quarta-feira, 19 de outubro de 2022

É Justo e necessário … o aumento do salário!

 


É Justo e necessário … o aumento do salário!

Os Patrões portugueses, o seu Governo e a sua secção (anti) sindical assinaram um “papelucho” contendo as orientações para o empobrecimento do país e a intensificação do assalto aos direitos dos trabalhadores.

Apelidaram-no de Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade e ordenaram aos seus megafones, disfarçados de órgãos de informação, que o gritem até à exaustão.

Sabem bem que não o é mas usam este título como usam muitas palavras que tornaram “moda”: enganar os menos avisados, retirarem direitos, empobrecerem quem trabalha, continuar a multiplicação dos lucros.

Os referenciais propostos pelo Governo fazem com que no final de 2023, se tenha um menor poder de compra do que aquele que os trabalhadores tinham em 2021. Propor 5,1% de crescimento salarial, quando a inflação acumulada em 2022 e 2023 é superior a 11%, não é aumento é empobrecimento!

 

Acresce ainda que os aumentos no sector privado não se fazem por decreto. É a contratação colectiva que fixa os salários e o Governo persiste em manter a norma da caducidade e continuar a negar a reintrodução plena do princípio do tratamento mais favorável, mantendo os bloqueios que permitem a chantagem patronal, impede a concretização do objectivo da valorização dos salários na contratação colectiva.

 

Escrevo este texto no dia em que os trabalhadores portugueses decidiram levar à rua o seu protesto face às tentativas do governo e daqueles a quem serve, em retirarem não só os direitos de quem trabalha mas também os instrumentos necessários à sua conquista e defesa.

A poucas horas de desfilarem nas ruas do Porto e de Lisboa, os trabalhadores portugueses e as suas justas reivindicações vejo-me e vejo-os em Lisboa a chegarem ao local de concentração trazendo nos olhos o sonho e no coração a vontade de defenderem o que foi duramente arrancado ao grande capital e aos seus governos.

Quando já se fazem ouvir as palavras de ordem e as faixas começam a ser estendidas, quando a praça se enche de firmeza e convicções volto a questionar-me sobre as razões que podem levar um governo que ainda gosta de se afirmar de esquerda, a pactuar com o assalto aos direitos e às condições de vida de quem vive do seu trabalho ou da sua reforma?

A meu lado alguém grita. “Ladrões, querem roubar-nos tudo! Uma afirmação forte, movida, talvez por algum desespero. Será? Quando um repórter questiona um manifestante com o facto de o “acordo” ter sido assinado pela UGT (em representação dos trabalhadores, afirmou.) a resposta saiu ligeira: É tudo farinha do mesmo saco e pagos do mesmo bolo. Os trabalhadores e os seus sindicatos estão aqui. Vamos afirmar o que pensamos e o que queremos, hoje, aqui e no Porto. Amanhã e nos outros dias em cada local de trabalho em cada canto de Portugal.

Ainda esbocei a intenção de lhes chamar a atenção para com as palavras usadas, Ladrões, querem roubar-nos tudo… mas de imediato desisti. Porque não convenceria ninguém, porque eu próprio não estava, nem queria ser, convencido:

- Quando nos tiram pela força o que é nosso e nos faz falta, como o definimos? ROUBO!

- Quando esse roubo é praticado por pessoas ou organizações, como os definimos? LADRÕES!

- Quando num roubo não se arrombam portas ou janelas, antes se paga a alguém que a partir de dentro lhes abra a porta e fique de vigia para avisar se “vem alguém”, como chamamos a tal gente? Traidores e igualmente Ladrões porque, diz o povo na sua imensa sabedoria, tão ladrão é o que rouba como o que fica a vigiar!

Foi ainda comigo envolto nesses pensamentos que se iniciou o desfile. Ao escutar as palavras de ordem gritadas pelos manifestantes: “ É urgente e necessário o aumento do salário!”, “ Pobreza em Portugal é vergonha nacional!”, “direitos conquistados, não podem ser roubados!” dei comigo a pensar das razões que levaram à dissolução da anterior Assembleia, das vantagens, para uns, e desvantagens, para outros do fim do espartilho que a esquerda colocava aos amantes do sistema capitalista e a quantos vivem para servir os , sejam estes emanados dos diretórios nacionais ou internacionais.

Na verdade, sem o fim do compromisso da esquerda e do PS na Assembleia da República, não seria possível ao capital recuperar as posições perdidas, não seria possível aos muitos que viveram tais momentos com tristeza, venerar o “Deus Capital” e os seus oráculos estejam eles na Casa Branca ou Bruxelas, tenham como pitonisa a Nato, a U.E ou …Marcelo.

Aa maiorias dão estabilidade! Pois… a quem?

Diogo Júlio Serra

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