domingo, 16 de agosto de 2015

Quando uma porta se fecha abre-se sempre uma janela!


Quando uma porta se fecha abre-se sempre uma janela.
Será?

     A afirmação que assumo como título deste texto, o último a ser subscrito como Coordenador da USNA/cgtp-in é a transcrição de um ditado popular usado na nossa região.
     A dúvida colocada é justificada tão só pela proximidade da data em que deixo a coordenação da União e procuro "acertar o passo" com o que quero que seja o meu futuro imediato.
     Os projectos, em particular os que deixaram de ser projectos de vida para se assumirem como o projecto de uma vida, como foi o caso, marcam-nos sempre, mesmo que o não queiramos admitir. Este não foi diferente, tanto mais que o Movimento Sindical de classe e a União fazem parte da minha vida desde a juventude. Foram a  família mesmo antes de ter constituído a minha família.
     Quando casei em 1980, quando nasceram os meus filhos, hoje com 34 e 31 anos, os meus dias ( e tantas vezes as noites) eram guiados a partir da velha sede da União, na travessa da liberdade, no edifício onde hoje está sedeada a delegação local do Novo Banco.
     Ali, com outros camaradas e amigos, desenhei o programa das comemorações do 1º de Maio de 1978 e com o Joaquim Miranda então à frente do Secretarado Distrital das UCP's e Cooperativas e o António Ramos do Sindicato Agrícola, preparámos a vinda e distribuição das máquinas agrícolas oferecidas pela União Soviética às cooperativas do distrito.
     Ali, com dezenas de outros camaradas, defendemos o edifício perante a turba enraivecida convocada pela CAP para o Rossio, naquela que seria a primeira manifestação da CAP a sul do Tejo.  
     Foi ainda a partir daquele edifício, onde estavam sedeados o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura, o Secretariado das UCP´s e Cooperativas e a União dos Sindicatos do Distrito de Portalegre, que planificámos, coordenámos e dirigimos a primeira Greve Geral realizada no pós 25 de Abril.
     Foram trinta e sete anos de intensa actividade em que percorri com muitos outros o caminho que une a minha condição de jovem acabado de deixar o serviço militar obrigatório (os vencedores do 25 de Novembro passaram-me de forma compulsiva à disponibilidade a 2 de Dezembro de 1975) e profundamente empenhado no processo revolucionário e em particular no desenvolvimento das Unidades Colectivas de Produção Agrícolas, ao homem que ultrapassou os sessenta, marido, pai e avô que continua a acreditar que os homens e mulheres, todos e todas hão-de um dia libertar-se das grilhetas e, como dizia o poeta refereindo-se ao Alentejo, hão-de cantar!
     Agora aos 24 dias de Junho de 2015, 37 anos depois daquela noite de Fevereiro de 1978, é preciso aprender a gostar de mim. Aprender a libertar-me dessa carapaça que me acompanhou ao longo de décadas e a tornar possível que sejam outros e outras, jovens, entusiastas e sonhadores a assumirem o seu papel.
     Procurar ( acreditem que não vai ser fácil ) estar disponível se solicitado sem atrapalhar quem ficou e assumir novos projectos e batalhas.
D.S
2015-06-24 
 
 
 

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