CUMPRIR E FAZER CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO!
Agora é ainda mais necessário!
A campanha eleitoral para a
Presidência da República mostrou-nos muito do que há para fazer e
particularmente a necessidade de dar cumprimento aos preceitos constitucionais.
Mais do que olhar para a espuma
“da coisa”: quem ganhou a quem? Quem deve ou não envergonhar-se, devemos olhar
para o que provoca tal espuma e, nesse caminho, honra lhe seja feita, a
candidatura de João Ferreira marcou pontos.
Nós, os que nascemos, vivemos e
trabalhamos no distrito de Portalegre, estamos infelizmente muito bem
posicionados para compreender essa importância mesmo que tenhamos preferido
apostar em soluções de continuidade no definhamento ou em aventuras que
poderiam acelerar a tragédia.
Lembremos.
O Alentejo do Norte é uma das
regiões mais que esquecida, esmagada pelas políticas definidas e aplicadas pelo
chamado “centrão” político e dos interesses e, demasiadas vezes, da corrupção. Estamos
assim em condições de testemunhar que, a letra e o espirito da Constituição
mais progressista da Europa tem sido, pelo menos aqui, colocada na tal “gaveta”
onde alguns guardaram outros sonhos.
O Distrito, como todo o interior,
é cada vez mais um território envelhecido, desertificado e despovoado de
gentes, ambição e valores e isto porque não se cumpriu, bem pelo contrário, o
preceito constitucional de desenvolvimento harmónico do todo nacional.
Está como está, sem jovens, sem
emprego, sem rendimento digno, porque os diversos governos optaram de forma
criminosa por canalizarem os investimentos públicos e privados para a pequena
faixa junto ao mar entre o Porto e Setúbal, mais uma vez, em claro incumprimento
da Constituição da República e do que ela garante.
O Distrito de Portalegre sofre da
falta de emprego, porque as empresas foram empurradas pelas políticas
nacionais, para o encerramento ou para a deslocalização. Foi-lhes imposto esse
caminho não pela escassez de matérias-primas, pela inexistência de mão-de-obra
qualificada ou de conhecimento existentes na zona. Foram encerradas ou expulsas
porque os custos de aqui persistirem se tornavam insuportáveis: os factores de
produção e de escoamento eram e são aqui, muitíssimo superiores aos que existem
na tal faixa litoralizada.
E não, não é culpa dos
alentejanos do norte, como não o é das populações que ainda resistem em todo o
interior. As falhas de energia eléctrica, a inexistência de fibra óptica ou
sequer de rede aceitável para as telecomunicações e a tele informática, a
inexistência de vias rodoviárias eficazes e seguras ou a manutenção intocável das
vias ferroviárias e material circulante do século XIX. A culpa deve ser
assacada às políticas e aos interesses que, de novo, fizeram letra morta da
Constituição.
Mesmo algumas das medidas com que
fingiram estar empenhados em responder às nossas solicitações, aí estão, a
provarem serem um embuste. Só dois exemplos: as vias rodoviárias e ferroviárias
tantas vezes esgrimidas para enganar “os pacóvios”.
O distrito é tocado por duas
auto-estradas, a A6 a Sul e a A23 a Norte. Quaisquer delas tocam o distrito
porque não poderiam passar por outro lado: a primeira porque não era possível
chegar a Badajoz sem tocar Elvas e a segunda porque no seu caminhar para
Castelo Branco, Nisa e Gavião se lhes atravessaram no caminho.
Abrem-nos pontes com outras
regiões? Não. São barreiras ao nosso desenvolvimento.
O que nos abriria pontes seriam
um IP2 completo e sem estrangulamentos, o IC13 completo entre Beirã e Lisboa, a
ponte, entre Nisa e Cedillho, ligações “decentes” entre a A6 e a A23 ligando
Elvas/Portalegre/Nisa e ainda ligando Estremoz/Avis/Ponte de Sor/Abrantes.
No que respeita às vias
ferroviárias pouco nos serve a linha Sines/Caia que a concretizar-se como está,
só serve os interesses da Europa e, de novo, do Litoral.
O que é fundamental para o nosso
distrito, é que a Linha do Leste seja eletrificada e modernizada, que o seu
traçado seja rectificado de forma a trazer o comboio à capital do distrito e
ponha fim aos estrangulamentos como o existente em Santa Eulália, que chegue ao
CAIA e que as nossas mercadorias possam, por aí ser escoadas para toda a
Europa.
Também aqui, o caminho é cumprir
e fazer cumprir o que a Constituição consagra.
Que saibamos ver, para além das
naturais diferenças ideológicas que afinal, as eleições do passado dia 24
tiveram vencedores e vencidos, bem diferentes do que “os média” se afadigam em
mostrar-nos!
E, já agora, registemos a azáfama
que vai pela nossa cidade. Finalmente “tudo mexe”. Vivam a eleições!
Diogo Júlio Serra
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