É a hora!*
Num momento em que se prepara o Orçamento de Estado para o próximo ano.
Quando as diversas forças políticas se afadigam na apresentação das suas
propostas e projetos e, entre os partidos políticos que têm vindo a suportar
politicamente o governo atual, cuja ação, diga-se em abono da verdade, tem
vindo a pautar-se pela vontade de corrigir algumas das principais
“malfeitorias” do governo anterior, se esboçam as primeiras abordagens
conjuntas para garantir a sua elaboração e aprovação, a Construção da Barragem
do Pisão voltou à ribalta.
Ainda bem que assim é. Sendo certo que este retomar dessa velha e
importante aspiração/reivindicação do Norte Alentejano é, por si só, de grande
importância é-o tanto mais porque no passado mês de Julho a Assembleia da
Republica votou por unanimidade uma iniciativa parlamentar do PCP que recomenda
ao Governo a inclusão do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins
Múltiplos do Crato (Barragem do Pisão) nas prioridades de investimento em
regadio.
Depois de décadas em que se procurou concretizar o sonho de toda uma
região, depois de inúmeros estudos que confirmam a importância deste
empreendimento para a Região e para o País, depois de inúmeras promessas não
cumpridas e mesmo de algumas “traições” é possível que este seja o tempo certo,
que tenha chegado a hora.
Todavia importa não repetir erros do passado. É fundamental assumirmos,
todos, que a construção da Barragem do Pisão, mais que uma bandeira de luta político-partidária
(a proximidade das eleições autárquicas não ajudará) é, tem que ser, a
reivindicação de uma região que tem vindo a pagar um preço demasiado elevado
por ter baixo poder reivindicativo e por não ter sabido, (nunca o conseguiu)
estabelecer as alianças politicas e sociais capazes de colocarem o interesse da
região acima dos interesses imediatos dos protagonistas regionais e locais.
É esse o risco que voltamos a correr.
As funções que desempenhei (talvez por demasiado tempo) na coordenação da ação
sindical permitiram-me/obrigaram-me a acompanhar de perto o “folhetim Pisão” ao
longo de mais de três décadas.
Conheci e participei em algumas das principais iniciativas visando
convencer os de fora da importância desta infraestrutura para todo o distrito e
em particular para os concelhos diretamente beneficiários. Vivi com muitos
outros atores locais momentos de elevação como o foi, por exemplo, o Debate de
2012, organizado por este jornal e pelo jornal A Mensagem mas, também os
momentos de acesa disputa política partidária com o empreendimento de aproveitamento
hidráulico de fins múltiplos do Crato a servir de arma de arremesso entre os
vários intervenientes.
Entendo o atual momento político como o momento certo para concretizarmos o
sonho: um governo do Partido Socialista com suporte parlamentar dos partidos da
Esquerda (PS, PEV, PCP e BE), um ministério das Infraestruturas liderado por um
ex-deputado eleito por este círculo eleitoral, unanimidade parlamentar sobre a
necessidade do investimento. Não poderemos é continuar a dar “tiros nos pés”.
A vontade de colher louros para as batalhas autárquicas que aí vêm não pode
tolher-nos a razão.
Algumas afirmações que recentemente vieram a público mesmo que verdadeiras
(e manifestamente não o são) só servem para dividir o que precisamos esteja
unido e atuante.
Que o bom senso impere. Bem precisamos!
* Publicado no Jornal Alto Alentejo de 21-09-2016
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