…Pr’ a União dos Sindicatos, uma salva de Palmas!*
A 4 de Julho próximo cumprem-se quarenta
e cinco anos do nascimento (oficial) da União dos Sindicatos do Norte
Alentejano.
Nasceu da vontade dos
trabalhadores, na Praceta dos Lusíadas onde então funcionava a delegação
distrital do Sindicato dos Bancários de Lisboa e que é hoje a sede distrital do
Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas. Num Plenário Distrital de
Sindicatos presidido por António Milheiros – Bancário, António Serrano –
Operário Agrícola e António Ceia dos Reis – Operário Corticeiro era dado
cumprimento ao estabelecido na “lei sindical” e aprovados os estatutos da União
dos Sindicato do Distrito, conforme a convocatória enviada a 19 de Junho.
Eram então apenas 4 sindicatos
mas que representavam, como a legislação dispunha, mais de 50 % dos
trabalhadores sindicalizados no distrito: os sindicatos dos corticeiros e dos
operários agrícolas do distrito de Portalegre, o sindicato dos químicos de
Setúbal e o Sindicato dos Bancários de Lisboa.
Nos quarenta e cinco anos já
cumpridos, foram muitos os dirigentes e activistas que lhe deram vida e voz.
Foram inúmeras as alegrias e tristezas vivenciadas. Muitos sonhos, aspirações e
alguns fracassos alicerçaram o seu caminho que, felizmente, continua a ser
testemunhado por dois dos seus fundadores: o António Milheiro que presidiu e o
António José que secretariou o Plenário fundador.
Organização de trabalhadores tem
sido e continuará a ser aquilo que os trabalhadores do distrito e em particular
os que a “alimentam” quiserem que ela seja.
Estrutura integrada no Movimento
Sindical de Classe foi e é a voz e o querer dos trabalhadores deste Alentejo do
Norte e um dos actores locais mais actuantes na defesa da sua população e dos
seus anseios e direitos. Assume como tarefa primordial a defesa e representação
de todos os trabalhadores assalariados do distrito sem abdicar da intervenção
politico-social em todas as frentes onde se discuta e decida o futuro do
território e dos seus habitantes e onde, no seu entender, se possam construir
pontes capazes de unir vontades e acções que permitam alcançar o
desenvolvimento e o bem-estar que o distrito ambiciona e merece.
A luta pela Regionalização que o
Alentejo reclama e a Constituição da Republica consagra tem sido, também,
objecto da sua intervenção como o comprovam a sua adesão e participação em todos
os fóruns e organizações que a reclamam. Participou em todos os Congressos do
Alentejo que têm percorrido toda a Região, integrou todos os movimentos pela
Região Alentejo, participou de forma empenhada “Pelo Sim à Regionalização” e à
Região Alentejo e integra, o Movimento AMALENTEJO e a sua “luta” pela
institucionalização da CRA-Comunidade Regional do Alentejo um instrumento que
permita experienciar no Alentejo, as vantagens da Região Administrativa.
É esta organização de
trabalhadores, jovem de 45 anos, que se prepara para disponibilizar à região e
ao país as memórias da cidade operária que Portalegre já foi.
Previsivelmente até final do ano,
recuperado o edifício que foi até há pouco a sede dos Corticeiros mas que foi
desde 1912 a casa sindical de corticeiros, sapateiros, rurais e outros,
abrir-se-á ao público o CDAMOS-Centro Documental e Arquivo do Movimento
Operário e Sindical do Norte Alentejano.
A USNA/cgtp assinalará o seu 45º
aniversário um dia antes, a 3 de Julho, na Zona Industrial de Portalegre com
uma concentração em defesa dos direitos dos trabalhadores, direitos que têm
sido fortemente atacados no tempo que atravessamos.
Comemorar o 45º aniversário em
luta, na rua, simbolicamente frente a uma das empresas que é campeã na
precariedade e nos despedimentos (mesmo que “embrulhados” com designação
diferente) mostra que os 45 anos não lhes retiraram a juventude e que irá
continuar o combate iniciado em julho de 1975.
Tenho disso absoluta certeza. Uma
certeza alicerçada no conhecimento profundo que dela tem que ter quem, como eu,
a acompanhou por dentro ao longo de 42 dos seus 45 anos de vida, 37 dos quais
participando na sua direcção.
Parabéns à União dos Sindicatos,
aos seus fundadores, a quem a mantém e dirige e aos trabalhadores do Distrito
de Portalegre.
Diogo Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo de 1 de Julho 2020
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