quarta-feira, 10 de maio de 2017

Como Tratam(os) as nossas crianças!


Como tratam/tratamos as nossas crianças?

A Assembleia Municipal de Portalegre, na sua sessão do mês de Abril, debateu e aprovou uma moção que tratava da qualidade da alimentação que disponibilizamos à população escolar da cidade.
Falamos das nossas crianças.
Em causa a falta de qualidade ou a desadequação das refeições servidas em algumas escolas da cidade pelas empresas a quem tal serviço foi concessionado.
Os (maus) exemplos foram sendo apresentados por diversos membros da assembleia na qualidade de eleitos locais, de pais, professores, encarregados de educação e como se verificou tais exemplos são muitos e graves.
Como seria de esperar a moção mereceu a aprovação generalizada da Assembleia Municipal e também as justificações do Executivo sobre o acompanhamento que faz, ou não faz, e dos alertas que já foi fazendo chegar à Direção Regional de Educação, entidade que contratou a empresa concessionária.
Até aqui tudo bem. Só que o problema de fundo não foi, mais uma vez, aflorado ou foi-o de uma forma muito ligeira.
Qual a razão para escolas e agrupamentos terem deixado de confecionar as refeições para as nossas crianças e terem esses serviços sido concessionados, mesmo quando as escolas e as comunidades possuíam condições para continuarem a garantir, com vantagens, as refeições à comunidade escolar?
Quais as vantagens (se as há) de concessionar tais serviços a empresas (nacionais ou multinacionais) sediadas fora do concelho e da região cujo interesse primeiro não é, como é sabido, a saúde e o bem-estar dos nossos filhos e netos?
O caso de Portalegre é elucidativo. Os problemas existem apenas nas escolas que têm como concessionárias as empresas do grupo restrito que se digladia a nível nacional para ganharem os concursos que vão sendo abertos em qualquer ponto do país, seja para uma fábrica, para um hospital ou uma escola…
Para estas questões não houve resposta e a situação (o poder dessas empresas) chegou até a suportar um início de justificação para a inércia: “ existe um contrato e enquanto este durar não há nada a fazer…”
A moção aprovada “recomenda” ao Executivo Municipal que tome as medidas necessárias para garantirmos que as nossas crianças não continuem sujeitas ao tratamento desqualificado, desadequado e perigoso que foram detetados e alvo de censura.
É suficiente?
Esperemos, mas esperemos vigilantes. Desta vez as vítimas são os nossos filhos e netos.
Diogo Júlio Serra
Publicado no Jornal Fonte Nova de 9-5-17


Sem comentários: