terça-feira, 17 de outubro de 2017

O Fonte Nova cumpre 33 Primaveras.


Parabéns Fonte Nova!
Os jornais, como as pessoas, não escolhem o local para nascerem.
No que às pessoas diz respeito, o local onde se nasce e vive é fundamental para definir a esperança de vida. Aos jornais também.
Porque sabemos (sentimos) isso não poderemos de considerar heroico o acumular de aniversários em pessoas que vivem em regiões onde as condições de vida são paupérrimas ou, os jornais e revistas que nasceram e vivem pelo nosso interior e em particular no nosso distrito e cidade.
E tudo isto a propósito deste Jornal que nascido a 10 de Outubro de 1984 cumpre agora o seu 33º aniversário.
Três décadas não são nada quando comparado com a presença secular dum Diário de Noticias, dum Jornal de Noticiais e outros mais que ultrapassaram o centenário, dir-me-ão os mais atentos” a estas coisas dos jornais”. Mas será assim?
Será que as três décadas e tanto de um Jornal como o Fonte Nova, nascido, escrito e comprado no distrito de Portalegre podem ser medidas apenas pelo passar dos anos? Ou o facto de ter que viver (sobreviver) num território sem gente, sem empresas e, por isso, sem anunciantes e receita publicitária não leva a que cada década de vida possa/deva ser multiplicada por dez?
Sejamos sinceros. Não é a mesma coisa, para as pessoas e para os jornais, viverem em grandes centros do litoral ou (sobre)viverem no interior do país e em particular no interior do interior como é o caso.
Fazer um jornal em Portalegre impõe para além duma elevada dose de romantismo e um pé-de-meia de suporte, a capacidade para lutar contra a escassez publicitária e o “paternalismo” dos poucos que trazem publicidade e a disponibilidade para aceitar. Mas tem mais. Num meio pequeno e fechado como é Portalegre há sempre a dificuldade de aceitar a crítica por mais justa que seja e a tendência para aceitar a sua verdade como a única e inquestionável.
É contra tudo isto que quem persiste em fazer/ter um jornal em Portalegre tem que batalhar. É tudo isto que me leva a dizer que aqui, no interior do interior, um ano de publicação tem que ser multiplicado por dez. Mais, aqui, a mera presença de um órgão de informação é, mais que o acto de resistência já referido, independentemente de estarmos ou não (sempre) de acordo com o seu conteúdo, um grito de afirmação da nossa região.
Que possamos continuar a contar com esse grito!
 Diogo Júlio Serra
Publicado no Fonte Nova de 17-10-2017

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