Maio maduro Maio
Sim, Maio é um mês que sempre me encantou. Ainda criança por ser o “mês de Maria” com toda a agitação que impunha na criançada das famílias mais familiarizadas com os ritos da religiosidade cristã e sobretudo por ser o mês da mais importante e divertida feira da vila onde nasci e cresci: a Feira de Maio de Arronches.
Estrear roupa nova, poder ir ao circo (na noite em que as empresas Cardinali ou Mariani decidiam fazer “dama e cavalheiro” – cobrarem um bilhete com entrada para duas pessoas, banquetear-me com o “brinhol” (massa frita) da menina Judite ou os quadrados de torrão branco vendidos na barraca do Araújo eram então motivo mais que suficiente para eleger Maio como o melhor dos doze meses.
Perdida a inocência do menino de
escola, “matriculado” na oficina da família, primeiro, e mais tarde como
empregado de mesa ou escriturário numa editorial, mantinha-se a catalogação de
Maio ou não fosse ele o único a iniciar-se com o dia dedicado aos trabalhadores
de todo o mundo. Incluindo o mundo, onde Portugal então se integrava, em que
Maio só por impossibilidade mantinha o seu dia primeiro.
E chegou o tal dia “inicial
inteiro e limpo” e com ele a explosão de Maio. E, juntou-se-lhe o 23, dia de
festa da cidade para onde “me transferi”. E continuei a ter em Maio o melhor e
mais simpáticos dos meses.
Certo que este Maio tinha um tal
nº 28 de má memória mas esse, era olimpicamente esquecido.
E assim chegamos ao ano de 2023 da
era cristã. Estamos a terminar a sua vigência e de novo, Maio continua como o
Mês primeiro das minhas preferências e vivências.
Vejamos.
Como sucede em Portalegre, a
cada ano desde a decisão tomada pelo Congresso da Internacional Socialista
reunido em Paria no ano de 1889, com o interregno imposto pelo salazarismo,
voltamos a comemorar o dia Internacional do Trabalhador. Depois a 3, no Páteo
da Casa, apresentei o Livro Salgueiro Maia do escritor Moisés Rosado e três
dias depois no CAEP, Jerónimo de Sousa colocava-nos a importância de defender a
Constituição de Abril.
Na semana em que voltámos a viver as Festas da cidade a 23, na Sessão Solene que assinalava os 473 anos da elevação de Portalegre a cidade, o seu executivo entregou a medalha de ouro da cidade a uma instituição da cidade cujo merecimento é por todos reconhecido: o Grupo de Apoio de Portalegre da Liga Portuguesa Contra o Cancro.
A 26 a Companhia de Instrução de Praças da GNR assinalou os 50 cursos de guarda ministrados em Portalegre e no dia seguinte o “meu Benfica” conquistava o seu 38º título de Campeão de Portugal. E pasme-se, até o 28 em que, normalmente procuro nem reparar, este ano marcou muito positivamente a minha vida. Não, claro que não tem nada a ver com o golpe que derrubou a Primeira Republica e abriu caminho ao fascismo salazarista. A razão é bem diferente; O meu neto mais novo, “arrastou-me” ao campus do Benfica no Seixal onde ele mais umas dezenas de miúdos foram mostrar os seus dotes de guarda-redes.
No momento em que escrevo o presento
texto (na noite de 28) poderia garantir-vos que foi um mês excelente mas já sei
que não vai ficar por aqui.
Maio vai fechar com o brilhantismo
como se iniciou e a 31, em Beja, verá iniciar-se o Congresso do Turismo do Alentejo.
E sim, de novo, Maio Maduro Maio, de
novo a encantar-me!
Diogo Serra
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