quinta-feira, 10 de abril de 2025

 

Março, marçagão

Manhãs de Inverno, tardes de verão!

 



Este ano o adágio popular com que titulo este texto não acertou. Manhãs e tardes de Março foram quase sempre de inverno rigoroso.

Todavia o passado mês foi tempo de comemorações:  50º aniversário da derrota do 7 de Março em Setúbal (tentativa dos nostálgicos do fascismo anteciparem o 11 de Março) ; 50º aniversário da intentona spinolistas de abater pela força armada o 25 de Abril e a sua derrota pelo aliança Povo/MFA ; Cinquentenário da publicação das leis das nacionalizações e da Reforma Agrária que significou um passo em frente da Revolução face à derrota do push militar tentado pelos spinolistas.

A estas efemérides juntou-se, como sucede em cada março, o aniversário do PCP, o 104º aniversário do partido politico que pela sua acção ininterrupta alcançou o direito de ser (re) conhecido tão só por O Partido.

Mas o Março deste ano trouxe-nos mais uma prenda. Oferta do Primeiro-ministro (quem diria…) que optou por mergulhar o país em mais uma crise para não nos explicar a “trapalhada” em que se meteu e para a qual arrastou todo o governo. Abriu-nos assim a possibilidade real de inverter o caminho para onde a vontade de uns poucos persiste em atirar-nos em marcha acelerada: para o empobrecimento dos trabalhadores e do país face às políticas de rapina a favor dos “poderosos” e mais recentemente o empurrar-nos para uma guerra que até poderá ser a última.

Até agora o custo que nos foi exigido pelas loucuras belicistas do centrão da subserviência e dos interesses que alterna a presença no poder foi-o pelo aumento brutal dos preços, pelo emagrecimento dos direitos sociais, pelo afastamento dos direitos constitucionais à saúde e à habitação, mas a loucura está em crescendo e preparam-se já para subirem a parada e fazerem pagar, aos mesmos, agora com o sangue e a vida dos nossos filhos e netos.

É a possibilidade real de travar esta loucura e fazer o país regressar aos caminhos que a Constituição de Abril consagra, que a crise politica que Março nos trouxe como presente e que não podemos desaproveitar.

As eleições já agendadas para dia 18 de Maio são a possibilidade real de retirar espaço de manobra aos saudosistas do nazi-fascismo e de opormos à vontade da direita política e ao Centrão dos interesses e das negociatas, a Constituição de Abril e a obrigação que ela nos coloca de a defender e aplicar.

No nosso território começam a ser conhecidas as personalidades candidatas enquanto as forças político-partidárias se afadigam na procura de “argumentário” capaz de nos convencer e algumas delas, as do costume, persistem em consumir-se em trapalhadas, casos e casinhos que vão do uso abusivo de siglas, ao uso e abuso da utilização dos chamados paraquedistas, do total desrespeito pelas decisões das suas estruturas regionais ou, da dificuldade em convencer-nos que vão agora fazer o que sempre nos negaram.

Ou seja, o dito normal que nos trouxe até aqui. Importa (também por isso) que saibamos aproveitar a oportunidade para nos afirmarmos como território que tem direitos e capacidades que importa serem respeitados.

Importa, é fundamental, que não nos deixemos prender pela paixão tipo clubista, que não esqueçamos as práticas de cada candidatura e dos seus eleitos.

Impõe-se que em vez de nos alhearmos da decisão ou de persistir em curar a ferida com a arma que a fez, sejamos capazes de pedir responsabilidades a quem, mesmo dizendo o contrário, nos tem vindo a roubar o sonho e a impedir-nos o futuro.

É a hora. Assumamo-lo!

 

Diogo Júlio Serra

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