terça-feira, 4 de outubro de 2022

UM EDIFICIO INACABADO,

 


Um edificio inacabado.

Os últimos dias foram marcados pela presença do Poder Local em vários tabuleiros da vida nacional.

Na Assembleia da Republica a necessidade da Regionalização voltou a ser tema de debate provocado pela discussão da petição Alentejana de que seja criada a Comunidade Regional do Alentejo que permita testar a bondade ou não da existência e funcionamento do terceiro pilar do Poder Local Democrático.

Em Portalegre, pelas comemorações do aniversário do nascimento da União das freguesias da Sé e S. Lourenço, ocorrido a 29 de Setembro de 2013 e que se revestiu de grande êxito.

Esta primeira edição do Dia da Freguesia iniciou-se a 20 de setembro (quinta feira) e prolongou-se até sábado com uma significativa oferta desportiva e cultural.

A semana atual iniciou-se com uma outra manifestação de celebração de uma freguesia. Agora foi a Freguesia de Galveias a comemorar pela primeira vez o 484º aniversário da sua passagem a Vila e a sede de concelho.

Em todos os casos estive emocionalmente envolvido.

No primeiro porque a criação da Comunidade Regional do Alentejo é uma reivindicação de AMALENTEJO o Movimento que integro desde a sua fundação.

No dia da União das freguesias da Sé e S. Lourenço porque a União integra a freguesia onde resido e no último caso por ser ali que desenvolvo atividade profissional e por isso mesmo acompanhei de mais perto.

Em todos os casos ficou patente quer a capacidade organizadora dos alentejanos e das suas freguesias, quer a forte ligação que estas mantêm com os seus fregueses.

Ficou igualmente patente que as freguesias, quarenta e seis anos depois das primeiras eleições livres para o poder local democrático e quarenta e sete anos depois de a Constituição de Abril ter definido a estrutura do Poder Local Democrático continuam a ser “o patinho feio” de um Poder Local inacabado; faltam as Regiões Administrativas que a Constituição consagra.

O Dia das Galveias, foi assim batizada esta comemoração, que passará a ser anual destina-se também a homenagear os autarcas que desde 1976 têm garantido a direção da freguesia e, naquele caso particular, têm gerido a herança que o comendador José Marque Ratão deixou à Freguesia de Galveias.

E foi bonita a festa!

Logo de manhã o hastear da bandeira ao som da Banda da Sociedade Filarmónica Galveense. Uma banda que se confunde com a própria Vila e que ainda ontem tinha oferecido em Ponte de Sor um extraordinário concerto e que desfilou até à Igreja Matriz de Galveias onde seria celebrada missa por alma dos autarcas galveenses já falecidos.

A meio da manhã mais um momento alto: a inauguração da exposição de pintura “Galveias terra de artistas” com obras de dois pintores. Carlos Sousa, um pintor nascido e residente em Galveias e Jaime Azedo, médico-cirurgião, nascido em Portalegre mas filho de um ilustre galveense, Mestre Artur Azedo, que expunham obras suas no núcleo museológico de Galveias.

Mas seria o Centro Cultural José Luís Peixoto, a marcar o ponto alto das comemorações. Ali, na presença do Deputado Eduardo Alves, do Vereador Luís Jordão em representação do Presidente da Câmara Municipal, dos ex-presidentes da Junta de Freguesia e das famílias dos presidentes já falecidos, dos eleitos do PS e da CDU e de inúmeras associações da freguesia, a Professora Paula Oliveira, filha do primeiro presidente eleito por voto direto, homenageou na memória do seu pai todos os autarcas de Galveias.

Encerrou a sessão a Presidente Fernanda Bacalhau, a primeira mulher a sentar-se na cadeira da Presidência daquela freguesia que mostrou o longo caminho que as freguesias ainda terão que percorrer para conseguirem atingir o patamar de direitos que aspiram e merecem.

Que o Poder Local e todos os pilares que o integram: as Freguesias, os Concelhos e as Regiões Administrativas continuem a marcar o calendário político. Que em conjunto consigam colocar na ordem do dia as necessidades dos territórios posicionados a maior distância do poder central e de todos, como os nossos, sistematicamente arredados das decisões e dos benefícios que anseiam e merecem.

QUE SE CUMPRA O PODER LOCAL QUE A CONSTITUIÇÃO DE ABRIL CONSAGROU.

 Diogo Serra

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