Aprender,
Aprender Sempre!
Agosto
apresentou-se, este ano, aquecido pela vontade das televisões e outra
comunicação social em promoverem um conflito laboral à condição de mão visível
do “tal demónio” anunciado em 2015 pela direita derrotada e que teima em não
aparecer.
Até
aqui tudo “normal”. Assim tem sido com os incêndios florestais, com o (não)
funcionamento dos hospitais e dos transportes públicos de passageiros, com a
falta de profissionais de saúde, da resposta dos diferentes serviços públicos
com a falta de...de...de...!
Anormal
ou “novidade” foi, a necessidade sentida pelo governo central de eleger a “greve”
de um grupo de trabalhadores liderados por um “sindicato” de nascimento
recente, como palco privilegiado para se mostrar como o mais musculado e capaz
instrumento de aplicação de politicas pr´o capital e do esmagamento de
quaisquer resistências.
Quanto
ao resto tudo normal!
O
mesmíssimo ódio de classe sempre presente quando a luta de classe muitas vezes
adormecida, se faz sentir com maior visibilidade;
O
velho preconceito burguês contra todos os que trabalham e, sobretudo contra os
que insistem em reclamar direitos e exigir o cumprimento de normas
constitucionais;
A
(re) conhecida incapacidade dos partidos do centrão e da direita, que gostam de
se auto-proclamar do arco da governação, mas que cada vez mais reconhecemos como
do arco da prepotência e, tantas vezes, da corrupção, em separar-se do
amiguimismo, dos privilégios e da “segurança” que lhes garantem o capital financeiro e os capatazes
internacionais.
Apesar
de ter sido mais do mesmo, sejamos capazes de extrair dela preciosas lições
para o nosso futuro próximo:
·
A possibilidade
de anteciparmos o que nos poderá suceder (trabalhadores e país) se permitirmos
o regresso ao poder das maiorias de um só partido ou coligação e em particular
uma maioria do partido socialista;
·
Podermos
perceber que o mesmíssimo governo que permitiu a reunião em Lisboa, de uma
internacional fascista, criou no mesmo dia em que tal demonstração fascista
acontecia, um gabinete de emergência para, coordenar a intervenção
governamental destinada a esmagar... a “greve” de um grupo de trabalhadores que
a haviam convocado, ao abrigo do direito português e internacional;
·
Tomar partido ao
lado do patronato e nessa vontade de esmagar opositores, recorrer à utilização
das forças armadas, das forças policiais e de segurança para substituírem e pressionarem
os grevistas;
·
Dar continuidade
a posturas anteriores de utilização da comunicação social, também ela
propriedade dos grandes grupos económicos, para lançar o alarmismo e virar a
opinião publica contra os que lutam como já havia sucedido com lutas anteriores
como foi o caso, entre outras,
das lutas dos professores, dos estivadores e
dos trabalhadores da auto-europa.
·
O podermos
testar o papel que podem jogar contra a democracia, a demagogia e o populismo e
percebermos melhor as razões e os objectivos dos que os criam, os alimentam e
os promovem;
·
O podermos ver
“a olho nu” que não existem diferenças entre PS/PSD/CDS e patrões quando a
opção que se coloca é entre o capital e o trabalho.
Pelo
meio, também é motivo para aprendizagem, o conjunto de idiotas úteis que
replicam o argumentário da direita e da extrema direita ou que são contra só
porque sim ou porque as palas partidárias não lhe permitem espraiar o olhar.
Não
podemos, nunca o farei, alhear-nos do contexto em que tais acções e lutas
ocorrem e do facto de muitas delas, estarem coladas à vontade de alguns em
verem apresentar-se o demónio que vaticinaram e esperam.
Porém,
apesar disso ou por isso mesmo, seria um erro enorme minimizar a força dos
grupos que dentro ou fora do governo e do partido de onde emana procuram atingir.”dois
coelhos numa só cajadada”: rever (piorar) a Lei da Greve e alcançar a tão
desejada maioria no próximo 6 de Outubro.
Voltando
ao título utilizado continua a estar bem presente a frase com que Lenine
titulou um seu escrito; Aprender, aprender sempre!
Diogo
Júlio Serra
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