quarta-feira, 13 de abril de 2022

Os DDTs e os capatazes nacionais

 




Os DDTs(donos disto tudo) e os capatazes nacionais.

 

“Vem por aqui” — dizem-me alguns com olhos doces,

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: “vem por aqui”!

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali…

(Extrato do Cântico negro de José Régio)

Não é a primeira vez. Já em outros momentos notámos a sua actividade com os mesmos intervenientes, os mesmos objectivos, os mesmos mandantes e os mesmos capatazes. A haver diferenças sê-lo-ão na violência e…no descaramento.

Todos a quem a preconceito ideológico ou o carreirismo não cegou já notámos, assistimos ou sofremos o discurso do ódio e o apelo à uniformidade de pensamento que de há uns tempos para cá tem atingido níveis que alguns pensámos não serem (de novo) possíveis.

A guerra, de novo trazida para a Europa, agora pelos oligarcas russos e ucranianos e orquestrada à distância por outros oligarcas que só aspiram a mais lucro, mesmo que, à custa da destruição e morte, agora na Europa e antes em inúmeras outras partes do mundo, serve como acelerador de acções visando impor ao “outro”, indivíduos territórios e nações, os conceitos e olhares de acordo com sua estratégia de rapina.

A partir das organizações que dominam, sejam a ONU,a UE ou as centrais de dados e da informação a nível mundial, ou a sua máquina de guerra - a NATO, desenvolvem mortíferas acções de guerra sejam-no no domínio estritamente militar, na economia ou na propaganda.

Uma guerra que sendo movida pela vontade de rapina dos recursos mundiais (da energia, do saber, e da água) pretende também controlar a nossa liberdade de agir e de pensar.

Em Portugal a “coisa” está a atingir patamares que devem alarmar todos quantos estão (deviam estar) comprometidos com Abril e a Constituição que o consagra.

Não é possível continuarmos a assobiar para o lado e não ver que esta é uma batalha a que não podemos fugir e, aqui, ao contrário de outras batalhas e outras paragens, as fronteiras não se demarcam entre a democracia e o nazi-fascismo nem sequer entre partidos e forças tradicionalmente colocados à direita e à esquerda da democracia parlamentar.

Não, desta vez, a batalha é entre os que estejam ou não organizados partidariamente, estejam ou não acantonados em partidos que se nos apresentam da direita, da esquerda ou de coisa nenhuma, são pela liberdade ou (apenas) dizem que o são. Agora, a linha de fronteira está entre os que são defensores e praticantes da liberdade e da democracia e os outros, digam-se ou não democratas, tenham no bolso o cartão do partido a,b, ou c ou não tenham cartão nenhum.

E é, identificados os campos, necessário tomar partido e agir.

Tomar partido pela Constituição que nos deve reger, que todos devemos cumprir e alguns juraram fazer cumprir.

Tomar partido pela dignificação do trabalho e dos trabalhadores. Tomar partido em defesa da (s)liberdade (s), individual e de grupo.

Tomar partido e agir! Agir tendo como horizonte o que o Sérgio nos ensinou”:

Só há liberdade a sério quando houver: a paz, o pão, habitação, saúde, educação Só há liberdade a sério quando houver Liberdade de mudar e decidir

Quando pertencer ao povo o que o povo produzir

 

Diogo Júlio Serra

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