PASSO A PASSO,
CONSTRUIR A IGUALDADE!*
Na próxima
quinta-feira as mulheres de todo o mundo irão, de novo, elevar a sua voz para
afirmarem a sua vontade de construírem o caminho que lhes/nos garanta a
igualdade entre mulheres e homens na família, no trabalho e na sociedade.
De novo, o Dia
Internacional da Mulher servirá para nos recordar que apesar do muito “caminho
já feito”, ainda há muito mais para percorrer.
Como sempre,
também em Portugal, o Dia Internacional da Mulher será assinalado como mais uma
etapa numa caminhada que vem de longe e não pode parar, lado a lado com as
“comemorações” de quantos e quantas, prisioneiros do mercantilismo consumista
que teima em afirmar-se, assinalarão este dia com festarolas e petiscos ou,
ainda pior, replicando nesse dia as piores práticas que alguns homens
desenvolvem todos os dias do ano.
Mais uma vez
ouviremos vozes, incluindo de mulheres, a afirmarem que a discriminação é coisa
do passado, que “elas” nunca se sentiram discriminadas, que tais práticas há
muito foram ultrapassadas…
Ainda bem que
é possível, agora, comemorar o 8 de Março, ter e poder exprimir as mais
díspares posições. E, sendo-o para todos ( a Democracia não tem donos) é-o
ainda mais para as mulheres que são, recorde-se, também no nosso país, a
maioria da população.
Todavia é
fundamental que o 8 de Março sirva também para recordarmos, a par do que ainda
tem que ser feito, o muito que foi conquistado pela mulher nas diferentes áreas
da sociedade.
Na família as
mulheres portuguesas só em 1978, com a entrada em vigor do D/L nº 496/77 de 25
de Novembro que “enterrou” o velho Código Civil, deixa de ter o estatuto de
dependência do cônjuge. Até então até para ir comprar caramelos a Badajoz,
tinha que obter autorização escrita do marido.
No trabalho,
onde ainda há tanto para fazer, viram consagrada na Constituição da Republica
de 1976 a igualdade de direitos embora a prática nos mostre como as mulheres
continuam a ser discriminadas, sendo o rendimento mensal médio das mulheres,
19,9% inferior ao dos homens.
2010
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2011
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2012
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2013
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2014
|
2015
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RMM[i]
|
18
|
18
|
18,5
|
17,9
|
16,7
|
16,7
|
GMM[ii]
|
20,9
|
20,9
|
21,1
|
20,8
|
20
|
19,9
|
( fonte: MTSSS/GEP – Quadros de Pessoal de 2015)
Na sociedade
são também bem visíveis os avanços alcançados. Se recordarmos que na monarquia
e na 1ª Republica as mulheres portuguesas estavam impedidas de votar e nem
sequer podia sonhar virem a ser eleitas, ( o voto de Beatriz Ângelo[iii]
para a Assembleia Constituinte foi tão só um “engano” dos legisladores que
ainda esse ano viriam a emendar) e que hoje, a começar pelo nosso município,
temos mulheres a exercerem os mais diversos cargos políticos, a integrarem as
forças militares e de segurança, na administração da justiça…
Está tudo
feito? Claro que não!
A comprová-lo
aí estará, no próximo dia 8 de Março, por toda a Europa, a Greve Geral das
mulheres e, no nosso país, a Manifestação convocada pelo MDM – Movimento
Democrático de Mulheres que, no dia 10 de Março inundará Lisboa.
Que
continuemos a afirmar a igualdade entre mulheres e homens.
A Sociedade
que queremos: Livre e Justa não pode prescindir duma parte (da sua maior parte)
da população.
Diogo Júlio Serra
* Publicado no Jornal Fonte Nova de 6-3-2018
[i]
Remuneração média mensal
[ii]
Ganho médio mensal
[iii]
Beatriz Ângelo, médica foi a primeira mulher a exercer o direito de voto em
Portugal
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