quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Quando o futebol e a política se cruzam...

 


Quando o futebol e a política se cruzam…*

Os amantes do “desporto- rei” facilmente recordarão casos de futebolistas que nos escalões juvenis se mostravam como jovens talentos a quem “todos” auguravam o estatuto de estrela e, depois, chegados a séniores não ultrapassavam a mediocridade ou simplesmente desapareciam.

Todos eles, também não terão dúvidas em apontar alguns nomes de “craques” com posturas que os nossos “hermanos” designam de “peseteros”.

Felizmente, reconhecemo-lo todos, a grande maioria são profissionais sérios e competentes e são muitos os que, apesar das obrigações profissionais, continuam com “amor à camisola”.

Na política, mais concretamente na política local (dentro de partidos tradicionais e dos agrupamentos que gostam de fingir que o não são) também é comum assistirmos a manifestações de igual teor. Também por cá temos vindo a assistir a manifestações de alguns que enquanto “jótinhas” se apresentavam como craques e, chegados a sénior, apesar de estarem permanentemente em “bicos de pés”, não conseguem ultrapassar a mediocridade. Igualmente, também aqui, se têm manifestado posturas “peseteras” com a mudança de clube ao sabor dos ventos e…das perspectivas “peseteras”.

Mas também no governo da Polis, a maioria mantém uma postura de enorme respeito pela “coisa pública” e entre esses, é numeroso o grupo dos que se continuam a jogar “por amor à camisola”.

É com estes últimos (existentes em todos os grupos políticos) que os portalegrenses contam para que consigamos ultrapassar a gravíssima situação sanitária que vivemos, os seus nefastos resultados e a crise social que já se vislumbra e que tenderá a prolongar-se, mesmo depois de ultrapassada a pandemia actual.

Importa pois que, estes “jogadores“ verdadeiramente empenhados na governança deste território, com visões táticas diversificadas, consigam concordar na estratégia necessária ao futuro da cidade e do concelho. E que neste “jogo da vida” mesmo jogado sem público nos estádios possam ser apoiados por cada portalegrense.

No momento que escrevo (sábado) a informação disponível diz-nos que num distrito com 357  infectados covid, activos, 163 são conterrâneos nossos e que o nosso Hospital Distrital atingiu a ocupação total de camas covid, apetrechadas com ventilador para combater os casos mais graves. Que os trabalhadores da saúde, estão esgotados e alguns deles também infectados. Que não estamos a conseguir salvaguardar os nossos idosos, institucionalizados ou não. Que o desemprego cresce e com ele, a pobreza que entrou já em muitos lares.

E todavia, continuamos a ver quem por desconhecimento ou má formação persiste em pôr-se como centro do mundo, não acatando as orientações das autoridades de saúde, persistindo nas festarolas e nas “tampinhas de Whisky” infectando-se e infectando outros, incluindo cuidadores e técnicos de saúde, e contribuindo assim, para o encerramento de locais de trabalho, instituições de apoio a idosos e a crianças e serviços hospitalares.

Mas é, ainda, um tempo de esperança. O país e a região foram/serão dotados de meios financeiros avultadíssimos que poderão, assim os homens o queiram, ajudar na minimização das dificuldades actuais e no investimento necessário a projetar-nos para patamares diferentes daqueles,  onde as politicas centralistas dos governos centrais e a cegueira politica de diversos actores locais nos impuseram.

A nossa cidade e concelho podem (e devem) agora aproveitar este envelope financeiro e os ventos de reindustrialização que percorrem a Europa, para voltarem a ser a Capital Industrial que já fomos e que a nossa cultura industrial poderá potenciar.

Não nos percamos na “baixa política”, arregacemos as mangas e façamos da unidade na acção a força que a densidade populacional nos nega.

  Haverá um tempo para assacar responsabilidades pelo que cada um fez, ou não fez, mas o tempo, hoje, é de ganhar esta batalha.

Diogo Júlio Serra

*publicado no Jornal do Alto Alentejo de 18-11-2020

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