quarta-feira, 19 de março de 2025

“A Europa contra os EUA e contra a paz! Quem diria?!”





                           “A Europa contra os EUA e contra a paz! Quem diria?!”


A frase com que titulei este texto não é da minha autoria, foi “pedida de empréstimo” da página de um ilustre jornalista alentejano que conhece bem a Europa e o mundo e com o qual me identifico na apreciação que faz sobre o papel da EU na guerra que se instalou no velho continente.

Também eu, que sempre assumi publicamente que importa fazer guerra à guerra, e contesto quer as posições incendiárias dos dirigentes da União Europeia, quer o seguidismo quase doentio das autoridades portuguesas, fico surpreendido com a sua incapacidade de acompanharem o pragmatismo de quem até há poucos dias seguiam sem pestanejar.

Essa incapacidade é notória quando persistem no estado de negação da realidade face às mudanças ocorridas nos EUA e à sua própria importância no jogo dos poderosos.

Em Portugal essa situação chega a ser confrangedora. Desde as principais figuras do estado aos partidos políticos da direita (os que o assumem e os outros) à comunicação social dita de referência… passaram da maior das subserviências aos interesses e ordens do Tio Sam para uma arrogância parola de encher o peito e debitar slogans contra o “patrão” de ontem e de incentivos à guerra até ao último dos ucranianos ou dos filhos e netos dos outros.

O desvario é tal, também por cá, que é normal termos opinadores a defenderem a guerra a todo o custo, com ou sem o chapéu onde sempre se abrigaram todos os europeus ditos democratas e para onde sempre, sem pestanejar, canalizaram o produto do trabalho das suas populações.

O próprio Presidente da República, há muito desaparecido de cena, não se coibiu de tratar publicamente o até há pouco “rei sol” como antigo aliado.

E a questão é, como sempre foi, mais do que travar a luta fratricida entre Rússia e EUA pela conquista dos comandos da ordem mundial imposta pelos vencedores da segunda grande guerra e que foi substancialmente alterada pelos vencedores da chamada guerra fria, refrear os sonhos de grandeza das extremas-direitas no poder em ambos os Estados: O partido republicano de Trump nos EUA e o Partido da Nova Rússia de Putin, na Federação Russa.

Mais, garantir como gostam de dizer, uma paz justa e duradoura o que se consegue não ameaçando a sobrevivência de um dos lados, cercando-os de base militares, plantando-lhe inimigos à porta.

O resto, os discursos da afirmação dos princípios ou a “defesa das liberdades e das democracias pouco mais são que propaganda para os papalvos. Ou alguém acredita que a Ucrânia corrupta e totalitária que ninguém queria sequer a bater à porta da U.E. passou a ser “séria” só porque lhe passaram a enviar carregamentos de dólares, e os seus dirigentes permitem a matança dos seus jovens para fazerem uma guerra que não é sua? Ou passou a ser uma democracia só porque ilegalizou partidos políticos e prendeu os seus dirigentes?

Alguém pode acreditar que a guerra é pela defesa de valores e da democracia quando quem se opõe ao “totalitarismo” de Putin é a França de um Macron que perdeu as eleições e recusou passar o poder aos vencedores? É a União Europeia que impôs a anulação das eleições da Roménia porque o seu candidato foi derrotado? Que alimentou e financiou o golpe de estado que depôs o Presidente Eleito da Ucrânia e que tornou constitucional a classificação de ucranianos em “puros e impuros”?

A situação com que nos deparamos na Europa e no Mundo é grave. Os tambores da guerra fazem-se ouvir, também no nosso país e temo que os nossos governantes não consigam já afastar-se do discurso inflamado tipo clubismo que nos tem proporcionado nos últimos dias e continuem a arrastar-nos para a guerra. Uma guerra que já nos custa qualidade de vida e desafogo económico e que se não for travada pode também custar-nos filhos e netos.

A situação é muito muito perigosa mas, apesar disso, permitam-me o desabafo: dá um certo gozo ver os “direitolas” do meu país de dedo esticado contra os EUA!

 

Diogo Júlio Serra




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