quarta-feira, 5 de junho de 2019




Andar para trás não. Avançar é preciso!




“Não me digas que não me compr´endes
Quando os dias se tornam azedos
Não me digas que nunca sentiste
Uma força a crescer-te nos dedos
E uma raiva a nascer-te nos dentes
…”
Consumadas as eleições para o Parlamento Europeu e dado o tempo necessário ao travar das euforias, para uns, e o “lamber das feridas” para outros é tempo de tentar compreender o que se passou e daí tirar as lições que se impõem.
É público o meu empenhamento numa solução que, desta vez, foi significativamente penalizada e, por isso mesmo a identificação com a estrofe que escolhi para encimar o meu texto e ser-me-ia extremamente fácil, embora pouco sério, justificar os resultados, aqui e no país, com barreiras que nos foram sendo colocadas, com tratamento desigual entre as diversas forças em presença, etc.. etc….
Seria tudo verdade. Enquanto mandatário distrital da candidatura CDU não deixei de me indignar e protestar contra algumas dessas práticas. Mas seria fugir ao essencial.
Outras candidaturas foram levadas ao colo? Sim! O aparelho do Estado foi aproveitado eleitoralmente? Sim! A comunicação insistiu na discriminação ou na desvalorização da CDU? Sim! A difusão massiva de calúnias e mentiras procurou colar-nos ao que de censurável se vem praticando nos centros de poder? Sim! Pagámos por aparecermos como parte duma solução para o País e termos viabilizado um governo do PS? Sim!
Sim, tudo isso seria e é verdade mas é tão só uma pequeníssima parte do que originou este alheamento entre os eleitores e as nossas propostas. Tanto mais, que estas situações sempre se verificaram por parte do bloco central de interesses que controla o poder político, domina os grandes órgãos de comunicação e atua de mão dada com o grande capital e os seus capatazes no país. E, já agora, o apoio Parlamentar ao Governo do PS não pode ser “desculpa” porque outros igualmente comprometidos com essa solução viram reforçadas as suas posições.
Há que encontrar outras causas e aprender com elas.
Para além das já enumeradas e que não me causam nem estranheza nem angústia. - Ninguém esperaria, muito menos nós, que o sistema capitalista e os seus defensores: partidos, comunicação social, aparelho de estado, organizações patronais e multinacionais, não combatessem afincadamente quem nasceu e existe para lhes pôr fim – penso que as situações onde é fundamental intervir são as que se prendem com a capacidade de fazermos passar a nossa mensagem e com a compreensão de que novas ferramentas comunicacionais entraram em força na ação politica.
- A entrada, a sério, das redes sociais e do aproveitamento “profissional” que destas fazem os fabricadores de notícias falsas e de calúnias direcionadas;
- A análise rigorosa das apetências e necessidades (reais ou fabricadas) de diferentes camadas da população e a definição de propostas claras e exequíveis para responder a tais “necessidades”.
Depois, porque é fundamental “não voltar atrás e avançar é preciso”, importa assumir com frontalidade o que defendemos para o Mundo, a Europa, o País, a Região o Concelho. Sabendo que é preciso fazer o caminho, que na construção desse caminho é preciso conseguir aliados mas que o nosso horizonte esteve, está e continuará a estar: “uma terra sem amos. A Internacional!”
Diogo Júlio Serra
(publicado no Jornal Alto Alentejo de 5-6-19)

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