Quo Vadis Portalegre?
…volta
à barriga da mãe
Que
em boa hora o pariu
Agora
ninguém mais cerra
As
portas que Abril abriu!
(Ary dos Santos in As Portas que Abril
abriu)
A habitual pacatez local vem, de quando
em vez, a ser abalada pelos megafones do poder.
Geralmente trata-se tão só de precauções
de quem, no nosso município, sendo força minoritária pensa e age como se fosse
detentor do poder absoluto e, não tendo pão para distribuir, pretende potenciar
o “circo”.
É, de novo, a actual situação.
A força politica que, embora em minoria,
preside o executivo municipal não entende as razões que a levaram a desbaratar
maiorias e como a mãe que na história via o seu filho/soldado a marchar bem
embora de forma diferente dos restantes 3 mil que marchavam , também colocou os
seus megafones a gritar que ela-CLIP, é que está a marchar bem …embora em
contramão com todas as forças políticas restantes, incluindo as que chegaram a
estar ao seu lado na governação da cidade e concelho.
Tudo isto a propósito da legítima e
fundada decisão da vereação ter decidido chamar a si os poderes que no início
do mandato havia delegado na Presidente da Câmara Municipal.
A partir daí intensificou-se a campanha
de vitimização e a tentativa de colocar nos outros a responsabilidade do que
não é feito (e é muito) por incapacidade ou incompetência de quem “governa” o
concelho.
Ora o que foi feito (e a meu ver bem)
foi tão só que a maioria dos vereadores em exercício de funções decidiram revogar
a decisão que eles mesmo haviam tomado de delegar na Sra. Presidente as
competências materiais da câmara e assim, estas retomaram às atribuições do
executivo municipal.
Pretendem com isto, na óptica do
vereador Luís Pargana “a transparência nos procedimentos, que as decisões
deixem de ser tomadas às escondidas e ao acaso. Pugnar pela lógica do interesse
público nas gestão dos dinheiros públicos, evitando a lógica dos
“favorzinhos”…O que se pretende é defender Portalegre e os portalegrenses”
- É uma tragédia, gritam os megafones do
poder. Agora vamos atrasar tudo. Os investidores não terão respostas atempadas!
Os gatinhos não poderão entrar no gatil! A mais insignificante autorização
demorará uma eternidade! Etc.. etc…
Será assim?
Como foi até agora?
Os investidores tiveram sempre resposta
célere? As autorizações eram automáticas?
Os gatinhos tinham entrada num gatil que
não têm “vagas”?
Se as reuniões do executivo passarem a
ter periodicidade semanal (como sucede em inúmeros municípios) não se colocarão
nenhuns constrangimentos a não ser aqueles que se colocam à Sra Presidente e à
vereação a tempo inteiro quando são obrigados a partilhar a decisão e a ouvir
os restantes eleitos que…no nosso caso são a maioria!
Penso, sinceramente, que Portalegre e os
portalegrenses ficarão melhor. Até a Sra. Presidente lucrará.
Ficando liberta daquelas competências
ganhará o tempo necessário para poder cumprir com o que lei lhe impõe que é a
elaboração e apresentação à Assembleia Municipal do Orçamento para 2019, que
ainda não temos ou, quem sabe, para dar mais atenção à elaboração das propostas
que submete à Assembleia e que por incorretamente elaboradas (algumas de
legalidade muito duvidosa) lhe têm merecido chumbos sistemáticos e bastas
vezes, a acusação de incompetente.
Não se justificam, a meu ver, as incomodidades
vindas a público e muito menos as manifestações de vitimização e as tentativas
de atirar para os outros as responsabilidades que são “monopólio” do CLIP e dos
seus eleitos.
Diogo Júlio Serra
publicado no Jornal Alto Alentejo de 2-10-19
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