sexta-feira, 4 de maio de 2018

(In) SEGURANÇA EM BENAVILA



Os problemas de (in) segurança vividos na vila de Benavila, no concelho de Avis, são há muito sofridos pelas populações mas só agora têm vindo a ser motivo de interesse na comunicação social e, talvez por isso, a entrarem na agenda de algumas forças partidárias.
Esta mediatização é o resultado da enorme inquietação que se instalou na comunidade face ao crescendo da delinquência na zona mas é, também, resultante do posicionamento público e reiterado dos moradores e das autarquias, em particular do município de Avis, exigindo do poder central o cumprimento do dever que lhe assiste de garantir a segurança a todos os cidadãos.
Pelo meio e a par da insegurança ocasionada por uma crescente e mais “descarada” delinquência, o ressuscitar dos fantasmas que o desconhecimento e o preconceito, face a algumas minorias étnicas e raciais, conseguem sempre multiplicar.
Também a luta partidária entrou em cena para procurar resolver ou simplesmente se apropriar das inquietações e necessidades sentidas por quantos ali vivem e trabalham e ainda, dos muitos que por imposições laborais e outras se ausentam durante parte do dia e ali tem que deixar familiares (idosos e crianças) expostos à delinquência e aos seus agentes.
Após ter feito deslocar ao local uma delegação que incluía deputados alentejanos, o Grupo Parlamentar do PCP, apresentou na Assembleia da Republica uma série de perguntas questionando o governo sobre as disponibilidades e vontade do executivo em garantir, como a Constituição da República lhe exige, a segurança àquela população.
Entretanto o Executivo Municipal fazia saber da sua disponibilidade de integrar a solução dos problemas agravados pela dificuldade da GNR local (sem os meios materiais e humanos necessários) poder garantir outro policiamento que não seja como agora, deslocar-se a Benavila quando solicitada e de acordo com os meios em cada momento.
Segundo anunciou, não só havia já garantido e doado o terreno necessário para a construção de um novo quartel em Avis como estava disponível para garantir, em Benavila, instalações que pudessem acolher em permanência um efetivo de guardas a destacar para aquela vila.
Também o Partido Socialista não ficou indiferente à situação vivida em Benavila embora a sua intervenção tenha vindo ao arrepio do necessário. O deputado eleito pelo distrito de Portalegre veio a público em defesa, não do distrito que o elegeu mas do governo que, neste caso, se tem demitido das suas responsabilidades.
Fruto do entusiasmo do momento (Luís Testa discursava imediatamente a seguir a ter sido empossado como Presidente da Federação Distrital do PS), por esquecimento das funções que a Constituição da Republica define para cada patamar de poder ou, quem sabe, por estar informado que o Partido a que pertence vai agora ( no entusiasmo da descentralização) passar para as autarquias as competências que até agora pertencem ao Poder Central este dirigente partidário disparou sobre o município acusando-o de se trasvestir no Grupo Parlamentar do PCP em vez de, disse, resolver o problema.
Num momento em que o governo de Portugal e em particular a sua Secretária de Estado para a Igualdade, se batem para que possamos construir um país multicultural e inclusivo não é aconselhável que numa parte desse país se deixe crescer o sentimento de que é um problema cultural e étnico o que não passa de manifestações de criminalidade e que, por isso mesmo, são um assunto de policia.
Porque é preciso combater o desconhecimento e o preconceito mas, também, é absolutamente necessário garantir em Benavila e em todo o território nacional a segurança dos cidadãos e dos seus bens é fundamental que os diferentes patamares do poder e sobretudo o governo central, deixem de ”chutar para o lado” e assumam essa responsabilidade.
É isso que devemos (TODOS) exigir!
Diogo J. Serra
(O presente texto deveria ter sido publicado no Jornal Fonte Nova que não se tem publicado)

Sem comentários: