quarta-feira, 13 de julho de 2016




41 anos depois continuam os sonhos e as lutas
 Diogo Júlio Serra *

No passado dia quatro cumpriram-se quarenta e um anos desde aquela noite de 1975 em que nas instalações da Delegação de Portalegre do Sindicato dos Bancários, na Praceta, reuniu sob a presidência de António Milheiro, bancário, António Serra, operário agrícola e António Ceia dos Reis, Corticeiro, a Assembleia Constituinte da União dos Sindicatos do Distrito de Portalegre, para discutir e aprovar os Estatutos e instituírem a organização sindical dos trabalhadores do distrito que se assumiria desde a primeira hora como a Intersindical do distrito de Portalegre.

Estavam presentes 4 sindicatos com representação distrital: Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do distrito de Portalegre, Sindicato dos Sindicato dos Bancários de Lisboa, Sindicato dos Operários Corticeiros do distrito de Portalegre e Sindicato dos Químicos do Sul, que representavam mais de 50% dos trabalhadores sindicalizados no distrito.

De fora, embora por pouco tempo, ficavam o Sindicato dos Lanifícios, o Sindicato do Metalúrgicos de Portalegre e o Sindicato da Construção Civil, mais os Sindicatos dos Rodoviários e dos Caixeiros e Empregados de escritório já então, “enamorados” do reformismo sindical que haveria de desaguar nos processos fraccionistas da Carta Aberta e dos que se seguiram.

Desta forma tomava corpo o desejo de constituir um organismo de direcção e coordenação da acção sindical que, também no distrito de Portalegre, se desenvolvia de forma intensa desde os últimos anos do Marcelismo mas com particular intensidade desde o 25 de Abril de 1974.

Tratava-se de dar enquadramento legal à estrutura organizada dos trabalhadores que no terreno dirigira a tomada dos sindicatos fascistas e garantira a gestão dos sindicatos pelos trabalhadores associados. Fora assim na tomada do Sindicato dos Operários Corticeiros, do Sindicato dos Caixeiros e Empregados de Escritório e fora igualmente esta estrutura a apoiar a acção de refundação dos sindicatos cuja actividade fora proibida pelo fascismo: Função Pública, Professores, Administração Local.

Fora ainda esta estrutura “informal” que apoiara a refundação do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e, através dele organizara os trabalhadores na luta por salários e por emprego e na constituição de inúmeras Unidades Colectivas de Produção Agrícola que promoveram uma Revolução dentro da Revolução

Fundada formalmente no apogeu da Revolução viveu de forma intensa o “processo da Reforma Agrária” e coordenou todas as acções sindicais de conquistas de direitos individuais e colectivos e, com a vitória da contra revolução politico-militar, dirigiu a luta em defesa das conquistas que Abril abriu.

Hoje, quarenta e um anos depois, com milhares de lutas travadas, com vitórias e derrotas no seu historial, mas sempre em estreita ligação com os trabalhadores e trabalhadoras deste distrito, a União dos Sindicatos entretanto renomeada como União dos Sindicatos do Norte Alentejano continua a afirmar-se como a maior e mais representativa organização social do distrito de Portalegre e a demonstrar a mesma firmeza e entusiasmo na defesa dos trabalhadores que representa e do direito de todos em trabalharmos e vivermos num território acolhedor e desenvolvido.

Eu que acompanhei o seu percurso, desde o nascimento até hoje e com particulares responsabilidades entre 1978 e 2015, sou disso testemunha.

Hoje, no dia em que comemora mais um aniversário a União dos Sindicatos do Norte Alentejano é companhia inquestionável de quantos aspiram a um futuro melhor, parceiro indispensável de órgãos do poder democrático e actor imprescindível na aplicação das políticas necessárias à região e ao país.

Que persista na sua acção.
Sempre, Sempre com os trabalhadores e trabalhadoras do Norte Alentejano!

* publicado no Jornal Fonte Nova de 12/7/16



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