quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

ACORDAI!

 


ACORDAI!

A nossa cidade e concelho foi recentemente “abanada” por uma reportagem televisiva assinada por um ilustre portalegrense, que nos mostrava o estado comatoso para onde temos sido sistematicamente empurrados.

Mostrava, também, os rostos e as falas de alguns que teimam em remar contra a maré mas também rostos e falas de gente desiludida, que não percepciona a gravidade da coisa ou que já atirou a toalha ao chão.

Para os portalegrenses que há muito denunciam as politicas e as acções que impõem ou permitem a estagnação que nos atinge, a peça televisiva serviu para confirmar a justiça das denúncias e animar para novos “combates”. Esperámos, eu encontro-me entre estes, que a exposição pura e dura da situação para onde fomos atirados nos arrancaria, a todos, do “torpor” em que nos deixámos envolver.

Não foi o que sucedeu, a acreditarmos no que se ouviu dos apoiantes da “inércia” e das forças políticas que a têm imposto. Nas redes sociais e nas “conversas da treta” em que se especializaram e cujo palco privilegiado é o espaço que as redes sociais permitem o “povo lagóia” reagiu como tem sido seu costume: fingir que não se passa nada, culpar os outros, a notícia não é boa? “Mate-se” o mensageiro…

Mais do mesmo… afinal a culpa é das “forças de bloqueio”- onde e quando já ouvimos isto? – é a oposição que não nos deixa governar! E nem repararam que a principal responsável pela política municipal numa demonstração do que tem sido o seu papel no concelho, colocada perante as câmaras de uma televisão nacional, em vez de aproveitar o tempo de antena que lhe está a ser oferecido para promover o concelho a que preside, optou por mostrar ao país o que aqui já todos sabemos: É a líder de uma equipa que há muito desistiu de ser solução e é cada vez mais o problema.

Recordemos. É verdadeiro o papel nefasto dos governos centrais e centralistas para com todo o designado “interior”, é conhecido o efeito nefasto para cidades como Portalegre, da eliminação dos distritos (sim eu sei que formalmente não foram extintos) sem que tivesse sido cumprida a imposição constitucional da criação das Regiões Administrativas.

 Sabemos, todos, das criminosas decisões sobre para onde vão e onde acabam os investimentos públicos e privados, as empresas e os empregos. Sabemo-lo, mas sabemos igualmente e sofremo-lo, que a esse quadro se adicionam, no caso de Portalegre, uma governação local sem capacidade de liderar, de prever e antecipar acontecimentos, de congregar esforços e projetos, de construir e liderar uma estratégia para o concelho e, até, sem capacidade de ouvir.

Um concelho que só mexe ao ritmo dos calendários eleitorais pode, por vezes, atingir os objectivos eleitorais de quem o dirige, não chegará nunca a bom porto. É assim Portalegre.

E agora? Não há nada a fazer?

Claro que há! Como o poeta nos ensina, importa acordar. … pois quando um povo acorda é sempre cedo!

 

Diogo Júlio Serra

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