e o distrito precisa.
Quarenta e cinco anos depois do Abril que permitiu todos os sonhos, o nosso distrito está atirado para uma situação de quase não retorno aos caminhos do desenvolvimento e da prosperidade.
A situação demográfica é um nítido retrato.
Entre 1960 e 2015 o distrito de Portalegre perdeu 17.992 habitantes que percentualmente quase atinge os 10% (9,54%) mas que pode ser referido de forma mais drástica:
Durante este período a perda de população corresponde à totalidade da população (ao dia de hoje) dos concelhos de: Portalegre - 23.175; Elvas-21.571; Ponte de Sôr - 15.709; Campo Maior - 8.214; Nisa - 6.649 e Monforte - 3.129.
Ou, dito de outra maneiras as perdas sofridas correspondem a cerca de 70% da população actual.
 Uma situação que se irá agravar estimando-se que em 2021 tenhamos apenas 109.994 habitantes.
Este retrato (e ao contrário do que muitas vezes nos querem fazer crer) é a consequência das políticas erradas ou deliberadamente decididas contra o chamado interior que, no nosso caso, é o interior do interior.
Este retrato é o resultado da destruição do nosso aparelho produtivo:
De cidade industrial passamos a cidade de arqueologia industrial. De território agrícola e de produtos de excelência a território diariamente envenenado.
Um território de onde são retirados os serviços públicos, encerradas as vias ferroviárias e esquecidas as rodovias, e onde, as políticas demissionistas do Estado Central impuseram um deserto de gente, de serviços.
Um distrito onde às escolas, aos serviços postais, aos centros de saúde e às juntas de freguesia que fugiram das aldeias, juntamos o que retiraram das nossas cidades:
O governo civil (trocado pela Regionalização que nunca mais chega), os hospitais que já foram de referência e agora agonizam sem meios, sem gentes e particularmente sem rumo nem timoneiro. (ainda ontem isso mesmo foi dito à Comissão Parlamentar de Saúde).
Os inúmeros serviços públicos encerrados ou deslocalizados, que colocam barreiras a quem cá vive ou aspira a viver
Este é o Estado a que chegámos e que importa alterar!
Na passada 2ª feira, muitos de nós estivemos em Castelo de Vide a assinalar os 75 anos do nascimento de um Capitão de Abril, o Capitão Salgueiro Maia.
Pudemos relembrar a forma como anunciou aos militares sob o seu comando os objectivos do MFA e da coluna que iria comandar:
Iam a Lisboa, disse então, derrubar O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU!
Pois bem. Para todo o distrito de Portalegre é preciso seguir tal exemplo. É preciso pôr fim ao estado a que isto chegou. Para que o consigamos, já não é necessário marchar com armas sobre lisboa mas é fundamental a mesma vontade e a mesma coragem para fazermos o que tem que ser feito!
É absolutamente necessário marcharmos (no nosso território) para, porta a porta, eleitor a eleitor, com a palavra e o convencimento derrotarmos o preconceito e o desânimo.
Para pôr no parlamento, através da Manuela Cunha, a voz e os sonhos do distrito de Portalegre!
AVANÇAR É PRECISO!
VIVA A CDU!
(Intervenção de Diogo Serra - Mandatário distrital)

quarta-feira, 26 de junho de 2019

No pós 10 de Junho!



No pós 10 de Junho!

Portalegre e o Alto Alentejo viveram uma “quinzena de ouro” que nos (re)colocou no mapa político nacional e nos permitiu recuperar o orgulho de sermos “Alentejanos do Norte”.
Um período que se iniciou com as comemorações do dia da Cidade e terminou com a concretização do dia de Portugal de Camões e das Comunidades.
Pelo meio, a eleição da vila do Crato como sede do governo e a cerimónia montada para anunciar (pela quarta vez) a obra há 63 anos esperada - a construção da barragem do Pisão.
Uma “quinzena” onde todos ganhámos!
Os “Lagóias” o direito a reverem a sua cidade decorada e limpa e a participarem nesse “feito”.
 Os alentejanos, todos, a satisfação de tornarem a ouvir (pela quarta vez) os governantes a prometerem-lhe que... agora é que é! E, como a esperança nunca morre, até fizemos por esquecer que um dos ministros qua ali estiveram a prometê-la já é repetente na promessa...
O encerramento desse período de afirmação de Portalegre e dos Portalegrenses aconteceu com o concretizar da decisão do Presidente da República de podermos partilhar com Cabo Verde a honrosa posição de anfitriões das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal de Camões e das Comunidades.
A cidade transformou-se numa enorme exposição do nosso “poderio militar” e, por fugazes momentos, em montra do que de bom, e é muito, aqui temos e produzimos.
Nem tudo foi perfeito ou, pelo menos, nem todos vimos da mesma forma o que aqui se passou e em particular como se “escolheram” e actuaram muitos dos protagonistas desse período e em particular da forma como o Municipio não aproveitou todas as condições criadas para promover a região e as nossas gentes e, atente-se à polémica surgida, com a escolha do Presidente da Comissão Organizadora e com os discursos produzidos.
Vejamos:
Quanto à promoção do que de bom aqui temos e fazemos. Podíamos ter feito melhor?
Sim, podíamos e devíamos e bastava para tanto que tivéssemos tido (município e organizações) a mesma iniciativa que alguns poucos tiveram e em particular a Associação de Criadores do Rafeiro Alentejano ou a Confraria do Senhor do Bonfim.
Não potenciámos a nossa riqueza cultural?
É verdade. Apesar de temos incluído no programa as Tapeçarias de Portalegre (que essas sim, têm colaboradoras desde que foram despedidas todas as trabalhadoras), “esquecemos” o Espaço Robinson, com a sua riqueza patrimonial, a necessidade de apoio financeiro e a recomendação unânime da Assembleia da República para que o Governo garanta a sua preservação.
Mostrámos do melhor que existe no nosso acervo cultural, mas fizémo-lo em “circuito fechado” e “esquecemo-nos” que somos a capital da doçaria conventual e campeões no que respeita a produtos alimentares certificados.
Mostrámos a nossa apetência para contestar tudo. Opções politicas nacionais e municipais, indigitações e nomeações (JMT que o diga), e os discursos proferidos numa profusão que acaba por justificar o discurso escrito a quatro mãos e lido a 10 de Junho pelo Presidente da Comissão Organizadora.
Todavia, o que importa é o futuro e agora o fundamental é garantir que se cumpra o que Marcelo Rebelo de Sousa referiu: “...  a escolha de Portalegre para receber as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em 2019 »também é simbólica, porque significa que Portugal nunca se esquece dessas realidades que são os portugais, não direi desconhecidos, mas que são minimizados, menorizados ou nem sempre presentes na vontade colectiva"...” o 10 de Junho não pode acabar por hoje”.
Importa, acima de tudo, não deixarmos repetir o vivido 43 anos atrás quando o que se seguiu ao 10 de Junho aqui comemorado foi o acentuar do estado comatoso que se foi agravando até nos deixar cidade,concelho e distrito, no patamar de quase não retrocesso em que este 10 de Junho nos veio encontrar.
Que seja verdadeira a afirmação da Presidente do nosso município. Que a escolha da nossa cidade para as comemorações de 10 de Junho “nos faça acreditar que é possível ter esperança no futuro” e já agora que motive o executivo a que preside a tornar verdadeiro o slogan com que se candidatou e seja Portalegre (a cidade e a região) a vontade que (n)os une!

Diogo Júlio Serra

quarta-feira, 5 de junho de 2019




Andar para trás não. Avançar é preciso!




“Não me digas que não me compr´endes
Quando os dias se tornam azedos
Não me digas que nunca sentiste
Uma força a crescer-te nos dedos
E uma raiva a nascer-te nos dentes
…”
Consumadas as eleições para o Parlamento Europeu e dado o tempo necessário ao travar das euforias, para uns, e o “lamber das feridas” para outros é tempo de tentar compreender o que se passou e daí tirar as lições que se impõem.
É público o meu empenhamento numa solução que, desta vez, foi significativamente penalizada e, por isso mesmo a identificação com a estrofe que escolhi para encimar o meu texto e ser-me-ia extremamente fácil, embora pouco sério, justificar os resultados, aqui e no país, com barreiras que nos foram sendo colocadas, com tratamento desigual entre as diversas forças em presença, etc.. etc….
Seria tudo verdade. Enquanto mandatário distrital da candidatura CDU não deixei de me indignar e protestar contra algumas dessas práticas. Mas seria fugir ao essencial.
Outras candidaturas foram levadas ao colo? Sim! O aparelho do Estado foi aproveitado eleitoralmente? Sim! A comunicação insistiu na discriminação ou na desvalorização da CDU? Sim! A difusão massiva de calúnias e mentiras procurou colar-nos ao que de censurável se vem praticando nos centros de poder? Sim! Pagámos por aparecermos como parte duma solução para o País e termos viabilizado um governo do PS? Sim!
Sim, tudo isso seria e é verdade mas é tão só uma pequeníssima parte do que originou este alheamento entre os eleitores e as nossas propostas. Tanto mais, que estas situações sempre se verificaram por parte do bloco central de interesses que controla o poder político, domina os grandes órgãos de comunicação e atua de mão dada com o grande capital e os seus capatazes no país. E, já agora, o apoio Parlamentar ao Governo do PS não pode ser “desculpa” porque outros igualmente comprometidos com essa solução viram reforçadas as suas posições.
Há que encontrar outras causas e aprender com elas.
Para além das já enumeradas e que não me causam nem estranheza nem angústia. - Ninguém esperaria, muito menos nós, que o sistema capitalista e os seus defensores: partidos, comunicação social, aparelho de estado, organizações patronais e multinacionais, não combatessem afincadamente quem nasceu e existe para lhes pôr fim – penso que as situações onde é fundamental intervir são as que se prendem com a capacidade de fazermos passar a nossa mensagem e com a compreensão de que novas ferramentas comunicacionais entraram em força na ação politica.
- A entrada, a sério, das redes sociais e do aproveitamento “profissional” que destas fazem os fabricadores de notícias falsas e de calúnias direcionadas;
- A análise rigorosa das apetências e necessidades (reais ou fabricadas) de diferentes camadas da população e a definição de propostas claras e exequíveis para responder a tais “necessidades”.
Depois, porque é fundamental “não voltar atrás e avançar é preciso”, importa assumir com frontalidade o que defendemos para o Mundo, a Europa, o País, a Região o Concelho. Sabendo que é preciso fazer o caminho, que na construção desse caminho é preciso conseguir aliados mas que o nosso horizonte esteve, está e continuará a estar: “uma terra sem amos. A Internacional!”
Diogo Júlio Serra
(publicado no Jornal Alto Alentejo de 5-6-19)

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Vê Moinhos...


Vê Moinhos, são Moinhos!
Vê Gigantes, são Gigantes!*

“A censura do  Estado Novo  é herdeira direta da Ditadura Militar triunfante em 28 de Maio de 1926. O regime ditatorial suprimiu todas as liberdades democráticas da República liberal incluindo a liberdade de imprensa estabelecendo a censura aos jornais, livros e espectáculos, nomeadamente o cinema e o teatro.  …  passando no Estado Novo a ter uma base  essencialmente distrital num aparelho fortemente centralizado, primeiro subordinado ao Ministério da Guerra, depois ao Ministério do Interior e desde  1944 à Presidência do Conselho, isto  é, ao próprio ditador Oliveira Salazar.”
(texto retirado da wikipedia.org/wiki/Censura_em_Portugal)
A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa conquistadas com o 25 de Abril viriam a ser consagradas na Constituição de 1976 (artºs 37º e 38º).
Quarenta e cinco anos depois de Abril e com quarenta e três anos de vigência da Constituição da Republica que o consagra voltam a ser postas em causa por quantos se mantém fiéis à letra e aos interesses da constituição de 1933.
É certo que não se trata de um fenómeno recente. Desde que a liberdade foi reposta por diferentes vezes, a liberdade de expressão e de publicação foram assombradas pelo fantasma da censura, fruto da ação direta do poder político do momento ou pela ação menos visível mas igualmente eficaz, dos lobbies emanados do poder político ou financeiro.
São conhecidos alguns dos mais significativos desses momentos: as “entrevistas históricas” de Miguel Esteves Cardoso, dois livros do humorista Augusto Cid, o veto do então Secretário de Estado ao romance do Nobel, José Saramago e conhecem-se as formas mais ocultas de impor a censura na comunicação social escrita e falada, em particular nos territórios do interior, jogando com os euros para “domesticar” os menos dóceis.
Apesar disso, a nossa comunicação social regional e local, em particular a sedeada na nossa cidade vem desde há muito, num caminhar que, sem poder deixar de pensar na sua própria sobrevivência, honra o jornalismo e os jornalistas que souberam resistir às pressões e às chantagens.
Portalegre sempre teve no seu seio jornais e jornalistas que independentemente dos lobbies e do posicionamento político-religioso dos seus proprietários se souberam assumir como instrumentos de defesa da sua região, como difusores das diferentes opiniões em presença, como arma e voz dos que não tinham voz, como instrumento de contrapoder.
Recordo-vos apenas dois dos que viveram Abril e os anos que se lhes seguiram: O Distrito de Portalegre, ligado à Igreja Católica e a Rabeca, jornal republicano e assumidamente porta-voz dos opositores ao Salazarismo. Neste último aprendi a percorrer semanalmente, inúmeras vezes, o caminho entre a rua 19 de Junho (sede da Editorial Rabeca, S.A.) e o cimo da Av. da Liberdade (residência do censor) para levar os vários textos a inserir no semanário.
Hoje, por vicissitudes várias, Portalegre dispõe apenas de dois órgãos de comunicação: uma Rádio e um Jornal semanário. Ambos lutam pela sobrevivência mas fazem-no de forma bem diferente: a rádio procura afirmar-se (no que à informação diz respeito) pela diversidade de opiniões, pela abertura a todas as correntes de pensamento, sem abdicar dos ideais que a justificam mas procurando que essa postura não interfira com a sua linha editorial.
O Semanário, afirma-se igualmente como um projeto jornalístico de defesa dos interesses locais e aberto à participação de todos e tem procurado honrar esse compromisso. Todavia, em várias ocasiões, estamos a atravessar um desses momentos, o posicionamento politico-ideológico do seu diretor e proprietário impõe-se ao jornalista que também é e afasta o jornal dos caminhos que a si próprio impôs e a que nos habituou a respeitar.
A cobertura que tem vindo a dar às diferentes opiniões que se confrontam na cidade, seja no poder local seja no atual momento de campanha eleitoral para o Parlamento Europeu não honra, em minha opinião, o que tem sido a prática política do Alto Alentejo onde habitualmente escrevo e que considero ser, também, “coisa minha”.
Será mero “arrufo”? Será engano meu? Seja o que seja, importa é que retome o seu papel de instrumento e parceiro na construção do nosso futuro!
E, como se atribuí ao cego dizer, “a ver vamos!”.
Diogo Júlio Serra

*Texto publicado no Alto Alentejo de 22 de Maio acompanhado  de uma Nota do jornal