Março, marçagão
Manhãs de Inverno, tardes de verão!
Este ano o adágio popular com
que titulo este texto não acertou. Manhãs e tardes de Março foram quase sempre
de inverno rigoroso.
Todavia o passado mês foi tempo
de comemorações: 50º aniversário da
derrota do 7 de Março em Setúbal (tentativa dos nostálgicos do fascismo
anteciparem o 11 de Março) ; 50º aniversário da intentona spinolistas de abater
pela força armada o 25 de Abril e a sua derrota pelo aliança Povo/MFA ; Cinquentenário
da publicação das leis das nacionalizações e da Reforma Agrária que significou
um passo em frente da Revolução face à derrota do push militar tentado pelos
spinolistas.
A estas efemérides juntou-se,
como sucede em cada março, o aniversário do PCP, o 104º aniversário do partido
politico que pela sua acção ininterrupta alcançou o direito de ser (re)
conhecido tão só por O Partido.
Mas o Março deste ano trouxe-nos
mais uma prenda. Oferta do Primeiro-ministro (quem diria…) que optou por
mergulhar o país em mais uma crise para não nos explicar a “trapalhada” em que
se meteu e para a qual arrastou todo o governo. Abriu-nos assim a possibilidade
real de inverter o caminho para onde a vontade de uns poucos persiste em
atirar-nos em marcha acelerada: para o empobrecimento dos trabalhadores e do
país face às políticas de rapina a favor dos “poderosos” e mais recentemente o
empurrar-nos para uma guerra que até poderá ser a última.
Até agora o custo que nos foi
exigido pelas loucuras belicistas do centrão da subserviência e dos interesses
que alterna a presença no poder foi-o pelo aumento brutal dos preços, pelo
emagrecimento dos direitos sociais, pelo afastamento dos direitos
constitucionais à saúde e à habitação, mas a loucura está em crescendo e
preparam-se já para subirem a parada e fazerem pagar, aos mesmos, agora com o
sangue e a vida dos nossos filhos e netos.
É a possibilidade real de travar
esta loucura e fazer o país regressar aos caminhos que a Constituição de Abril
consagra, que a crise politica que Março nos trouxe como presente e que não
podemos desaproveitar.
As eleições já agendadas para
dia 18 de Maio são a possibilidade real de retirar espaço de manobra aos
saudosistas do nazi-fascismo e de opormos à vontade da direita política e ao
Centrão dos interesses e das negociatas, a Constituição de Abril e a obrigação
que ela nos coloca de a defender e aplicar.
No nosso território começam a
ser conhecidas as personalidades candidatas enquanto as forças
político-partidárias se afadigam na procura de “argumentário” capaz de nos
convencer e algumas delas, as do costume, persistem em consumir-se em
trapalhadas, casos e casinhos que vão do uso abusivo de siglas, ao uso e abuso
da utilização dos chamados paraquedistas, do total desrespeito pelas decisões
das suas estruturas regionais ou, da dificuldade em convencer-nos que vão agora
fazer o que sempre nos negaram.
Ou seja, o dito normal que nos
trouxe até aqui. Importa (também por isso) que saibamos aproveitar a
oportunidade para nos afirmarmos como território que tem direitos e capacidades
que importa serem respeitados.
Importa, é fundamental, que não
nos deixemos prender pela paixão tipo clubista, que não esqueçamos as práticas
de cada candidatura e dos seus eleitos.
Impõe-se que em vez de nos
alhearmos da decisão ou de persistir em curar a ferida com a arma que a fez,
sejamos capazes de pedir responsabilidades a quem, mesmo dizendo o contrário,
nos tem vindo a roubar o sonho e a impedir-nos o futuro.
É a hora. Assumamo-lo!
Diogo Júlio Serra
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