quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Quo Vadis?




Quo Vadis Portus Alacer?
As eleições autárquicas do passado dia 1 ditaram, para o nosso concelho, a obrigatoriedade dos eleitos mostrarem que não existem contradições entre o “verbo e a ação”. Contados os votos importa agora saber da vontade e disponibilidade de cada força politica em presença para tornar possível o governo do concelho e conduzirem-no no caminho prometido por todos: um concelho mais amigo do ambiente e das suas gentes, um território com a atratividade suficiente para fixar pessoas e trazer investimento gerador de emprego.
O eleitorado portalegrense ao atribuir novo mandato à CLIP mas retirando-lhe a maioria absoluta no Executivo e dando ao PS a maioria na Assembleia Municipal e na União das Freguesias da cidade colocou a todas as forças com representação autárquica a exigência de porem Portalegre à frente dos seus interesses de grupo, por mais legítimos que esses sejam.
Ao imporem a todos que assumam Portalegre Primeiro, os homens e mulheres que foram às urnas mostrar a sua vontade abriram também a todos os partidos e grupos políticos uma nova janela de oportunidades.
Ao negar as maiorias absolutas que cegam os dirigentes e tolhem as vontades (como o último mandato deixou claro), os portalegrenses “da cidade e da serra” impuseram-lhes a obrigatoriedade de com dialogo procurarem as soluções para os nossos problemas que são muitos e graves e conseguirem encontrar caminhos que possam ser percorridos em conjunto ou, pelo menos em maioria.
Contados os votos e conhecida a composição dos órgãos constata-se que a CLIP, no executivo municipal, não pode continuar a ostracizar os outros eleitos. Também o PS, apesar de ter recolhido o maior número de votos para a Assembleia Municipal e para a Assembleia de freguesia da cidade, não poderá copiar as práticas CLIP do anterior mandato.
Não vai ser tarefa fácil tanto mais que as “transferências” verificadas entre os “clubes”, as “elevadas temperaturas” que a disputa eleitoral por vezes atingiu e a recordação dos comportamentos havidos no decorrer do último mandato são mais atreitas a construir diques do que a estabelecer pontes. Mas não é impossível. Em política não há impossíveis!
Portalegre, cidade e concelho, debatem-se com enormes dificuldades, nem todas fruto das governações locais, independentemente dos olhares com que as vemos e cuja solução também não passa, apenas ou sobretudo, pelo poder local independentemente da vontade e capacidade dos seus eleitos.
Se é verdade que as políticas de higiene e limpeza, de animação cultural e lazer, de dar à cidade a possibilidade de usufruir dos seus tesouros arquitetónicos e naturais e aos portalegrenses os meios para dela se apropriarem podem e devem ser implementadas.
Se é certo que importa melhorar as condições de atratividade a quem aqui queira investir (quem já cá está e quem mais consigamos atrair) é importante que todos assumamos que não estamos em condições, o interior não está, de o fazer sozinhos. É fundamental que todos assumamos a necessidade de impor ao poder central um olhar diferente sobre todo o interior definindo uma política nacional de desenvolvimento para o interior que encaminhe para Portalegre investimento, conhecimento e emprego, começando por devolver-nos o muito que nos tirou particularmente serviços públicos e órgãos de decisão e garantindo as infraestruturas que há muito aqui deviam estar: vias de comunicação (IC13; ligação da A23 à A6, passando por Portalegre, transporte ferroviário modernizado e de acesso fácil; o cumprimento das cíclicas promessas de construção do Pisão e condições de acesso às novas estradas da comunicação (NET) de que a esmagadora maioria do distrito se encontra arredada.
O que se exige não é, já o afirmámos, tarefa fácil, mas é essencial para que possamos travar o caminho para o abismo, recuperar o orgulho de viver e trabalhar aqui, garantir aos nossos jovens que vale a pena regressar e, sobretudo, dar a todos e cada um de nós as condições de vida e de trabalho que aspiramos e merecemos.
Aos eleitos exige-se que saibam responder às expetativas de quem os elegeu aos eleitores (mesmo os absentistas), a obrigação de não se alhearem do nosso viver coletivo e da governação do nosso território.
Está nas nossas mãos!
Diogo Júlio Serra

 * publicado no Jornal Alto Alentejo de 11-10-2017

1 comentário:

Isidro Santos disse...

Ótimo texto a apelar à comunhão das mãos, dos sentidos e sobretudo da responsabilidade de ser eleito. Sobscrevo totalmente esta vontade. Oxalá todos a interiorizem e a pratique para bem de Portalegre e dos portalegrenses.