VEMOS OUVIMOS E LEMOS...
Vemos, ouvimos e lemos…
Cumpriram-se este ano duas
décadas, desde o dia em que o chamado Ocidente (leia-se EE.UU. e seus
apaniguados) invadiram militarmente o Iraque. Fizeram-no, como bem sabemos,
alicerçados numa mentira deliberada porque bem sabiam, particularmente a CIA,
americana e o MI6, inglês, que não existia qualquer programa de armas de
destruição maciça.
Entre os dirigentes e países que
construíram a mentira e estimularam a guerra, Portugal e o então
Primeiro-Ministro Durão Barroso que viria a ver premiada a sua postura com a
oferta da cadeira de Sr. Europa e posteriormente com empregos milionários ao
serviço dos mesmos senhores.
Sobre essa mentira usada e abusada
pela comunicação domesticada pelos mesmos interesses gastaram-se rios de tinta
e ouviram-se milhares de discursos, incentivou-se o ódio, rapinaram-se
recursos, arrasou-se um país e assassinou-se o seu Presidente, Saddam Hussein.
Hoje, sabemos todos quais os
resultados e sabemos particularmente que o Iraque e o mundo não ficaram
melhores.
Vinte anos depois o Médio Oriente
volta a viver momentos dramáticos e os mesmos de então afadigam-se em inventar
narrativas, outra vez, para fazerem crer à opinião pública que os horrores que
todos vimos não são assim tão graves e que estão a fazer de tudo para os
minorarem.
Enquanto o genocídio do Povo
Palestino se mantém e se acelera através da terraplanagem bombista em Gaza e das
acções terroristas dos colonos judeus na Cisjordânia, os “bem-pensantes” do
mundo dito ocidental dividem-se entre, o assobiar para o lado ou o aplauso mais
ou menos entusiástico.
Sempre ouvi dizer que “Tão ladrão
é o que vai à vinha como o que fica a vigiar” e é à luz desse ensinamento que
analiso a posição das inúmeras “virgens ofendidas” sempre disponíveis para
condenarem “invasões”, “crimes de guerra”, “bombardeamentos de civis” e “mortes
de crianças” quando perpetrados por quem identificam por “inimigo” e que estão
agora de olhos e ouvidos tapados ou, pior, se afadigam na procura de justificações
para a matança que um estado terrorista desencadeou e mantém num território que,
ocupa ilegalmente há décadas e contra um povo que mantém prisioneiro numa pequena
parcela de terreno que lhe roubou.
Neste turbilhão de cobardia,
hipocrisia e maldade inclui-se o estado português e os seus governantes. Uma
postura tanto mais grave por se comportar no panorama internacional da
mesmíssima maneira a que já nos habituou nos casos domésticos: leão para com os
fracos, cachorrinho para com os fortes.
Já o havíamos registado quando na
sua sede de agradar ao Tio Sam permitiu todas as diatribes à embaixadora da
Ucrânia que não se coibiu de estimular e participar em manifestações contra
partes de estado português ou manifestações de ódio desenvolvidas por cidadãos
desse país que a embaixada apoiava, contra cidadãos e autarquias portuguesas.
Vemo-lo agora, de novo, quando
permite que o representante sionista em Portugal ataque tudo e todos que
recusem seguir a cartilha de Telavive; sejam jornalistas, partidos políticos
ou, até o Secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres.
A passividade do governo
português perante tais posturas de arrogância intolerável e desrespeito pelo
estado que os acolhe é simplesmente chocante. Em qualquer país “a sério” tais
posturas garantir-lhes-iam um bilhete só de ida, para os seus países.
Também os ataques do Estado de
Israel ao Secretário-geral da ONU e à própria Organização deveriam ter
originado a chamada do Embaixador de Israel em Lisboa para dar explicações das
razões da suas acusações ao Secretário-geral que se limitara a constatar o
óbvio: O Estado de Israel desrespeita sistematicamente as resoluções das Nações
Unidas.
O mesmo ensurdecedor silêncio das
“virgens ofendidas” perante as afirmações de ódio do Sr. Netanyahu, um fugitivo
à justiça do seu próprio país através duma golpada judicial e que agora aposta
no extermínio de todo um povo.
Sim, eu sei, que o Estado
Terrorista tem o “colinho” dos Estados Unidos mas nada justifica que calemos o
genocídio que decorre sob os nossos olhos.
Freedom for Palestine!
Diogo Serra
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