Quo Vadis Portus Alacer?
As eleições autárquicas do passado dia 1 ditaram, para o nosso concelho, a
obrigatoriedade dos eleitos mostrarem que não existem contradições entre o
“verbo e a ação”. Contados os votos importa agora saber da vontade e disponibilidade
de cada força politica em presença para tornar possível o governo do concelho e
conduzirem-no no caminho prometido por todos: um concelho mais amigo do
ambiente e das suas gentes, um território com a atratividade suficiente para
fixar pessoas e trazer investimento gerador de emprego.
O eleitorado portalegrense ao atribuir novo mandato à CLIP mas
retirando-lhe a maioria absoluta no Executivo e dando ao PS a maioria na
Assembleia Municipal e na União das Freguesias da cidade colocou a todas as
forças com representação autárquica a exigência de porem Portalegre à frente
dos seus interesses de grupo, por mais legítimos que esses sejam.
Ao imporem a todos que assumam Portalegre Primeiro, os homens e mulheres
que foram às urnas mostrar a sua vontade abriram também a todos os partidos e
grupos políticos uma nova janela de oportunidades.
Ao negar as maiorias absolutas que cegam os dirigentes e tolhem as vontades
(como o último mandato deixou claro), os portalegrenses “da cidade e da serra”
impuseram-lhes a obrigatoriedade de com dialogo procurarem as soluções para os
nossos problemas que são muitos e graves e conseguirem encontrar caminhos que
possam ser percorridos em conjunto ou, pelo menos em maioria.
Contados os votos e conhecida a composição dos órgãos constata-se que a
CLIP, no executivo municipal, não pode continuar a ostracizar os outros
eleitos. Também o PS, apesar de ter recolhido o maior número de votos para a
Assembleia Municipal e para a Assembleia de freguesia da cidade, não poderá
copiar as práticas CLIP do anterior mandato.
Não vai ser tarefa fácil tanto mais que as “transferências” verificadas
entre os “clubes”, as “elevadas temperaturas” que a disputa eleitoral por vezes
atingiu e a recordação dos comportamentos havidos no decorrer do último mandato
são mais atreitas a construir diques do que a estabelecer pontes. Mas não é
impossível. Em política não há impossíveis!
Portalegre, cidade e concelho, debatem-se com enormes dificuldades, nem
todas fruto das governações locais, independentemente dos olhares com que as
vemos e cuja solução também não passa, apenas ou sobretudo, pelo poder local independentemente
da vontade e capacidade dos seus eleitos.
Se é verdade que as políticas de higiene e limpeza, de animação cultural e
lazer, de dar à cidade a possibilidade de usufruir dos seus tesouros arquitetónicos
e naturais e aos portalegrenses os meios para dela se apropriarem podem e devem
ser implementadas.
Se é certo que importa melhorar as condições de atratividade a quem aqui
queira investir (quem já cá está e quem mais consigamos atrair) é importante
que todos assumamos que não estamos em condições, o interior não está, de o
fazer sozinhos. É fundamental que todos assumamos a necessidade de impor ao
poder central um olhar diferente sobre todo o interior definindo uma política
nacional de desenvolvimento para o interior que encaminhe para Portalegre
investimento, conhecimento e emprego, começando por devolver-nos o muito que
nos tirou particularmente serviços públicos e órgãos de decisão e garantindo as
infraestruturas que há muito aqui deviam estar: vias de comunicação (IC13;
ligação da A23 à A6, passando por Portalegre, transporte ferroviário
modernizado e de acesso fácil; o cumprimento das cíclicas promessas de
construção do Pisão e condições de acesso às novas estradas da comunicação
(NET) de que a esmagadora maioria do distrito se encontra arredada.
O que se exige não é, já o afirmámos, tarefa fácil, mas é essencial para
que possamos travar o caminho para o abismo, recuperar o orgulho de viver e
trabalhar aqui, garantir aos nossos jovens que vale a pena regressar e,
sobretudo, dar a todos e cada um de nós as condições de vida e de trabalho que
aspiramos e merecemos.
Aos eleitos exige-se que saibam responder às expetativas de quem os elegeu
aos eleitores (mesmo os absentistas), a obrigação de não se alhearem do nosso
viver coletivo e da governação do nosso território.
Está nas nossas mãos!
Diogo Júlio Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo de 11-10-2017
1 comentário:
Ótimo texto a apelar à comunhão das mãos, dos sentidos e sobretudo da responsabilidade de ser eleito. Sobscrevo totalmente esta vontade. Oxalá todos a interiorizem e a pratique para bem de Portalegre e dos portalegrenses.
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