Os problemas de (in) segurança vividos na vila de Benavila,
no concelho de Avis, são há muito sofridos pelas populações mas só agora têm
vindo a ser motivo de interesse na comunicação social e, talvez por isso, a
entrarem na agenda de algumas forças partidárias.
Esta mediatização é o resultado da enorme inquietação que se
instalou na comunidade face ao crescendo da delinquência na zona mas é, também,
resultante do posicionamento público e reiterado dos moradores e das
autarquias, em particular do município de Avis, exigindo do poder central o
cumprimento do dever que lhe assiste de garantir a segurança a todos os
cidadãos.
Pelo meio e a par da insegurança ocasionada por uma crescente
e mais “descarada” delinquência, o ressuscitar dos fantasmas que o
desconhecimento e o preconceito, face a algumas minorias étnicas e raciais,
conseguem sempre multiplicar.
Também a luta partidária entrou em cena para procurar
resolver ou simplesmente se apropriar das inquietações e necessidades sentidas
por quantos ali vivem e trabalham e ainda, dos muitos que por imposições
laborais e outras se ausentam durante parte do dia e ali tem que deixar
familiares (idosos e crianças) expostos à delinquência e aos seus agentes.
Após ter feito deslocar ao local uma delegação que incluía
deputados alentejanos, o Grupo Parlamentar do PCP, apresentou na Assembleia da
Republica uma série de perguntas questionando o governo sobre as
disponibilidades e vontade do executivo em garantir, como a Constituição da República
lhe exige, a segurança àquela população.
Entretanto o Executivo Municipal fazia saber da sua
disponibilidade de integrar a solução dos problemas agravados pela dificuldade
da GNR local (sem os meios materiais e humanos necessários) poder garantir
outro policiamento que não seja como agora, deslocar-se a Benavila quando
solicitada e de acordo com os meios em cada momento.
Segundo anunciou, não só havia já garantido e doado o terreno
necessário para a construção de um novo quartel em Avis como estava disponível
para garantir, em Benavila, instalações que pudessem acolher em permanência um efetivo
de guardas a destacar para aquela vila.
Também o Partido Socialista não ficou indiferente à situação
vivida em Benavila embora a sua intervenção tenha vindo ao arrepio do necessário.
O deputado eleito pelo distrito de Portalegre veio a público em defesa, não do
distrito que o elegeu mas do governo que, neste caso, se tem demitido das suas
responsabilidades.
Fruto do entusiasmo do momento (Luís Testa discursava
imediatamente a seguir a ter sido empossado como Presidente da Federação
Distrital do PS), por esquecimento das funções que a Constituição da Republica
define para cada patamar de poder ou, quem sabe, por estar informado que o
Partido a que pertence vai agora ( no entusiasmo da descentralização) passar
para as autarquias as competências que até agora pertencem ao Poder Central
este dirigente partidário disparou sobre o município acusando-o de se
trasvestir no Grupo Parlamentar do PCP em vez de, disse, resolver o problema.
Num momento em que o governo de Portugal e em particular a
sua Secretária de Estado para a Igualdade, se batem para que possamos construir
um país multicultural e inclusivo não é aconselhável que numa parte desse país
se deixe crescer o sentimento de que é um problema cultural e étnico o que não
passa de manifestações de criminalidade e que, por isso mesmo, são um assunto
de policia.
Porque é preciso combater o desconhecimento e o preconceito mas,
também, é absolutamente necessário garantir em Benavila e em todo o território
nacional a segurança dos cidadãos e dos seus bens é fundamental que os
diferentes patamares do poder e sobretudo o governo central, deixem de ”chutar
para o lado” e assumam essa responsabilidade.
É isso que devemos (TODOS) exigir!
Diogo J. Serra
(O presente texto deveria ter sido publicado no Jornal Fonte Nova que não se tem publicado)
Sem comentários:
Enviar um comentário