quinta-feira, 2 de setembro de 2021

REENTRAR É SÓ PARA QUEM SAÍU!

 


REENTRAR É SÓ PARA QUEM SAÍU!

A comunicação social habituou-nos a pensar que em cada ano o país “fecha para férias” e só nos últimos dias de Agosto retoma a actividade. É a rentrée, dizem-nos!

Como quase sempre, tomam o “seu mundo” pelo mundo de todos e fazem o calendário de acordo com as agendas politicas dos partidos que se habituaram a promover e das “elites” que os suportam: os tais partidos e a muita comunicação social dita de referência.

Generalizam como se todos os partidos (e instituições aparentadas) fossem iguais, como se toda a gente tivesse férias e tendo-as todos as “gastassem” fora do local da residência.

Em ambos os casos erram. Esse pequeno mundo que idealizam é isso mesmo, o mundo de muito poucos. A maioria não “reentra” pelo simples facto de nunca ter deixado de estar.

Nessa imensa maioria estão, também em Portalegre, os que mantêm a(s) cidade(s) viva(s). Os que mantém as fábricas e oficinas a produzirem, os comércios a funcionarem e a produção dos bens que nos alimentam. Os trabalhadores da saúde, as forças de segurança e da proteção civil, entre muitos outros.

Nas forças políticas, na rentrée como na acção diária e nos objectivos, não há unanimismo. Não, também aqui não são todos iguais e mesmo num ano, como o actual, em que as eleições autárquicas impõem tempos diferentes, as diferenças são notórias.

Uns, saindo para férias enquanto no terreno é o dinheiro que parece não faltar que lhes garante a proliferação dos cartazes de grande dimensão pela cidade e freguesias, outros afadigados no trabalho “de formiguinha” fazendo do contacto pessoal e da força das ideias, veículo de difusão das suas propostas e soluções.

Também aqui e agora, uns fazendo trabalho para encontrar soluções, outros fazendo “trabalho” para ampliar os problemas que nos afectam seja negando a sua existência, seja atirando-lhe para cima dinheiro (ou promessas), no intuito de os esconder.

Ainda há pouco em conversa de café, numa esplanada do bairro mais populoso da cidade, onde resido há trinta e sete anos, um amigo comentava que os partidos A, B e C haviam marcado a sua rentrée para os dias tais e tais e que os comunistas (referia-se ao PCP) só o fariam mais tarde na Festa do Avante.

Tive que contestar. Na verdade, dito assim, pareceria que a Festa é fato pronto-a-vestir, é uma “coisa” como as outras. É, como os seus detractores gostam de dizer, uma festa para recolher receitas para o PCP.

E é tão distante a realidade. Tão distante quanto a distância que separa a rentrée de alguns, suportada nos seus papagaios na Comunicação Social e nos megafones locais, do trabalho persistente do PCP e dos seus parceiros na CDU na construção das suas propostas eleitorais e na construção do maior acontecimento politico-cultural em cada ano – a sua e nossa festa, a Festa do Avante.

A festa é a maior afirmação do PCP na sua persistência e vontade em construir pontes que permitam soluções para os problemas do país. Uma construção colectiva que marca de forma indelével quantos a constroem e os que a vivem e que promove a amizade e a alegria de viver.

E é esse construir de amizade, alegria, companheirismo e futuro que gera o medo “entre os do antigamente” e naqueles que conseguem influenciar/enganar. É essa amostra do futuro que gera o ódio de quantos vivem do e para o passado.

Também aqui se mostram as diferenças existentes entre quem constrói o futuro e quem persiste em dinamitá-lo.

Quem tem que reentrar e quem nunca saiu. Quem é novo na idade e velho nas propostas e quem sendo centenário continua o caminho com cara levantada, orgulho no passado e olhos no futuro.

Reentrada? Não chegámos a sair!

Diogo Júlio Serra
(publicado no jornal do Alto Alentejo de 1-9-2021)

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