quarta-feira, 26 de junho de 2019

No pós 10 de Junho!



No pós 10 de Junho!

Portalegre e o Alto Alentejo viveram uma “quinzena de ouro” que nos (re)colocou no mapa político nacional e nos permitiu recuperar o orgulho de sermos “Alentejanos do Norte”.
Um período que se iniciou com as comemorações do dia da Cidade e terminou com a concretização do dia de Portugal de Camões e das Comunidades.
Pelo meio, a eleição da vila do Crato como sede do governo e a cerimónia montada para anunciar (pela quarta vez) a obra há 63 anos esperada - a construção da barragem do Pisão.
Uma “quinzena” onde todos ganhámos!
Os “Lagóias” o direito a reverem a sua cidade decorada e limpa e a participarem nesse “feito”.
 Os alentejanos, todos, a satisfação de tornarem a ouvir (pela quarta vez) os governantes a prometerem-lhe que... agora é que é! E, como a esperança nunca morre, até fizemos por esquecer que um dos ministros qua ali estiveram a prometê-la já é repetente na promessa...
O encerramento desse período de afirmação de Portalegre e dos Portalegrenses aconteceu com o concretizar da decisão do Presidente da República de podermos partilhar com Cabo Verde a honrosa posição de anfitriões das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal de Camões e das Comunidades.
A cidade transformou-se numa enorme exposição do nosso “poderio militar” e, por fugazes momentos, em montra do que de bom, e é muito, aqui temos e produzimos.
Nem tudo foi perfeito ou, pelo menos, nem todos vimos da mesma forma o que aqui se passou e em particular como se “escolheram” e actuaram muitos dos protagonistas desse período e em particular da forma como o Municipio não aproveitou todas as condições criadas para promover a região e as nossas gentes e, atente-se à polémica surgida, com a escolha do Presidente da Comissão Organizadora e com os discursos produzidos.
Vejamos:
Quanto à promoção do que de bom aqui temos e fazemos. Podíamos ter feito melhor?
Sim, podíamos e devíamos e bastava para tanto que tivéssemos tido (município e organizações) a mesma iniciativa que alguns poucos tiveram e em particular a Associação de Criadores do Rafeiro Alentejano ou a Confraria do Senhor do Bonfim.
Não potenciámos a nossa riqueza cultural?
É verdade. Apesar de temos incluído no programa as Tapeçarias de Portalegre (que essas sim, têm colaboradoras desde que foram despedidas todas as trabalhadoras), “esquecemos” o Espaço Robinson, com a sua riqueza patrimonial, a necessidade de apoio financeiro e a recomendação unânime da Assembleia da República para que o Governo garanta a sua preservação.
Mostrámos do melhor que existe no nosso acervo cultural, mas fizémo-lo em “circuito fechado” e “esquecemo-nos” que somos a capital da doçaria conventual e campeões no que respeita a produtos alimentares certificados.
Mostrámos a nossa apetência para contestar tudo. Opções politicas nacionais e municipais, indigitações e nomeações (JMT que o diga), e os discursos proferidos numa profusão que acaba por justificar o discurso escrito a quatro mãos e lido a 10 de Junho pelo Presidente da Comissão Organizadora.
Todavia, o que importa é o futuro e agora o fundamental é garantir que se cumpra o que Marcelo Rebelo de Sousa referiu: “...  a escolha de Portalegre para receber as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em 2019 »também é simbólica, porque significa que Portugal nunca se esquece dessas realidades que são os portugais, não direi desconhecidos, mas que são minimizados, menorizados ou nem sempre presentes na vontade colectiva"...” o 10 de Junho não pode acabar por hoje”.
Importa, acima de tudo, não deixarmos repetir o vivido 43 anos atrás quando o que se seguiu ao 10 de Junho aqui comemorado foi o acentuar do estado comatoso que se foi agravando até nos deixar cidade,concelho e distrito, no patamar de quase não retrocesso em que este 10 de Junho nos veio encontrar.
Que seja verdadeira a afirmação da Presidente do nosso município. Que a escolha da nossa cidade para as comemorações de 10 de Junho “nos faça acreditar que é possível ter esperança no futuro” e já agora que motive o executivo a que preside a tornar verdadeiro o slogan com que se candidatou e seja Portalegre (a cidade e a região) a vontade que (n)os une!

Diogo Júlio Serra