quarta-feira, 1 de junho de 2022

Entre a Palavra e a Acção. Um Oceano de distância!

 


ENTRE A PALAVRA E A ACÇÃO, UM OCEANO DE DISTÂNCIA!*

No dia em que Portalegre assinalou o 472º aniversário da sua elevação a cidade a Secretária de Estado do Interior, Isabel Ferreira, presente na inauguração de uma nova unidade hoteleira em Portalegre, afirmou que é fundamental para o país e particularmente para o nosso distrito e região travar as continuas perdas demográficas e garantir o crescimento populacional através de uma maior atratividade de população jovem e da capacidade para manter na região os jovens que aqui nascem e se formam.

Palavras aplaudidas por quantos as escutaram uma vez que ilustram as nossas preocupações e retratam as nossas reivindicações e anseios.

Pois bem, quatro dias depois o Governo fazia aprovar na Assembleia da Republica, o Orçamento do Estado para 2022 com os votos favoráveis do Partido que lhe garante o apoio maioritário no Parlamento, o Partido Socialista, mais a abstenção dos três deputados do PSD/Madeira e dos deputados únicos do PAN e do Livre.

Esperar-se-ía, tendo presente as palavras da Sra. Secretária de Estado, quatro dias antes em Portalegre, que esse documento acolheria as políticas necessárias e indispensáveis ao garantir da fixação e atração da população jovem no país e particularmente no interior. Engano nosso.

O orçamento aprovado dá continuidade e suporte às políticas que nos trouxeram até aqui: políticas centralistas e centralizadoras, que concentram a riqueza produzida nos “bolsos dos do costume”, políticas de baixos salários e pensões de miséria que impõem aos trabalhadores essa “coisa” incompreensível que é empobrecer a trabalhar.

O governo e o partido que o suporta impuseram no O.E. a continuidade e intensificação do empobrecimento dos trabalhadores e dos reformados e pensionistas ao persistirem nos aumentos (vergonhosos) de 0,9% para a função pública que tem os salários congelados há uma década e de 10 euros mensais para as pensões até 1.100 euros quando é público que a inflação atingiu já os 7,2% de aumento.

Não é preciso escrever ou dizer muito mais sobre a vontade do governo em continuar e até intensificar as mesmíssimas politicas que já colocam o país nos últimos patamares dos países membros da U.E. e a nossa região no último lugar do país no que respeita à riqueza distribuída, aos níveis de emprego, ao investimento público e à qualidade dos serviços públicos disponibilizados.

Não são precisos mais exemplos para percebermos, todos, a diferença enorme que separa o discurso da acção do governo e dos seus membros.

Aliás, se necessidade houvesse, de acrescentar mais exemplos dessa realidade bastar-nos-ia recordar que do tão celebrado PRR – Plano de Recuperação e Resiliência que o Primeiro Ministro batizou com nome guerreiro, se destinou para o nosso distrito uma migalha, na totalidade absorvida por três “obras”: a barragem do Pisão, a área empresarial de Campo Maior e uma rotunda na estrada Arronches/Portalegre e que para a região Alentejo o investimento publico previsto é de 1,1% do PRR.

O Quadro abaixo, divulgado no site Mais Transparência, dá-nos conta da situação no Alentejo em Abril de 2022 no que se refere à aplicação do PRR.

 

E não, não se trata de possuirmos ou não os meios necessários. São opções na distribuição dos meios existentes. Opção tão claras ( e tão iguais) como as que levaram os governantes a optarem pelo capital na distribuição da riqueza produzida ou, pela politica de fomento da guerra quando optaram pelo seu reforço com os mais 250 milhões de euros anunciados pelo primeiro ministro em Kiev.

São as opções deles. Saibamos nós assumirmos as nossas!

Diogo Júlio Serra

* publicado jo Jornal Alto Alentejo de 1-6-22

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