quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Quo Vadis Portalegre ?


Quo Vadis Portalegre?

…volta à barriga da mãe
Que em boa hora o pariu
Agora ninguém mais cerra
As portas que Abril abriu!
(Ary dos Santos in As Portas que Abril abriu)


A habitual pacatez local vem, de quando em vez, a ser abalada pelos megafones do poder.
Geralmente trata-se tão só de precauções de quem, no nosso município, sendo força minoritária pensa e age como se fosse detentor do poder absoluto e, não tendo pão para distribuir, pretende potenciar o “circo”.
É, de novo, a actual situação.
A força politica que, embora em minoria, preside o executivo municipal não entende as razões que a levaram a desbaratar maiorias e como a mãe que na história via o seu filho/soldado a marchar bem embora de forma diferente dos restantes 3 mil que marchavam , também colocou os seus megafones a gritar que ela-CLIP, é que está a marchar bem …embora em contramão com todas as forças políticas restantes, incluindo as que chegaram a estar ao seu lado na governação da cidade e concelho.
Tudo isto a propósito da legítima e fundada decisão da vereação ter decidido chamar a si os poderes que no início do mandato havia delegado na Presidente da Câmara Municipal.
A partir daí intensificou-se a campanha de vitimização e a tentativa de colocar nos outros a responsabilidade do que não é feito (e é muito) por incapacidade ou incompetência de quem “governa” o concelho.
Ora o que foi feito (e a meu ver bem) foi tão só que a maioria dos vereadores em exercício de funções decidiram revogar a decisão que eles mesmo haviam tomado de delegar na Sra. Presidente as competências materiais da câmara e assim, estas retomaram às atribuições do executivo municipal.
Pretendem com isto, na óptica do vereador Luís Pargana  “a transparência nos procedimentos, que as decisões deixem de ser tomadas às escondidas e ao acaso. Pugnar pela lógica do interesse público nas gestão dos dinheiros públicos, evitando a lógica dos “favorzinhos”…O que se pretende é defender Portalegre e os portalegrenses”
- É uma tragédia, gritam os megafones do poder. Agora vamos atrasar tudo. Os investidores não terão respostas atempadas! Os gatinhos não poderão entrar no gatil! A mais insignificante autorização demorará uma eternidade! Etc.. etc…
Será assim?
Como foi até agora?
Os investidores tiveram sempre resposta célere? As autorizações eram automáticas?
Os gatinhos tinham entrada num gatil que não têm “vagas”?
Se as reuniões do executivo passarem a ter periodicidade semanal (como sucede em inúmeros municípios) não se colocarão nenhuns constrangimentos a não ser aqueles que se colocam à Sra Presidente e à vereação a tempo inteiro quando são obrigados a partilhar a decisão e a ouvir os restantes eleitos que…no nosso caso são a maioria!
Penso, sinceramente, que Portalegre e os portalegrenses ficarão melhor. Até a Sra. Presidente lucrará.
Ficando liberta daquelas competências ganhará o tempo necessário para poder cumprir com o que lei lhe impõe que é a elaboração e apresentação à Assembleia Municipal do Orçamento para 2019, que ainda não temos ou, quem sabe, para dar mais atenção à elaboração das propostas que submete à Assembleia e que por incorretamente elaboradas (algumas de legalidade muito duvidosa) lhe têm merecido chumbos sistemáticos e bastas vezes, a acusação de incompetente.
Não se justificam, a meu ver, as incomodidades vindas a público e muito menos as manifestações de vitimização e as tentativas de atirar para os outros as responsabilidades que são “monopólio” do CLIP e dos seus eleitos.

Diogo Júlio Serra
publicado no Jornal Alto Alentejo de 2-10-19
 

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