sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Entre a "Geringonça" e o Lamaçal!


Entre a “Geringonça” e o Lamaçal!

“Uma maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho…É uma responsabilidade acrescida, é governar para todos os portugueses. Assim, esta maioria absoluta será uma maioria de diálogo com todas as forças da Assembleia da República”

Passados treze meses do derrube do governo, que a direita revanchista chamava de “geringonça”, levado a cabo pelo próprio primeiro-ministro e pelo seu presidente da república e quase a atingirmos um ano do acto eleitoral que concedeu a maioria absoluta ao partido socialista o país vive “atolado em notícias de desmandos governamentais”, com demissões no governo ao ritmo superior a uma demissão por mês.

Alguém ainda se recorda das razões invocadas (e penso que negociadas) por Costa e Marcelo para justificarem a dissolução de uma Assembleia com maioria parlamentar e governo em funções e partirem para novas eleições? Possivelmente não! Mas o invocado era, diziam-nos, a necessidade de estabilidade governativa e, por isso, Costa e o PS reclamaram dos eleitores uma maioria absoluta.

Os eleitores fizeram-lhes a vontade e António Costa apressou-se a afirmar-nos, conforme citação acima, que uma maioria absoluta não é poder absoluto…

Os resultados vemo-los agora. 

O Governo assumiu-se como campeão das remodelações somando demissões em cadeia. Entre ministros e secretários de estado já lá vão (à data em que escrevo) 13 demissões e são anunciadas outras mais escandaleiras que podem vir a fazer subir estes números.

Os esquecimentos de muitos (demasiados) do que devem ser, quer a ética republicana, quer a gestão da coisa pública está a tornar-se uma “chaga” que vai muito para além das trapalhadas dos membros “escolhidos” para o governo Central e espraia-se para autarcas e gestores públicos, identificados pela sua ligação ao “Centrão” da política e das negociatas. O mesmo centrão que suporta e apoia o governo do PS e/ou apoia Marcelo enquanto “representantes políticos desse mesmo “Centrão”.

Hoje já está suficientemente claro o que há pouco mais de um ano, só alguns denunciávamos: o chumbo de um mau orçamento de estado impunha um orçamento melhor e não uma crise institucional. A dissolução do Parlamento só se justificava para tentar manter em maioria o “centrão” das negociatas, liberto das amarras que o escrutínio da esquerda lhes ia impondo.

E assim, à falsamente apelidada de “geringonça” sucedeu o lamaçal e, tão mau quanto o primeiro, abriu portas a práticas de criminalização da política, à generalização a todos, das práticas e crimes de só alguns: …”são todos iguais, a política é mesmo assim… a culpa é dos partidos… o que é preciso é alguém…para os meter na ordem…etc…etc….”

Uma parte da comunicação social, ela própria, propriedade e arma do “tal Centrão” afadiga-se a lançar essas ideias do que é preciso é de um “salvador” enquanto a “extrema-direita caceteira” leva para o próprio Parlamento a gritaria fascizante que utilizaram para serem eleitos e toda a direita procura “normalizar-lhes” o discurso e as intenções.

Não há problema, dizem-nos alguns. Não?

Eu não esqueço os processos iguais usados (pelos mesmos) noutras paragens e os resultados que alcançaram.

Apenas dois exemplos, muito recentes:

As mani pulite (mãos limpas) em Itália terminaram em Silvio Berlusconi e o processo Lava Jato em Bolsonaro.

Não o esqueçamos!

 

Diogo Júlio Serra



Sem comentários: