41 anos depois continuam
os sonhos e as lutas
Diogo Júlio Serra *
No passado dia quatro
cumpriram-se quarenta e um anos desde aquela noite de 1975 em que nas
instalações da Delegação de Portalegre do Sindicato dos Bancários, na Praceta,
reuniu sob a presidência de António Milheiro, bancário, António Serra, operário
agrícola e António Ceia dos Reis, Corticeiro, a Assembleia Constituinte da
União dos Sindicatos do Distrito de Portalegre, para discutir e aprovar os
Estatutos e instituírem a organização sindical dos trabalhadores do distrito
que se assumiria desde a primeira hora como a Intersindical do distrito de
Portalegre.
Estavam presentes 4
sindicatos com representação distrital: Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas
do distrito de Portalegre, Sindicato dos Sindicato dos Bancários de Lisboa,
Sindicato dos Operários Corticeiros do distrito de Portalegre e Sindicato dos
Químicos do Sul, que representavam mais de 50% dos trabalhadores sindicalizados
no distrito.
De fora, embora por
pouco tempo, ficavam o Sindicato dos Lanifícios, o Sindicato do Metalúrgicos de
Portalegre e o Sindicato da Construção Civil, mais os Sindicatos dos
Rodoviários e dos Caixeiros e Empregados de escritório já então, “enamorados”
do reformismo sindical que haveria de desaguar nos processos fraccionistas da
Carta Aberta e dos que se seguiram.
Desta forma tomava
corpo o desejo de constituir um organismo de direcção e coordenação da acção
sindical que, também no distrito de Portalegre, se desenvolvia de forma intensa
desde os últimos anos do Marcelismo mas com particular intensidade desde o 25
de Abril de 1974.
Tratava-se de dar
enquadramento legal à estrutura organizada dos trabalhadores que no terreno
dirigira a tomada dos sindicatos fascistas e garantira a gestão dos sindicatos
pelos trabalhadores associados. Fora assim na tomada do Sindicato dos Operários
Corticeiros, do Sindicato dos Caixeiros e Empregados de Escritório e fora
igualmente esta estrutura a apoiar a acção de refundação dos sindicatos cuja
actividade fora proibida pelo fascismo: Função Pública, Professores,
Administração Local.
Fora ainda esta
estrutura “informal” que apoiara a refundação do Sindicato dos Trabalhadores da
Agricultura e, através dele organizara os trabalhadores na luta por salários e
por emprego e na constituição de inúmeras Unidades Colectivas de Produção
Agrícola que promoveram uma Revolução dentro da Revolução
Fundada formalmente
no apogeu da Revolução viveu de forma intensa o “processo da Reforma Agrária” e
coordenou todas as acções sindicais de conquistas de direitos individuais e
colectivos e, com a vitória da contra revolução politico-militar, dirigiu a
luta em defesa das conquistas que Abril abriu.
Hoje, quarenta e um
anos depois, com milhares de lutas travadas, com vitórias e derrotas no seu
historial, mas sempre em estreita ligação com os trabalhadores e trabalhadoras
deste distrito, a União dos Sindicatos entretanto renomeada como União dos
Sindicatos do Norte Alentejano continua a afirmar-se como a maior e mais
representativa organização social do distrito de Portalegre e a demonstrar a
mesma firmeza e entusiasmo na defesa dos trabalhadores que representa e do
direito de todos em trabalharmos e vivermos num território acolhedor e
desenvolvido.
Eu que acompanhei o
seu percurso, desde o nascimento até hoje e com particulares responsabilidades
entre 1978 e 2015, sou disso testemunha.
Hoje, no dia em que
comemora mais um aniversário a União dos Sindicatos do Norte Alentejano é
companhia inquestionável de quantos aspiram a um futuro melhor, parceiro
indispensável de órgãos do poder democrático e actor imprescindível na
aplicação das políticas necessárias à região e ao país.
Que persista na sua
acção.
Sempre, Sempre com
os trabalhadores e trabalhadoras do Norte Alentejano!
* publicado no Jornal Fonte Nova de 12/7/16
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