Cada fio de vontade são dois braços!
Os resultados das últimas legislativas ditaram a redução da representação parlamentar
do PCP com um número de votos e percentagem abaixo do alcançado há dois anos.
O Alentejo seguiu a tendência nacional e a diminuição de votantes na CDU levou à
perda do único deputado do PCP eleito no Alentejo, o deputado eleito por Beja e cujo
empenhamento e ação em defesa do distrito e da região justificavam plenamente a
sua reeleição.
A votação no Alentejo não difere dos resultados nacionais mas impõe-nos uma
atenção particular o facto de, pela primeira vez desde a revolução dos cravos, o PCP
não ter elegido nenhum deputado na região e ter “perdido” entre 1976 e hoje, 82,24%
do seu eleitorado.
Urge encontrar respostas para a hecatombe eleitoral que nos atingiu e que irá refletir-
se, mais que na vida do PCP, no dia-a-dia dos alentejanos. A perda de 101.320 votos
entre 1976 e 2024 tem que ter razões mais profundas que a diminuição de eleitores
(48.317) e a postura da comunicação social controlada, apesar destes serem factos
reais.
Só a constatação de que existem problemas no nosso seio permitirá o empenhamento
de todos na procura da sua resolução.
Concordo que a batalha eleitoral foi travada num ambiente caracterizado pela
hostilidade e menorização do PCP, pela continuada falsificação dos seus
posicionamentos visando alimentar preconceitos anti comunistas e estreitar o seu
espaço de crescimento e também pela promoção de forças e conceções reacionárias,
etc…etc.. mas não foi, não pode ter sido, e já é tanto, apenas isso.
Não são apenas as razões que não controlamos a justificarem a perda de votantes de
eleição para eleição e que culminaram com perda do último deputado do PCP na
região quando, pelo esquecimento a que continua votada, pelas dificuldades das suas
gentes, pelas propostas, e posturas do PCP e dos seus eleitos mereciam e justificavam
o aumento e não a diminuição da sua força eleitoral.
As razões da derrocada anunciada pelas constantes e continuadas perdas, têm que ser
procuradas, também, no interior do Partido, no que podemos e devemos fazer melhor
e, porque a resolução dessas, dependerá exclusivamente da nossa vontade, têm que
ser encontradas e resolvidas sem demora.
Importa-nos questionar, de novo e mais profundamente, como melhorar a
comunicação. Como tornar mais eficaz o combate à mentira e à calúnia que alimenta o
preconceito anti comunista, como fazer chegar a nossa mensagem e as nossas
propostas, por meios alternativos da comunicação social que o capital transformou em
megafones das suas ideias e projetos.
No Alentejo a não eleição de deputados comunistas e a eleição de 3 deputados pela
extrema-direita antidemocracia é um ponto negro da nossa vida democrática mas não
significa a existência entre nós, desses milhares de cidadãos saudosistas do “estado
novo”, apoiantes convictos do ódio e da xenofobia, que o programa e a vontade dessa
agremiação representam.
Os milhares de eleitores que engrossaram a votação desse agrupamento e da restante
direita fizeram-no empurrados pelo ostracismo a que eles, os seus problemas e o
nosso território, têm sido votados. Retornarão ao local de onde “fugiram” logo que
sejam confrontados com o logro em que caíram. Todos, eles e elas, serão recuperados
pela lucidez e pela democracia.
A questão é sabermos se o PCP, agora diminuído eleitoralmente, terá no imediato a
força e os meios que lhes permitam continuar a estar com os trabalhadores e as
populações, nos locais de trabalho e nas ruas, nas autarquias e nas associações, em
defesa dos direitos que temos e nos avanços que desejamos.
Diogo Júlio Serra
1 comentário:
Uma voz no deserto...ou...até que enfim...???
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