"Mas há sempre uma
candeia dentro da própria desgraça
Há sempre alguém que semeia canções no vento que
passa"
As eleições que Luís Montenegro
impôs ao país resultaram num vendaval imenso que varreu as posições socialistas
e provocou rombos enormes nos partido à sua esquerda: o PCP perdeu um quarto da
sua representação parlamentar, o BE perdeu dois terços e o grupo parlamentar. O
Partido Socialista perdeu mais de 400 mil votos e 20 deputados e passou de
segunda a terceira força política com assento parlamentar.
A esquerda parlamentar sofreu uma
enorme derrota. Uma derrota com consequências imediatas como provou a demissão,
em direto, do Secretário-geral do Partido Socialista.
A estratégia do Primeiro-ministro
não lhe permitiu esconder as trapalhadas para as quais arrastou o seu governo e
o país , mas acabou por resultar num reforço parlamentar da aliança que apoia o
seu governo.
Não foi tudo favorável para o
primeiro ministro. O 18 de maio trouxe-lhe alguns dissabores e muitas preocupações:
continua a não dispor da tal maioria maior que reivindicou e viu ascender à
segunda posição no parlamento, a extrema direita não democrática, que pretende
substitui-lo e à sua maioria, apostando no discurso do ódio e na mentira
O nosso distrito não ficou imune
ao tornado que varreu o país. Também aqui o extremismo não democrático,
convenceu o eleitorado que o transformou em força política maioritária do Alto
Alentejo, elegendo um dos dois deputados em disputa e assumindo-se como
vencedor em 7 dos 15 concelhos do distrito.
São factos que por demais
perturbadores ou perigosos não podem ser escamoteados ou desvalorizados. É
fundamental que os partidos políticos do arco constitucional assumam a derrota
sofrida e procurem encontrar as razões para o sucedido e em particular para o
crescimento desabrido do radicalismo não democrático, mas também, as suas
próprias culpas.
A análise que urge fazer não pode
ser encarada como se cada partido político fosse uma equipa de futebol e os
seus responsáveis meros tiffosi de bancada. Se a estes é permitido
encontrar sempre no outro, no arbitro, no anti desportivismo do adversário ou na
qualidade do relvado a justificação para a derrota, aos partidos políticos e
aos seus responsáveis tal não pode ser admitido mesmo sabendo que há muito de verdade,
também na ação política, nos comportamentos desleais de quem devia garantir a
igualdade de tratamento...
É consensual a ideia de que esta
"viragem à direita e a subida dos seus mais radicais" não é um caso
português, como igualmente o é a afirmação que os mesmos grupos e interesses
que alimentam o crescimento da extrema-direita política e os arruaceiros
fascistas pelo mundo fora são os mesmos que estimulam, apoiam e alimentam esses
agrupamentos em Portugal.
Mas se análise ficar por aqui não
só é poucochinho como impedirá que possamos ultrapassar o problema.
A ascensão da direita e
particularmente da extrema direita trauliteira não é uma fatalidade. É uma
consequência! É-o em qualquer parte do mundo. É-o igualmente no nosso país, na
nossa região, na nossa terra.
A subida eleitoral do extremismo
não democrático é a consequência da ganância de uns poucos e dos partidos que
lhe dão "colinho". Hoje mesmo a comunicação social anunciava
que os cinco maiores bancos "portugueses" tiveram nos primeiros meses
de 2025 um lucro de 13 milhões de euros por dia, num tempo e num país onde a
esmagadora maioria da população não tem capacidade para arrendar casa ou não
consegue pagar ao banco a renda a que se obrigou a pagar.
É a consequência, como escreveu
um querido amigo e militar de Abril, da arrogância, cegueira, surdez e
totalitarismo dos DDT e é também consequência da nossa incapacidade, em
particular dos que construíram e defendem o 25 de Abril e o regime que ele
consagra, em constatar as mudanças e agir em conformidade.
E, não vale "chamar nomes
feios" aos alunos. O que é
preciso é percebermos (professores e
educadores) as razões que os estão a impedir de aprenderem...e mudar. Não o
programa, mas os métodos de ensino...
Talvez, ainda haja tempo!
Diogo Júlio Serra
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