sábado, 28 de março de 2009

Opinadores à peça!*





Nos últimos tempos vários opinadores ligados ao governo do partido de Sócrates têm-se afadigado no amplificar das “virtualidades” da política dita social, desenvolvida pelo governo e em particular pelo ministro do trabalho. Dizem, que este é um governo com grandes preocupações sociais e, a prová-lo, o terem salvo o sistema público de segurança social.
Também no nosso distrito alguns dos opinadores ao serviço do PS o têm vindo a afirmar.
Todos sabem que a verdade diverge do seu discurso e da prática governativa mas, sabem igualmente que o ano é de eleições, que os resultados das políticas de ataque aos direitos dos trabalhadores começam já a ser sentidos e é preciso tentar esconder a verdade.
É um esforço votado ao fracasso. Como diz o nosso povo “a mentira tem a perna curta” e os factos aí estão sem que os “biombos” os consigam ocultar.
A OCDE veio recentemente confirmar aquilo que os sindicatos há muito denunciaram:
“Os trabalhadores vão receber uma reforma igual a metade do último salário, por causa das mudanças da Segurança Social.”
De facto, as alterações impostas na Segurança Social não só não garantem a sustentabilidade do sistema, como impuseram aos trabalhadores uma taxa sobre o aumento da esperança de vida e uma forma de cálculo destinada a reduzir as já então muito baixas pensões e reformas.
Vamos a factos:
O governo e o partido que o suporta afirmam que foram as medidas agora impostas pelo Ministro Vieira da Silva que salvaram a segurança social mas, o mesmo partido e os mesmos governantes haviam afirmado no tempo do governo Gueterres, com Vieira da Silva como Secretário de Estado da Segurança Social, que a lei então aprovada garantia o futuro da Segurança Social por mais 150 anos.
Mentiram antes ou mentem agora?
O Ministro do Trabalho e o governo recusaram quando da alteração da lei, a proposta do Movimento Sindical de que deveria ser revisto a forma de financiamento do sistema que continua assente no número de trabalhador por conta de outrem. Optaram por embaratecer o sistema à custa do aumento da idade de reforma e da diminuição das pensões.
Se é um facto que desta forma e à custa de uma diminuição que se anuncia como brutal das pensões, conseguiram alguma folga, não é menos verdade que a manter-se o financiamento do sistema com base nos descontos sobre os salários este voltará a ficar exaurido tanto mais rapidamente quando o desemprego dispara, os salários são reduzidos e as necessidades de apoio a quem perde o emprego são inadiáveis.
Deste mealheiro que é a segurança social, para onde só entram os descontos de quem trabalha e são retirados quer os apoios sociais para quem deles necessita, quer os fundos necessários ao pagamento das políticas governamentais de apoio ao emprego e aos empregadores, fácil será perceber que é finita a sua existência.
Se não forem invertidas as posturas governamentais, se não forem tomadas as medidas necessárias a diversificar as formas de financiamento da Segurança Social, mais cedo do que os governantes actuais perspectivaram será necessário reforçar o financiamento ou, como geralmente o partido socialista faz, diminuir ainda mais os rendimentos dos mais necessitados.
Os opinadores meterão a viola no saco, os governantes procurarão novas formas de propaganda que escondam as suas responsabilidades e os reformados e pensionistas (os actuais e os outros que entretanto atingirão essa condição) pagarão, de novo, com mais e maiores sacrifícios a incompetência ou insensibilidade de tal gente.


Diogo Serra
* Artigo publicado no Jornal do Alto Alentejo

terça-feira, 24 de março de 2009

Seis anos da resistência iraquiana para libertar o país + de sessenta anos de luta do povo palestiniano pelos seus direitos nacionais.



Colóquio/Debate a realizar em Lisboa por ocasião dos 6 anos da invasão do Iraque


“Médio Oriente: ocupação e resistência” é o tema de um colóquio a realizar em Lisboa por ocasião dos 6 anos da invasão do Iraque, levada a cabo pelas forças militares dos EUA e do Reino Unido em 20 de Março de 2003.

Os 6 anos de luta da resistência iraquiana serão abordados no quadro da situação no Médio Oriente, com atenção especial à Palestina, foco de mais de 60 anos de luta por direitos nacionais.

A iniciativa, promovida pela CGTP-IN, Tribunal-Iraque e o CPPC, conta com o apoio do Movimento Democrático de Mulheres, da Associação Abril, do Movimento para a Paz na Palestina (MPPM), do Comité de Solidariedade com a Palestina, da Associação José Afonso, do Colectivo Múmia Abu-Jamal, do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, da FENPROF.

Data e local
28 de Março, sábado, em duas sessões, das 14,30 às 17 horas e das 17,30 às 20,30 horas.
Auditório do SPGL, Rua Fialho de Almeida, 3, Lisboa (metro S. Sebastião).


Completam-se em 20 de Março seis anos sobre a invasão do Iraque. O balanço não podia ser mais desastroso: destruição física do país, desarticulação de todas as estruturas sociais, níveis de desemprego nunca vistos, pobreza generalizada, seis milhões de refugiados e deslocados, mais de um milhão de mortos.
Mas nestes seis anos consolidou-se, também, uma tenaz resistência patriótica, armada e não armada. A sua acção inviabilizou os planos de domínio do Iraque pelos EUA. E contribuiu – a par das resistências populares no Líbano, na Palestina e no Afeganistão – para conduzir a aventura militar do imperialismo norte-americano a um beco sem saída em toda a região, desde o Médio Oriente às fronteiras do Paquistão.
O anúncio por Barack Obama da retirada, a prazo, de tropas dos EUA do Iraque é o corolário de uma derrota mal assumida mas real. Mas, em si mesma, a decisão do novo presidente pouco acrescenta à posição da administração Bush – porque também esta não pretendia manter no Iraque mais forças do que as necessárias para assegurar a ocupação do país.

segunda-feira, 16 de março de 2009

O sindicalismo livre de tutelas partidárias serve os interesses de Portugal


O secretário-geral do PS, José Sócrates, defendeu esta segunda-feira necessidade de um sindicalismo livre de tutelas partidárias para o melhor desenvolvimento do país.
«O sindicalismo livre de tutelas partidárias serve os interesses de Portugal», disse José Sócrates, no encerramento do 5º congresso da Tendência Sindical Socialista da UGT.
O primeiro-ministro, que esteve no congresso na qualidade de secretário-geral do PS, felicitou João Proença pela reeleição na liderança da tendência.
«O PS orgulha-se dos que sendo do Partido Socialista fazem um sindicalismo livre, moderno, que faz propostas e que defende os trabalhadores», afirmou o chefe do Executivo.
Na sua intervenção, Sócrates considerou ainda que é em momentos de maior dificuldades que se exige que sindicatos e empresários cheguem a acordo, garantido que o Governo tudo faz para defender o interesse de todos.
O primeiro-ministro retomou ainda as críticas à CGTP por causa da manifestação de sexta-feira, reafirmando que houve uma «instrumentalização» deste protesto.
Lindo...
O Primeiro Ministro mostra ao país o seu conceito de sindicalismo livre de tutelas partidárias.
Fá-lo numa reunião partidária, tendo ao pé de si o secretário-geral da UGT (o exemplo de sindicalismo livre de tutelas partidárias) que é tão só membro da Comissão Política do PS de Sócrates.
Retoma criticas à CGTP e à manifestação por esta convocada e que juntou em Lisboa mais de 200 mil pessoas e apresenta a sua idéia de sindicalismo responsável:...exige que sindicatos e empresários cheguem a acordo. Pois... de facto a CGTP é mais assim...

quinta-feira, 5 de março de 2009

MEUS SENHORES, HAJA VERGONHA!




"Acho que se deve congelar os salários acima dos salários mínimos e reduzir os salários que estão cá em cima",
Silva Lopes, durante um almoço organizado entre a Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Ordem dos Economistas.

Foi assim, sem qualquer pudor ou constrangimento que José da Silva Lopes, economista, ex- Ministro, ex- consultor do FMI, ex- governador do Banco de Portugal, ex – Presidente do Conselho de Administração do Montepio Geral e presumo detentor de várias e principescas reformas, perspectivou a saída para a “crise” que os capitalistas (ele inclui-se lá) criaram ao longo dos últimos anos e que agora se abate sobre todos nós.

Para este fiel (e bem pago) defensor do sistema capitalista devem ser os trabalhadores (de novo) a pagarem aquilo que candidamente denominou como a mais grave crise financeira e económica das últimas décadas.

Para este fiel defensor da ordem capitalista a solução para as dificuldades que eles próprios nos impuseram tem que ir mais além das injecções de capital com que o governo foi salvar o BPP ou procurar tapar as crateras que os roubos no BNP haviam aberto. Para este senhor, ex-de quase tudo menos de defensor do capital, a solução está em congelar os salários que estejam acima dos 450 euros/mês e reduzir “os que estão cá em cima” que presumo, não tão acima que possam beliscar os rendimentos dos amigos ou as suas principescas reformas.

E tudo isto no dia em que a Galp energia anunciava 480 milhões de euros de lucros em 2008, que a EDP e a Portugal Telecom davam conta de que 2008 lhes fora favorável e que, milhares de famílias passavam mais um dia de enorme aflição, atiradas para o desemprego e sem perspectivas de futuro.

Como diz o nosso povo. Haja vergonha, meus senhores!