“Black Friday”, um fim-de-semana
de cinismos e
os Lagóias!
Na última sexta-feira o país voltou a ser submerso por propaganda
consumista, cuja finalidade foi transferir dos nossos bolsos para os cofres
capitalistas alguma “migalha” que ainda nos restasse.
Nos dias que se seguiram, não fossem sobrar alguns cêntimos, os mesmos
capitalistas, agora apoiados pelas Jonet(s) da nossa praça, pelo inquilino de Belém
e pela comunicação social nacional, instaram-nos a aumentarmos os lucros dos grandes
espaços comerciais e as receitas do Estado, apelando à nossa generosidade para, em nome
dos pobres, apoiarmos os que se promovem com a caridadezinha.
Se, no que se refere ao primeiro caso, a “Black Friday,” o estimulo
consumista se baseia apenas na aculturação a que somos sujeitos pelos
“partidários do Tio Sam”, no segundo caso, esse estimulo é sustentado pela
necessidade real de “acudir” a quem, de outra forma, poderá não conseguir
sobreviver.
Mas se é verdade que os “estímulos” variam, não é menos verdade que a sua
origem tem a mesma raiz. O Capitalismo e a sua ânsia de concentrar nas
mãos/bolsos de uns poucos, a riqueza que é de todos. Não será por distração ou
desconhecimento que os promotores de qualquer um dos citados episódios optam
pelo “espectáculo” mediático e pela caridadezinha em vez de apostaram em políticas
e acções que ponham termo à vergonha de haver em Portugal 2,2 milhões de
portugueses que vivem no limiar da pobreza; entre estes, mais de 110 mil
pessoas que são pobres trabalhando.
Os números divulgados mostram que cerca de 2 milhões de trabalhadores
portugueses auferem o salário mínimo, cujo tímido aumento foi recentemente apelidado
pelo Sr. Presidente da Republica de “razoável” mas que é, na realidade, em
2019, somente 118 euros mais do valor auferido há 45 anos (!) atrás quando foi
instituído pela primeira vez.
Entretanto, por cá, a “nação Lagóia” é entretida com discussões de não -
assuntos, casos da anunciada demolição do monumento aos dadores de sangue, de
forma a não “reparar” nos caminhos para onde a política municipal nos vai
conduzindo.
De facto, quando a discussão se faz à volta do mero anúncio de uma
medida isolada cujo suporte orçamental é de um euro (?) apenas no Orçamento,
que ainda não se sabe sequer se vai avançar, só pode ser encarada como “manobra
de diversão”.
Manobra e encobrimento de intenções, desde logo por parte da minoria que
“governa” o concelho, e que, desde há muito, perdeu o “I” que ostentava na sua
sigla inicial.
Uma “minoria” (ainda o será?) que não quer ou não consegue ter o
Orçamento Municipal aprovado. Que não cumpre as decisões dos órgãos
deliberativos (como são a obrigação de orçamentar e promover o Orçamento
participativo), que permite a saída da única farmácia que serve grande parte da
cidade velha e o Atalaião, que omite informação aos munícipes, aos eleitos nos
diferentes órgãos autárquicos e à própria Assembleia Municipal e qual clube de
futebol endinheirado, alicia “jogadores de clubes adversários” para conseguir “fazer
passar o seu jogo”.
Impõe-se a questão. Será apenas a “minoria” (e será minoria, de facto,
ainda?) a lucrar com tais “manobras de diversão”? Importa saber se algumas das”
maiorias pontuais” que fomos conhecendo são apenas correspondências locais do (e)feito
Joacine ou o que assistimos é, usando a terminologia do pós -eleições
autárquicas, a rendição “dos citadinos”
perante o “poder rural” .
O tempo, como sempre, esclarecer-nos-á!
Diogo Júlio Serra
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