É Natal, é Natal, Sinos de Belém!
E de novo é/foi
Natal!
Por todo o mundo
celebramos o nascimento de um bebé que depois de homem pregou o amor entre os
homens e lutou contra a prepotência e a opressão e, por isso, foi preso,
julgado e morto.
Dois milhares de
anos depois os territórios pelo quais lutou e morreu continuam ocupados por
opressores “estrangeiros” e continua a necessidade de os Palestinianos
continuarem a luta contra o invasor estrangeiro e a morrerem por essa causa.
Os antigos
romanos usavam o dia do solestício de inverno para celebrar a festa do “Dies
Natalis Solis Invicti “. O episódio invernal de duração mínima do dia
assinalava o momento do nascimento, ou renascimento do luminar diurno, fonte de
calor, de bem-estar, de vida.
Com o declínio da
civilização romana os cristãos apropriaram-se do festival e adaptaram-no
substituindo a celebração do nascimento do sol pelo nascimento de Jesus.
Mais de dois mil
anos depois o nascimento de Jesus é motivo de enorme alegria para os cristãos e
por todo o mundo é assumida a quadra natalícia como um tempo de família, de
reencontros, de fraternidade e de paz.
Num tempo em que
uma nova guerra irrompeu em solo europeu, na Palestina local onde os cristãos
situam o nascimento de Jesus, os Palestinianos têm vindo a perder o direito ao
seu próprio chão, espoliados das suas terras, das suas casas, da sua história.
Só este ano 150 palestinianos
foram mortos desde Janeiro em confrontos que ocasionaram também a morte de 31
israelitas.
Belém na
Cisjordânia, local onde Jesus nasceu, terá continuado a tradição da Missa do
Galo mas, em milhares de lares Palestinianos o Natal foi, de novo, um tempo de
feroz ocupação da sua Pátria.
Mesmo entre nós
europeus, os que gostamos de afirmar a Europa como o mais perfeito dos lugares,
tão perfeito que não hesitamos, com o resto do chamado ocidente alargado, em
procurar impô-lo (a bem ou a mal) a todos os restantes povos do planeta, esse
tal sentimento de Natal não resiste à dureza da vida.
Veja-se a questão
das migrações e como lidamos com ela.
Veja-se como
conseguimos alhear-nos do “outro” quando esse outro, diverge de nós na cor da
pele, na religiosidade que professa, na posição que ocupa na hierarquia social.
Para as várias
religiões e variadíssimas pátrias, para a humanidade inteira, algumas palavras
perderam há muito o seu significado.
Para muitos a
solidariedade é coisa de gente “tola” e o que conta é chegar ao topo mesmo que
à custa do espezinhar de muitos.
Falar de
migrações é falar das necessidades de mão-de-obra barata e sem direitos.
Migrantes e refugiados é sinónimo de mão-de-obra barata.
Falar de Natal é
tratar do “seu natal” com muitas prendas e muito fausto que pode, excepcionalmente,
pensar nos pobrezinhos mas, sobretudo, continuar a fazer de tudo para que assim
se mantenha.
Desejar as Boas
Festas e Gritar Feliz Natal não lhes recorda e muito menos envergonha que o SEU
Natal seja construído sobre patamares de prepotência, de salários de miséria
ou, no mínimo, de alheamento dos muitos milhares que também na nosso cidade e
Região, empobrecem a trabalhar.
“Cada um de nós é responsável pela
paz … A cultura da paz começa dentro de nós mesmos, erradicando a raiz do ódio
e ressentimento.”
Palavras
sábias do Papa Francisco ao receber os membros Cúria Romana para as felicitações
de Natal.
Que
o seu Deus e particularmente os homens o possam ouvir.
Que
de uma vez por todas parem as guerras em nome de um Deus. Que a Luz se
sobreponha à escuridão dos que fazem, promovem e exportam a guerra e a
injustiça tendo nos lábios o seu Deus.
Que
este seja o nosso compromisso com 2023.
Que
cada um de nós faça a sua parte!
Boas
Festas e um Ano Novo de Paz!
Diogo Serra
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