cá ando outra vez na rua
entreguei o fato ao dono
e a miséria continua!
(António Aleixo)
Esta quadra de Aleixo ilustra na perfeição o nosso distrito neste início de Setembro.
Terminadas as festas em Campo Maior e no Crato, encerrada a "escolinha dos jotas" em Castelo de Vide, as diferentes figuras e em particular os figurões voltaram à "cidade grande" e procuram criar "factos novos" enquanto a comunicação social nacional, que só nos descobre quando os figurões por cá poisam, apontam os holofotes para os locais onde, dizem, a notícia acontece, mesmo que a "notícia" seja apenas o eco do que os poderosos gritaram.
Por cá ficamos os de sempre: os norte alentejanos. Mais envelhecidos e fragilizados, mais pessimistas e cada vez menos disponíveis para acreditar que temos futuro.
Os que há décadas nos enganam ou, no mínimo, exercem o papel de capatazes dos mandantes e na esperança de conseguirem algumas migalhas, procuram manter-nos dóceis seja pelo medo, pela cobiça ou pela descrença afadigam-se já na construção de discursos eloquentes, rebuscam a mil e uma promessas eleitorais nunca cumpridas, procuram junto dos generais partidários "a graça" de nova visita do(s) chefe(s).
Em tempo de campanha eleitoral (por isso tanto figurão nas festas do distrito) os partidos do "arco da (des) governação apostam todas as fichas na procura de diferenças (inexistentes) nas propostas eleitorais, na leitura da situação do distrito, nas responsabilidades pela situação a que chegamos.
Os partidos à esquerda procurarão fazer chegar as suas propostas a uma população cada vez mais descrente e eles próprios sabendo que num distrito que só elege dois deputados romper a teia do conformismo e o poder que o Jobs dão aos partidos que há quarenta anos repartem entre si as benesses do poder.
Tarefa hercúlea que tem que ser, de novo, desenvolvida.
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