quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Aprender, Aprender Sempre!



Aprender, Aprender Sempre!

Agosto apresentou-se, este ano, aquecido pela vontade das televisões e outra comunicação social em promoverem um conflito laboral à condição de mão visível do “tal demónio” anunciado em 2015 pela direita derrotada e que teima em não aparecer.
Até aqui tudo “normal”. Assim tem sido com os incêndios florestais, com o (não) funcionamento dos hospitais e dos transportes públicos de passageiros, com a falta de profissionais de saúde, da resposta dos diferentes serviços públicos com a falta de...de...de...!
Anormal ou “novidade” foi, a necessidade sentida pelo governo central de eleger a “greve” de um grupo de trabalhadores liderados por um “sindicato” de nascimento recente, como palco privilegiado para se mostrar como o mais musculado e capaz instrumento de aplicação de politicas pr´o capital e do esmagamento de quaisquer resistências.
Quanto ao resto tudo normal!
O mesmíssimo ódio de classe sempre presente quando a luta de classe muitas vezes adormecida, se faz sentir com maior visibilidade;
O velho preconceito burguês contra todos os que trabalham e, sobretudo contra os que insistem em reclamar direitos e exigir o cumprimento de normas constitucionais;
A (re) conhecida incapacidade dos partidos do centrão e da direita, que gostam de se auto-proclamar do arco da governação, mas que cada vez mais reconhecemos como do arco da prepotência e, tantas vezes, da corrupção, em separar-se do amiguimismo, dos privilégios e da “segurança” que lhes  garantem o capital financeiro e os capatazes internacionais.
Apesar de ter sido mais do mesmo, sejamos capazes de extrair dela preciosas lições para o nosso futuro próximo:
·         A possibilidade de anteciparmos o que nos poderá suceder (trabalhadores e país) se permitirmos o regresso ao poder das maiorias de um só partido ou coligação e em particular uma maioria do partido socialista;
·         Podermos perceber que o mesmíssimo governo que permitiu a reunião em Lisboa, de uma internacional fascista, criou no mesmo dia em que tal demonstração fascista acontecia, um gabinete de emergência para, coordenar a intervenção governamental destinada a esmagar... a “greve” de um grupo de trabalhadores que a haviam convocado, ao abrigo do direito português e internacional;
·         Tomar partido ao lado do patronato e nessa vontade de esmagar opositores, recorrer à utilização das forças armadas, das forças policiais e de segurança para substituírem e pressionarem os grevistas;
·         Dar continuidade a posturas anteriores de utilização da comunicação social, também ela propriedade dos grandes grupos económicos, para lançar o alarmismo e virar a opinião publica contra os que lutam como já havia sucedido com lutas anteriores como foi o caso, entre outras,
das lutas dos professores, dos estivadores e dos trabalhadores da auto-europa.
·         O podermos testar o papel que podem jogar contra a democracia, a demagogia e o populismo e percebermos melhor as razões e os objectivos dos que os criam, os alimentam e os promovem;
·         O podermos ver “a olho nu” que não existem diferenças entre PS/PSD/CDS e patrões quando a opção que se coloca é entre o capital e o trabalho.
Pelo meio, também é motivo para aprendizagem, o conjunto de idiotas úteis que replicam o argumentário da direita e da extrema direita ou que são contra só porque sim ou porque as palas partidárias não lhe permitem espraiar o olhar.
Não podemos, nunca o farei, alhear-nos do contexto em que tais acções e lutas ocorrem e do facto de muitas delas, estarem coladas à vontade de alguns em verem apresentar-se o demónio que vaticinaram e esperam.
Porém, apesar disso ou por isso mesmo, seria um erro enorme minimizar a força dos grupos que dentro ou fora do governo e do partido de onde emana procuram atingir.”dois coelhos numa só cajadada”: rever (piorar) a Lei da Greve e alcançar a tão desejada maioria no próximo 6 de Outubro.
Voltando ao título utilizado continua a estar bem presente a frase com que Lenine titulou um seu escrito; Aprender, aprender sempre!

Diogo Júlio Serra