Como
tratam/tratamos as nossas crianças?
A Assembleia Municipal de
Portalegre, na sua sessão do mês de Abril, debateu e aprovou uma moção que
tratava da qualidade da alimentação que disponibilizamos à população escolar da
cidade.
Falamos das nossas crianças.
Em causa a falta de qualidade ou
a desadequação das refeições servidas em algumas escolas da cidade pelas
empresas a quem tal serviço foi concessionado.
Os (maus) exemplos foram sendo
apresentados por diversos membros da assembleia na qualidade de eleitos locais,
de pais, professores, encarregados de educação e como se verificou tais
exemplos são muitos e graves.
Como seria de esperar a moção
mereceu a aprovação generalizada da Assembleia Municipal e também as
justificações do Executivo sobre o acompanhamento que faz, ou não faz, e dos
alertas que já foi fazendo chegar à Direção Regional de Educação, entidade que
contratou a empresa concessionária.
Até aqui tudo bem. Só que o
problema de fundo não foi, mais uma vez, aflorado ou foi-o de uma forma muito
ligeira.
Qual a razão para escolas e
agrupamentos terem deixado de confecionar as refeições para as nossas crianças
e terem esses serviços sido concessionados, mesmo quando as escolas e as
comunidades possuíam condições para continuarem a garantir, com vantagens, as
refeições à comunidade escolar?
Quais as vantagens (se as há) de
concessionar tais serviços a empresas (nacionais ou multinacionais) sediadas
fora do concelho e da região cujo interesse primeiro não é, como é sabido, a saúde
e o bem-estar dos nossos filhos e netos?
O caso de Portalegre é
elucidativo. Os problemas existem apenas nas escolas que têm como
concessionárias as empresas do grupo restrito que se digladia a nível nacional
para ganharem os concursos que vão sendo abertos em qualquer ponto do país,
seja para uma fábrica, para um hospital ou uma escola…
Para estas questões não houve
resposta e a situação (o poder dessas empresas) chegou até a suportar um início
de justificação para a inércia: “ existe
um contrato e enquanto este durar não há nada a fazer…”
A moção aprovada “recomenda” ao
Executivo Municipal que tome as medidas necessárias para garantirmos que as
nossas crianças não continuem sujeitas ao tratamento desqualificado,
desadequado e perigoso que foram detetados e alvo de censura.
É suficiente?
Esperemos, mas esperemos
vigilantes. Desta vez as vítimas são os nossos filhos e netos.
Diogo Júlio Serra
Publicado no Jornal Fonte Nova de 9-5-17
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