ictvr -VEMOS, OUVIMOS E LEMOS.
NÃO PODEMOS IGNORAR!*
Em artigo publicado neste jornal (nº 481 de 22 de Junho) o ex- Diretor Técnico
do ICTVR – Centro Internacional de Tecnologias de Realidade Virtual, vinha a
público trazer-nos a “sua” verdade sobre o que levou ao desmoronar dum projeto
que se acreditou ser capaz de alavancar a ascensão da cidade e da região a
patamares de excelência nas industrias tecnológicas e criativas.
No seu longo artigo que justifica com a necessidade de contar a verdade
sobre o princípio e fim do ICTVR aquele ex-dirigente procura justificar a sua
participação e assume-se como vítima de um processo que levou à delapidação de
alguns (muitos milhões), transformou em pesadelo o sonho de jovens quadros a
quem fizeram acreditar que o seu futuro estava garantido na sua cidade e
colocou em total desaproveitamento equipamentos e saberes de grande valia
social e económica.
Algumas das afirmações proferidas que o autor diz serem apenas factos
comprováveis e as muitas perguntas que nos deixa revelam-se de uma tal
gravidade que deveriam ter originado um mar de desmentidos, de esclarecimentos
e de promessas de processos na justiça.
Ao contrário e estranhamente (ou talvez não) o que assistimos é a um
silencio ensurdecedor.
Responsáveis autárquicos (antigos e atuais), dirigentes académicos e empresários
ligados ao projeto, forças políticas no poder ou na oposição, ou não leram ou
fingem não saber o que ali foi afirmado ou insinuado.
E não foi pouco. O antigo Diretor Técnico do ICTVR afirma-se vítima de um
processo que destruiu de forma deliberada um projeto que diz, tinha tudo para
dar certo.
Denuncia o Executivo Municipal então presidido por Mata Cáceres de não ter
oficializado as decisões tomadas para com o ICTVR e em particular o facto do
direito do uso das instalações no espaço Robinson e do investimento assumido
pela Câmara nunca terem sido analisados e aprovados quer na Câmara quer na
Assembleia Municipal.
Acusa as autoridades académicas de compadrio com os que decidiram alterar o
projeto inicial e depois, estrangular financeiramente o ICTVR e acusa ainda
forças que não identifica, como protagonistas de uma campanha visando destruir
a sua reputação profissional e pessoal.
Acompanhei o processo ICTVR numa fase em que este há muito deixara de ser
uma oportunidade e se havia transformado numa enorme dor de cabeça. Então,
enquanto administrador não executivo da Fundação Robinson, participei em
algumas reuniões duma Comissão Administrativa que procurava ainda salvar do
desastre algumas das suas componentes.
Recordo quer a informação que tínhamos de que o então Diretor Técnico havia
abandonado as suas funções e se comportava como elemento hostil à sobrevivência
do ICTVR, quer as tentativas e pressões de alguns dos sócios do ICTVR para que
fosse a Fundação a assumir o ICTVR. Situação que o Conselho de Administração
que integrava, sempre recusou.
Por tudo isto, ao ler o artigo da autoria do professor Gastão Marques
esperei que o mesmo levantasse, no mínimo, um ruído parecido com o que desde
sempre foi “oferecido” à Fundação Robinson.
Engano meu! Mesmo depois dos “esclarecimentos” publicados, a cidade mantem
a mesma incompreensível postura de “assobiar para o lado”.
Onde estão as forças políticas da oposição (mas também da maioria) que afirmando-se
preocupadas com os gastos públicos elegeram a Fundação Robinson como saco de
pancada onde é possível descarregar todas as frustrações?
Onde estão os porta-vozes dessa cultura tão lagóia do diz que diz ou dos
atos de heroísmo à mesa do café ou a coberto do anonimato nas redes sociais?
E, por onde andam os gestores do ICTVR, os nomeados pela Câmara e os
outros? E os autarcas, particularmente o então Presidente Mata Cáceres acusado
de ter escondido do município, ou pelo menos não ter levado ao assumir, das
decisões por ele tomadas?
Aguardemos!
Diogo Júlio Serra
Ex-Administrador (não executivo) da Fundação Robinson
*publicado no Jornal Alto Alentejo de 13 de Julho de 2016
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