domingo, 23 de julho de 2023

 


Falar de Turismo em tempos de férias!

Em época estival e numa das “Catedrais do turismo de “Sun and Sea“ despeço-me do caminhar que ao longo dos últimos cinco anos percorri com outos companheiros na Direção do Turismo Regional.

Ao longo desse tempo procurei dar o meu modesto contributo para conseguirmos que o sector atingisse os patamares de excelência por todos reconhecidos e que destaca a indústria turística, em crescimento sustentado, como o maior contribuinte para o PIB regional colocando-o este ano, números dos primeiros quatro meses, a superar em mais de 40% as receitas registadas em 2019, o melhor ano do turismo Regional antes da pandemia.

A partir de 19 de Julho uma nova equipa com “Nova Ambição” dirige a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo e pela sua composição e competência dos seus membros garante que os próximos cinco anos serão de consolidação e crescimento da atividade turística no Alentejo e no Ribatejo.

A equipa liderada por José Santos e Pedro Beato e que inclui a “nossa” São Grilo, diretora da Escola de Turismo e Hotelaria de Portalegre, contém a " genica”, a competência e a experiência que garantem mais cinco anos de êxitos e justificam a esmagadora maioria dos votos que a assembleia eleitoral lhe conferiu. Assembleia que inclui os representantes das autarquias das empresas e trabalhadores do sector.

Entretanto também no nosso distrito e cidade a época é de intensa actividade turística e cultural.

Por todo o distrito sucedem-se os festivais, as feiras, as exposições e os congressos visando atrair e fixar visitantes nacionais e estrangeiros e colocar o distrito no roteiro dos festivaleiros atraídos pelos nomes sonantes incluídos nos cartazes anunciados.

De Alter do Chão a Sousel multiplicam-se os eventos e estimula-se a atractividade de novas gentes para os seus territórios:

Em alter do Chão com o Horse Summit, em Arronches com a FAE – Feira das Actividades Económicas, em Avis com a Feira Franca. Em Campo Maior reedita-se a Festa das Flores, em Castelo de Vide inaugurou-se a Casa da Inquisição e no Crato está anunciada a nova edição do seu conceituado Festival.

Em Elvas a aposta principal foi no Festival Medieval, enquanto Fronteira aposta no Todo o Terreno e Gavião tem em Belver e no seu castelo pontos fortes na atração de turistas.

Monforte mostra-nos o seu belíssimo património religioso enquanto Marvão volta a proporcionar-nos momentos sublimes com o seu Festival Internacional de Música e Nisa usa o Tejo, os bordados e a olaria pedrada para nos deslumbrar.

Ponte de Sor presenteou-nos com as Festas da cidade e uma sua freguesia, Galveias, prepara-se para inaugurar o Centro de Interpretação José Luís Peixoto e a Rota Literária Galveias enquanto Sousel aposta no título de Capital do Borrego para garantir pela gastronomia os trunfos que necessita.

Portalegre cidade e concelho acompanham o distrito nesta intensa actividade turística-cultural. Foram as Festas da Cidade, as inúmeras e importantes exposições no Museu da Tapeçaria e nas Galerias de S. Sebastião e Sta Clara e foram-no, igualmente, os diversos debates e conferências organizadas por diferentes entidades a que importa juntar os passos dados na organização de um Roteiro Turístico concelhio.

Mas toda essa intensa actividade não consegue esbater o desperdício que teima em manter.

Falo-vos do Núcleo Museológico da S. Francisco que se mantem teimosamente encerrado e do Espaço Robinson, uma joia no meio da cidade e que, ao que parece, já nem para as garraiadas serve; estas aburguesaram-se e passaram-se para a zona do mercado municipal.

Num tempo em que a Industria do Turismo “descobriu” o Turismo Industrial desperdiçar uma marca que incorpora a cultura industrial da cidade capital industrial do Alentejo, uma fábrica corticeira do século XIX ainda intacta e pronta a funcionar e uma outra que nos podia contar a história da Industria “laneira” em Portalegre é, mais que uma profunda insensibilidade, um quase crime.

Que saibamos inverter a marcha é, mais que um desejo uma necessidade.

Diogo Júlio Serra

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Tal tás Alentejo?

 

Tal Tás Alentejo?

O movimento cívico que se propôs dar voz aos alentejanos tem em curso um conjunto de incitativas que sob o Lema Tal Tás Alentejo? Pretende discutir a situação em que continuamos “afundados” apesar dos significativos montantes que aqui têm sido “despejados”.

Esta iniciativa irá levar a cada uma das quatro sub-regiões: Alentejo Central; Alentejo Litoral, Alto Alentejo e Baixo Alentejo a análise destas e de outras situações, com que nos debatemos, procurando que em cada uma dessas sub-regiões o debate, a análise e a procura de soluções envolva os atores locais e se centre nas temáticas que aí se fazem sentir.

O arranque do Tal Tás Alentejo? Ocorreu no Litoral no passado dia 22 de Junho em Santiago do Cacém e o próximo ocorrerá no Alto Alentejo.

Aqui, com um qualificado painel de oradores, procuraremos identificar quais as causas que de forma continua e acentuada nos provocam a enorme perda de população sofrida em toda a região apesar dos investimentos realizados na região e do elevado montante de dinheiro disponibilizado pelos fundos comunitários. De referir que só no Portugal 2020 o Alentejo tinha disponíveis um total de 1.083 milhões de euros.

Na sub-região que mais população perdeu (entre 1950 e 2021 a perda foi superior a 47% dos residentes), o debate centrar-se-á nos desafios que a demografia nos coloca.

Quantos somos, como estamos, quais as perspectivas que se nos colocam num futuro próximo, se nada fizermos para alterar o caminho seguido e, sobretudo, que politicas públicas e privadas devem ser alteradas ou implementadas para travar e inverter esta tendência. Estes são os desafios que se colocam aos oradores convidados: Professor Doutor Luís Loures, Presidente do Politécnico, Professor Doutor Marcos Olímpio, da Universidade de Évora, Dr. Heitor Gomes, geógrafo e Dr. Manuel Coelho, Presidente da Assembleia Municipal de Avis, mas sobretudo aos alentejanos estejam ou não presentes no auditório dos serviços centrais do nosso Politécnico.

Integro, como é conhecido, o grupo fundador de AMALENTEJO e estarei, como moderador, no debate anunciado e, também por isso não deixarei de colocar-vos a ideia que defendo desde há muito de que não será, não pode ser, atribuindo pequeninos prémios aos pais que se estimulará o aumento dos nascimentos e muito menos, que será essa a via capaz de travar e inverter a tendência de acelerada diminuição e envelhecimento da nossa população.

O cheque/oferta que algumas autarquias têm vindo a atribuir aos recém-nascidos é não apenas insuficiente como totalmente ineficaz. O que pode e deve estimular os nascimentos são as políticas nacionais de estímulo ao emprego digno, o aumento dos salários, o fim da precariedade a que são submetidos os trabalhadores e em particular os jovens trabalhadores.

Igualmente me integro entre os que defendem que a criação das regiões administrativas, tal qual a Constituição da República Portuguesa as consagra, permitiria à Região desenhar e aplicar políticas capazes de contribuírem para a fixação e atração de pessoas e em particular dos milhares de jovens aqui formados.

Independentemente de quantos estivermos presentes nos diferentes debates que se irão desenvolver por toda a Região e particularmente no que irá decorrer no Instituto Politécnico de Portalegre o que importa é que estes consigam mobilizar-nos para a procura de soluções e para a determinação de lutar por elas.

Porque é o amor ao Alentejo que nos une e motiva. Continuemos o caminho!

Diogo Júlio Serra