quarta-feira, 22 de maio de 2024

Agora é que é. Agora é que é!

 


Agora é que é. Agora é que é!

…”Quando estive em Portalegre, já lá vão quatorze meses, foi-me prometido que as obras no Palácio da Justiça (de Portalegre) estariam concretizadas no prazo de um ano…volto quatorze meses depois e está tudo rigorosamente na mesma…Estou indignado!”

Foi assim que o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça reagiu no passado dia 14 ao facto, de continuarmos dez anos consecutivos com o Tribunal encerrado por falta de obras que permitam o seu funcionamento. E se o Senhor Juiz Henrique Araújo está indignado (justamente) como estarão os magistrados, os funcionários judiciais e todos quantos há mais de dez anos trabalham “provisoriamente” nas instalações da ex-Junta Autónoma de Estradas? Como estamos nós portalegrenses?

Todavia a Senhora Secretária de Estado Adjunta e da Justiça, recentemente empossada, informou-nos no próprio dia e local que até final de Maio (este?) será lançado o novo concurso e, se tudo correr bem, estará para breve a resolução deste problema…

Tão acostumados a que nos gritem “agora é que é!” já não nos deixamos convencer. Desculpem, mas não acreditamos. Só vendo!

E não, não é por ser este governo. Não é por ser esta Senhora Secretária de Estado. É por estarmos cansados de sermos esquecidos, ignorados, desrespeitados!

A nossa (legitima desconfiança) não tem a ver (só) com o tribunal fechado há dez anos. Assenta num histórico de promessas não cumpridas, no arrastar de decisões ou na não  execução de medidas que possam minimizar o nosso isolamento face à rapidez com que se decidem e executam todas as outras que nos tornam mais vulneráveis aos malefícios da interioridade.

Não esquecemos as décadas de promessas para o Pisão, para a escola da GNR, para a concretização do IC 13… Não esquecemos que os discursos pela inclusão são acompanhados de medidas que transformam o nosso território em “terra de ninguém” e mesmo quando nos atiram investimentos de milhões ou medidas e obras que no conjunto da Região Alentejo podem ser de aplaudir, em geral tornam o Alto Alentejo e Portalegre ainda mais debilitados. Exemplos? Aqui estão:

·       Duas autoestradas que nos tocam a norte a A23 e a sul a A6 e que funcionam não como pontes que ligam, mas como muros que separam o Alto Alentejo do país e da Ibéria;

·       A anunciada linha férrea de alta velocidade entre Lisboa e Madrid (para já entre Sines e Caia) que um dia servirá um/dois dos quinze concelhos do distrito, deixando a totalidade do território sem transporte ferroviário ou (depois de muita luta pela reativação do serviço encerrado) com transporte a “velocidade de caracol” e com material circulante recuperado aos tempos primeira revolução industrial;

·       A supressão do estrangulamento na estrada Santa Eulália Elvas que impedem a passagem de veículos pesados de transporte de pessoas e mercadorias;

·       A criação de alternativas à estrada da morte em que se transformou a estrada entre Elvas e Campo Maior;

Mas há mais, muitos mais. São os casos da (não) resolução de problemas menos velhos, mas igualmente “esquecidos” que lesam gravemente a cidade capital de distrito. Recordo apenas dois: o nó rodoviário para retirar o transito de pesados do centro de Portalegre e a passagem desnivelada na entrada sul da cidade pondo fim ao somatório de acidentes que ali se verificam.

Por todas as razões apontadas e pelas muitas outras que aqui não vieram, não só é compreensível a indignação do Senhor Juiz como é totalmente incompreensível que nós, os que aqui vivemos e trabalhamos não expressemos a nossa indignação e a transformemos em ação.

Que ninguém acredite que “agora é que é” se não formos nós os alentejanos do alto a fazerem acontecer.

É a hora!

Diogo Serra

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