sexta-feira, 3 de julho de 2020

Parabéns União



…Pr’ a União dos Sindicatos, uma salva de Palmas!*

A 4 de Julho próximo cumprem-se quarenta e cinco anos do nascimento (oficial) da União dos Sindicatos do Norte Alentejano.
Nasceu da vontade dos trabalhadores, na Praceta dos Lusíadas onde então funcionava a delegação distrital do Sindicato dos Bancários de Lisboa e que é hoje a sede distrital do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas. Num Plenário Distrital de Sindicatos presidido por António Milheiros – Bancário, António Serrano – Operário Agrícola e António Ceia dos Reis – Operário Corticeiro era dado cumprimento ao estabelecido na “lei sindical” e aprovados os estatutos da União dos Sindicato do Distrito, conforme a convocatória enviada a 19 de Junho.
Eram então apenas 4 sindicatos mas que representavam, como a legislação dispunha, mais de 50 % dos trabalhadores sindicalizados no distrito: os sindicatos dos corticeiros e dos operários agrícolas do distrito de Portalegre, o sindicato dos químicos de Setúbal e o Sindicato dos Bancários de Lisboa.
Nos quarenta e cinco anos já cumpridos, foram muitos os dirigentes e activistas que lhe deram vida e voz. Foram inúmeras as alegrias e tristezas vivenciadas. Muitos sonhos, aspirações e alguns fracassos alicerçaram o seu caminho que, felizmente, continua a ser testemunhado por dois dos seus fundadores: o António Milheiro que presidiu e o António José que secretariou o Plenário fundador.
Organização de trabalhadores tem sido e continuará a ser aquilo que os trabalhadores do distrito e em particular os que a “alimentam” quiserem que ela seja.
Estrutura integrada no Movimento Sindical de Classe foi e é a voz e o querer dos trabalhadores deste Alentejo do Norte e um dos actores locais mais actuantes na defesa da sua população e dos seus anseios e direitos. Assume como tarefa primordial a defesa e representação de todos os trabalhadores assalariados do distrito sem abdicar da intervenção politico-social em todas as frentes onde se discuta e decida o futuro do território e dos seus habitantes e onde, no seu entender, se possam construir pontes capazes de unir vontades e acções que permitam alcançar o desenvolvimento e o bem-estar que o distrito ambiciona e merece.
A luta pela Regionalização que o Alentejo reclama e a Constituição da Republica consagra tem sido, também, objecto da sua intervenção como o comprovam a sua adesão e participação em todos os fóruns e organizações que a reclamam. Participou em todos os Congressos do Alentejo que têm percorrido toda a Região, integrou todos os movimentos pela Região Alentejo, participou de forma empenhada “Pelo Sim à Regionalização” e à Região Alentejo e integra, o Movimento AMALENTEJO e a sua “luta” pela institucionalização da CRA-Comunidade Regional do Alentejo um instrumento que permita experienciar no Alentejo, as vantagens da Região Administrativa.
É esta organização de trabalhadores, jovem de 45 anos, que se prepara para disponibilizar à região e ao país as memórias da cidade operária que Portalegre já foi.
Previsivelmente até final do ano, recuperado o edifício que foi até há pouco a sede dos Corticeiros mas que foi desde 1912 a casa sindical de corticeiros, sapateiros, rurais e outros, abrir-se-á ao público o CDAMOS-Centro Documental e Arquivo do Movimento Operário e Sindical do Norte Alentejano.
A USNA/cgtp assinalará o seu 45º aniversário um dia antes, a 3 de Julho, na Zona Industrial de Portalegre com uma concentração em defesa dos direitos dos trabalhadores, direitos que têm sido fortemente atacados no tempo que atravessamos.
Comemorar o 45º aniversário em luta, na rua, simbolicamente frente a uma das empresas que é campeã na precariedade e nos despedimentos (mesmo que “embrulhados” com designação diferente) mostra que os 45 anos não lhes retiraram a juventude e que irá continuar o combate iniciado em julho de 1975.
Tenho disso absoluta certeza. Uma certeza alicerçada no conhecimento profundo que dela tem que ter quem, como eu, a acompanhou por dentro ao longo de 42 dos seus 45 anos de vida, 37 dos quais participando na sua direcção.
Parabéns à União dos Sindicatos, aos seus fundadores, a quem a mantém e dirige e aos trabalhadores do Distrito de Portalegre.
Diogo Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo de 1 de Julho 2020

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