Parabéns Fonte Nova!
Os jornais, como as pessoas, não escolhem o local
para nascerem.
No que às pessoas diz respeito, o local onde se
nasce e vive é fundamental para definir a esperança de vida. Aos jornais
também.
Porque sabemos (sentimos) isso não poderemos de
considerar heroico o acumular de aniversários em pessoas que vivem em regiões
onde as condições de vida são paupérrimas ou, os jornais e revistas que
nasceram e vivem pelo nosso interior e em particular no nosso distrito e
cidade.
E tudo isto a propósito deste Jornal que nascido a
10 de Outubro de 1984 cumpre agora o seu 33º aniversário.
Três décadas não são nada quando comparado com a
presença secular dum Diário de Noticias, dum Jornal de Noticiais e outros mais
que ultrapassaram o centenário, dir-me-ão os mais atentos” a estas coisas dos
jornais”. Mas será assim?
Será que as três décadas e tanto de um Jornal como
o Fonte Nova, nascido, escrito e comprado no distrito de Portalegre podem ser
medidas apenas pelo passar dos anos? Ou o facto de ter que viver (sobreviver)
num território sem gente, sem empresas e, por isso, sem anunciantes e receita
publicitária não leva a que cada década de vida possa/deva ser multiplicada por
dez?
Sejamos sinceros. Não é a mesma coisa, para as
pessoas e para os jornais, viverem em grandes centros do litoral ou
(sobre)viverem no interior do país e em particular no interior do interior como
é o caso.
Fazer um jornal em Portalegre impõe para além duma
elevada dose de romantismo e um pé-de-meia de suporte, a capacidade para lutar
contra a escassez publicitária e o “paternalismo” dos poucos que trazem
publicidade e a disponibilidade para aceitar. Mas tem mais. Num meio pequeno e
fechado como é Portalegre há sempre a dificuldade de aceitar a crítica por mais
justa que seja e a tendência para aceitar a sua verdade como a única e
inquestionável.
É contra tudo isto que quem persiste em fazer/ter
um jornal em Portalegre tem que batalhar. É tudo isto que me leva a dizer que
aqui, no interior do interior, um ano de publicação tem que ser multiplicado
por dez. Mais, aqui, a mera presença de um órgão de informação é, mais que o
acto de resistência já referido, independentemente de estarmos ou não (sempre)
de acordo com o seu conteúdo, um grito de afirmação da nossa região.
Que possamos continuar a contar com esse grito!
Diogo Júlio Serra
Publicado no Fonte Nova de 17-10-2017
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