quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Da Autarquia à Comunicação Social...

 




Da autarquia à comunicação social uma “Cortina de …indiferença” abate-se sobre tudo o que soe a Robinson.

Cumpriu-se no passado dia 17 de Setembro mais um aniversário do nascimento de George Robinson, data que a Fundação Robinson institucionalizou como o Dia Robinson e costumava ser comemorado na cidade e particularmente no Núcleo Museológico do Convento de S. Francisco.

Essa “tradição” foi interrompida quando a própria administração da Fundação optou por interromper quer as suas obrigações, quer a atividade da Fundação e dos seus trabalhadores.

Perante a deserção de Administradores e Curadores e da total demissão do Executivo Municipal onde tinha assento o próprio Presidente do Conselho de Administração, os portalegrenses fomos assistindo à delapidação dos principais ativos da fundação. Desde logo os seus trabalhadores e pasme-se, a “jóia da coroa”- o Núcleo Museológico do Convento de S. Francisco.

O assassínio do Núcleo Museológico da Igreja do Convento de S. Francisco é verdadeiramente um caso de estudo.

Num edifício dos mais antigos e emblemáticos da cidade foi instalado um núcleo museológico que expunha a coleção de arte religiosa adquirida pela Fundação à família Sequeira. O núcleo foi instalado na Igreja após importantes e onerosas obras de requalificação e rapidamente se afirmou no panorama cultural da cidade.

Por falta de pagamento de um recibo de poucas dezenas de euros de eletricidade à EDP, a empresa fornecedora de energia corta o fornecimento da eletricidade colocando inoperacional o museu e pondo em risco todo o acervo ao privá-lo das condições ótimas de luminosidade e temperatura. Aos trabalhadores e técnicos deixaram de ser pagos os salários obrigando-os a rescindirem os contratos que os ligavam à Fundação. E, assim, devagarinho se desmantelou aquele espaço de cultura e se desbarataram milhões de euros ali investidos ao longo de anos.

Entretanto, a luta político-partidária ia transformando a mais leve ligação à Robinson, fundação, espaço e corticeira em produto tóxico que era preciso isolar, calar e, sobretudo remeter ao esquecimento.

E a cidade permite-o. E a cidade somos nós.

O ruidoso silêncio com que passámos mais um 17 de Setembro não iliba nenhum dos atores locais e, sobretudo não apaga as consequências ruinosas para a cidade e para os portalegrenses, da destruição do património que poderia/deveria ser um instrumento de desenvolvimento de Portalegre. Salvam-se muito poucos. Os que não desistem de furar o silêncio dos culpados e as vítimas do processo (os danos colaterais): os trabalhadores e técnicos da Fundação, os trabalhadores corticeiros a quem não foram pagas as indeminizações devidas, os portalegrenses privados de usufruir o espaço Robinson e de verem a “sua corticeira” transformar-se em museu e perpetuar as memórias dos milhares de operários que a “alimentaram” e construíram a Portalegre Industrial.

E este calar “da coisa” é ainda mais grave por não ser caso único.

Já esquecemos o ICTVR (International Center for Technology in Virtual Reality) o tal investimento de 7.5 milhões de euros que deixou vários milhões para os portalegrenses pagarem? Eu não!

Diogo Serra

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