sexta-feira, 10 de maio de 2024

EM MAIO CONSOLIDAR ABRIL!

 


EM MAIO CONSOLIDAR ABRIL!

Foi assim em 1974. Voltará a ser assim!

Há 50 anos o primeiro 1º de Maio em Liberdade após as quase cinco décadas de ditadura, transformou praças e avenidas num mar de gente que ratificava a ação do Movimento dos Capitães e certificava a Revolução dos Cravos.

Também assim foi em Portalegre, cidade e distrito.

Na cidade cumpriu-se igualmente a maior e mais emotiva manifestação que a cidade viu até aos dias de hoje. E também aqui, o povo marchou ombro a ombro, em unidade fraterna e decidida: os velhos republicanos, os resistentes antifascistas, os operários da Robinson, da Finos, da Finicisa, da construção civil, das muitas fabriquetas que então, ainda, povoavam a cidade e o concelho. Mas também os empregados do comércio e da hotelaria, os comerciantes, os pequenos agricultores, os jovens estudantes e muitas mães, esposas e namoradas que anteviam o fim da guerra.

Nunca antes tantas e tantos haviam desfilado juntos no 1º de Maio. Nunca mais, tantas e tantos desfilaram pelas ruas e avenidas de Portalegre e do país.

Entretanto o país transformou-se. Muitos sonhos foram transformados em direitos, muitos direitos conquistados foram roubados, muitos outros continuam por cumprir e a merecerem a continuação da luta.

A revolução dos Cravos que só no primeiro dia cobrara sangue e vidas - quatro jovens assassinados e meia centena de feridos pelas balas disparadas pelos Pides contra os populares que se manifestavam - haveria de cobrar mais algumas vidas fruto da ação de militares traidores, das redes bombistas ou das forças repressivas ao serviço, de novo, dos que sempre foram o sustentáculo do salazarismo: capitalistas e agrários.

Cinquenta anos depois da Revolução dos Cravos e desse glorioso 1º de Maio, quando voltamos a ser arrastados para guerras que não são nossas, quando regressam os discursos da intolerância e do ódio, quando voltamos a ver cerceadas as relações de amizade com todos os países e povos conquistadas com abril, quando se volta a empobrecer a trabalhar e, pasme-se, alguns portugueses levaram com o seu voto, um dirigente da rede bombista a sentar-se num dos lugares mais altos da Casa da Democracia, os portugueses voltaram à rua e inundaram praças e avenidas para celebrar a liberdade, defender a democracia e afirmar que não temos medo!

E por isso mesmo a Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi pequena para o mar de gente que a inundou em 25 de Abril, o nosso CAEP não chegou para acolher as gentes e o entusiasmo que O Grupo de Cantares o Semeador, os seus convidados e a sua música para ali convocaram na noite de 24 de Abril.

Por todo o país a resposta foi igual.

Em Maio, agora como há cinquenta anos, o Dia Internacional dos Trabalhadores deverá confirmar o grito que em 25 de Abril ecoou por todo o País: Não temos medo! Abril Vencerá!

Neste 1º de Maio os trabalhadores, operários e camponeses, empregados, intelectuais, funcionários públicos, professores, médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde, estudantes, jornalistas, trabalhadores independentes. Todos e todas que sabem que ainda há Abril por cumprir, que há esqueletos a sair dos armários, que o cheiro a mofo já se faz sentir até na Assembleia da Republica. Que está na hora de afirmar (e fazer com) que Abril vencerá.

Este primeiro de Maio o 50º primeiro de Maio de Abril, também em Portalegre, como desde 1893 acontece, será comemorado. Sê-lo-á em festa e em luta, com concentração e desfile como a cidade viu, pela primeira vez no ano de 1898, nas comemorações do 1º de Maio organizadas pela Sociedade União Operária e com um imponente desfile levando à frente uma faixa com a inscrição: “1º de Maio – 888”, a reivindicação dos trabalhadores em todo o mundo 8 horas de trabalho, 8 horas de descanso, 8 horas de lazer!

Em 2024 serão outras as palavras de ordem mas serão as mesmas motivações: a redução do horário de trabalho, o trabalho com direitos e salário digno, o fim da precariedade, a efetivação do direito à saúde, ao ensino, à habitação.

Acrescentar-lhe-emos outros bem atuais: a luta pela Paz, o fim do genocídio do povo palestiniano e o tão nosso, a Regionalização!

Entre a firmeza das convicções e os gritos de exigência e protesto a honra aos que o capitalismo liberal maltratou e quer apagar da história: Salgueiro Maia, Otelo, Diniz de Almeida, Costa Martins, Vasco Gonçalves, Varela Gomes e tantos outros heróis que viverão sempre no coração dos trabalhadores.

VIVA O 1º DE MAIO!

VIVAM OS TRABALHADORES (TODOS) DE TODO O MUNDO!

Diogo Serra

 

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