ENTRE A PALAVRA E A ACÇÃO, UM OCEANO DE DISTÂNCIA!*
No dia em que Portalegre
assinalou o 472º aniversário da sua elevação a cidade a Secretária de Estado do
Interior, Isabel Ferreira, presente na inauguração de uma nova unidade
hoteleira em Portalegre, afirmou que é fundamental para o país e
particularmente para o nosso distrito e região travar as continuas perdas demográficas
e garantir o crescimento populacional através de uma maior atratividade de
população jovem e da capacidade para manter na região os jovens que aqui nascem
e se formam.
Palavras aplaudidas por quantos
as escutaram uma vez que ilustram as nossas preocupações e retratam as nossas
reivindicações e anseios.
Pois bem, quatro dias depois o
Governo fazia aprovar na Assembleia da Republica, o Orçamento do Estado para
2022 com os votos favoráveis do Partido que lhe garante o apoio maioritário no
Parlamento, o Partido Socialista, mais a abstenção dos três deputados do
PSD/Madeira e dos deputados únicos do PAN e do Livre.
Esperar-se-ía, tendo presente as
palavras da Sra. Secretária de Estado, quatro dias antes em Portalegre, que
esse documento acolheria as políticas necessárias e indispensáveis ao garantir
da fixação e atração da população jovem no país e particularmente no interior.
Engano nosso.
O orçamento aprovado dá
continuidade e suporte às políticas que nos trouxeram até aqui: políticas
centralistas e centralizadoras, que concentram a riqueza produzida nos “bolsos
dos do costume”, políticas de baixos salários e pensões de miséria que impõem
aos trabalhadores essa “coisa” incompreensível que é empobrecer a trabalhar.
O governo e o partido que o
suporta impuseram no O.E. a continuidade e intensificação do empobrecimento dos
trabalhadores e dos reformados e pensionistas ao persistirem nos aumentos
(vergonhosos) de 0,9% para a função pública que tem os salários congelados há
uma década e de 10 euros mensais para as pensões até 1.100 euros quando é público
que a inflação atingiu já os 7,2% de aumento.
Não é preciso escrever ou dizer
muito mais sobre a vontade do governo em continuar e até intensificar as
mesmíssimas politicas que já colocam o país nos últimos patamares dos países
membros da U.E. e a nossa região no último lugar do país no que respeita à
riqueza distribuída, aos níveis de emprego, ao investimento público e à
qualidade dos serviços públicos disponibilizados.
Não são precisos mais exemplos
para percebermos, todos, a diferença enorme que separa o discurso da acção do
governo e dos seus membros.
Aliás, se necessidade houvesse,
de acrescentar mais exemplos dessa realidade bastar-nos-ia recordar que do tão
celebrado PRR – Plano de Recuperação e Resiliência que o Primeiro Ministro
batizou com nome guerreiro, se destinou para o nosso distrito uma migalha, na
totalidade absorvida por três “obras”: a barragem do Pisão, a área empresarial
de Campo Maior e uma rotunda na estrada Arronches/Portalegre e que para a
região Alentejo o investimento publico previsto é de 1,1% do PRR.
O Quadro abaixo, divulgado no
site Mais Transparência, dá-nos conta da situação no Alentejo em Abril de 2022
no que se refere à aplicação do PRR.
E não, não se trata de possuirmos
ou não os meios necessários. São opções na distribuição dos meios existentes.
Opção tão claras ( e tão iguais) como as que levaram os governantes a optarem
pelo capital na distribuição da riqueza produzida ou, pela politica de fomento
da guerra quando optaram pelo seu reforço com os mais 250 milhões de euros
anunciados pelo primeiro ministro em Kiev.
São as opções deles. Saibamos nós
assumirmos as nossas!
Diogo Júlio Serra
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