Com planeamento,
investimento publico, participação e desenvolvimento
O Alentejo tem futuro!
Comunicação
de Diogo Serra
A
participação e o envolvimento são fundamentais para o êxito das políticas!
Vinte
anos depois de termos afirmado na Região o SIM à implantação do 3º pilar do
nosso poder local democrático (cumpre-se no próximo dia 8 de Novembro o 20º aniversário),
encontramo-nos hoje, em Portalegre, para mais uma vez reafirmarmos a nossa
convicção de que o Alentejo tem futuro.
Após
três décadas de “ajudas comunitárias” e de envelopes financeiros que nos foram
impondo modelos de desenvolvimento desajustados do que queremos e merecemos e
motivaram ou, no mínimo aceleraram, a destruição de parcelas importantes da
nossa economia e a passagem para países terceiros das principais alavancas do
nosso desenvolvimento.
Constatamos
que as “tais ajudas” reforçaram o poder centralista e mentor de políticas que
nos foram impondo a situação com que hoje nos debatemos: um país em que a
esmagadora maioria do investimento, da criação de riqueza, dos equipamentos e
das pessoas se amontoam numa curta faixa do litoral deixando a esmagadora
maioria do território abandonado à sua sorte, isolado, sem meios, sem gente e
sem projeto.
O
debate que aqui estamos a realizar, acrescenta condições à possibilidade de
realizarmos o Sonho.
Reafirmamos
que o Alentejo tem futuro mas, fazemos notar, que essa realidade impõe
condições com as quais não nos tem sido permitido contar: Planeamento,
Investimento Público, Participação e Desenvolvimento.
No
caso concreto desta Região, ninguém poderá assacar responsabilidades a quem cá
nasceu, vive e trabalha ou alegar carência de competências, saberes e vontade
dos alentejanos: as pessoas e as estruturas e organizações que criaram, adotaram
e sustentam como forma organizada de intervenção cívica e política.
Não
foi por falta de participação empenhada dos alentejanos, das suas autarquias e
do seu Partido que chegámos à dificílima situação em que nos encontramos.
A
riqueza do debate e das conclusões dos quinze congressos realizados, que
percorreram toda a Região e procuraram o contributo de todos para semearmos novos
rumos, aí estão a provar o forte empenhamento da Região, apesar de (quase
sempre) a colheita dessas searas ter sido arrecadada por quem para ela não
trabalhou ou tenha ficado a apodrecer nos celeiros dos mandantes.
Igualmente
terão que ser outros a assacar com a responsabilidade de quarenta e dois anos
depois de aprovada a Constituição da Republica, o país continuar privado dum
pilar importante da governação e as regiões, como o Alentejo, continuarem a
serem governadas por capatazes a mando dos poderes concentrados em Lisboa ou em
Bruxelas em vez de serem elas próprias a traçarem e executarem o futuro que
lhes pertence.
Nesta
área como em muitas outras, os Alentejanos e o seu Partido, cumpriram as suas
obrigações: os primeiros levando até ao voto a sua vontade de ter a sua Região
administrativa e o segundo, construindo uma opção legislativa, mobilizando o
seu eleitorado e cumprindo e procurando fazer cumprir os preceitos
constitucionais e, sobretudo, nunca desistindo de pensar, discutir e propor as
politicas e as medidas fundamentais para o Alentejo e os alentejanos.
Aqui
estamos de novo, Alentejanos e Partido, a promoverem, debaterem e construírem caminhos
fundamentais para a Região, constatando que a situação para onde temos sido
arrastados só poderá ser invertida se ao enorme potencial existente no Alentejo
forem adicionadas ferramentas que permitam o seu integral aproveitamento.
Aqui
em Portalegre e nos trabalhos integrados na preparação deste encontro, fomos
cimentando a nossa convicção de que não é mais possível continuarem a adiar a
implantação das infraestruturas fundamentais e há muito reclamadas: as redes
energéticas e de águas; o porto de Sines e a barragem do Pisão, as
infraestruturas aeroportuárias; as questões da ciência e formação, os
investimentos públicos na saúde, educação, equipamentos de apoio social à 3ª
idade e à infância; as políticas de emprego e a importância do poder local foram
temas profundamente debatidos.
E
constatámos, também, que as respostas que o país e esta Região reclamam e
precisam não podem ser encontradas em ações pontuais, em políticas avulsas e
desgarradas, independentemente de lhes chamarmos Plano Piloto ou ação de
valorização, da maior ou menor boa vontade de quem as decide ou do volume dos
montantes financeiros com que as tentem esconder.
O
Alentejo com futuro, que queremos e o país necessita, impõe a definição de uma
política nacional de desenvolvimento Integrado, que responda às reivindicações
e propostas já apresentadas. ( O PCP desenvolveu,
discutiu, aprovou e apresentou na Assembleia da Republica um Plano de
Desenvolvimento Integrado para a Região).
Impõe
também, que na sua definição, construção e implementação sejam envolvidos todos
os atores locais garantindo-se a participação de todos os cidadãos e as suas
estruturas representativas em todas as etapas do processo.
A
participação de todos e o envolvimento sem medos ou tabus, de todos os atores
locais, desde a conceção à sua implantação é fundamental para o êxito de
quaisquer políticas.
E
não vale falar em participação e envolvimento de todos apresentando como
exemplos as milhentas comissões e conselhos que se foram criando para fingir
que se discutem opções e políticas ou porque o politicamente correto ou as regras
comunitárias no-lo exigem. Esses são modelos já testados e cujos resultados aí
estão para provar a sua nulidade.
Muito
menos tentar convencer-nos de que se envolvem os atores locais quando sentamos
à mesa estruturas e instituições criadas com o objetivo de aumentar o poder
centralista concentrando nelas parcelas do poder que se retiram às autarquias e
fingindo ver nelas instrumentos de associativismo autárquico.
Quando
falamos da necessidade de discutir com todos e envolver todos os atores,
estamos a recordar as práticas do poder local democrático na nossa região e do
envolvimento das populações na construção das medidas que depois, todos,
assumiam como suas.
Porque
estamos em Portalegre, estamos a lembrar-nos das técnicas da nossa indústria de
Lanifícios, da nossa tapeçaria única e do papel da Teia para garantir a solidez
e beleza e solidez do produto final. Estamos a lembrar também do quanto que
comunistas e alentejanos valorizamos a força do coletivo.
A
afirmação “Ninguém viu um alentejano a cantar sozinho” não é tão só uma
afirmação cultural, é o reconhecimento que é com o envolvimento de todos que se
conseguem as melhores soluções.
É
nessa convicção que baseamos a nossa postura de que nenhumas políticas poderão
alterar os caminhos para onde nos empurraram se não contarem com a participação
comprometida de todos e todas – pessoas e organizações empenhadas e
interessadas em mudar o rumo a que temos sido sujeitos.
Portalegre,
4 de Maio de 2017.
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