UM HOMEM NÃO CHORA…
Cresci a ouvir esta “sentença”
sempre que no frenesim da brincadeira ocorriam quedas e esfolões, quando numa
ou noutra disputa mais entusiástica com os companheiros a discussão virava
briga, quando porque contrariado nas minhas vontades partia para o amuo e para a
“birra”.
Tornou-se, por isso, uma “verdade
absoluta” que só muito mais tarde começou a ser contrariada mas, ainda assim,
em momentos e situações muito, muito especiais.
Foi-o quando uma lágrima teimosa
insistiu em aparecer, no Hospital Dr. José Maria Grande, no momento em que uma
enfermeira e amiga me colocou nas mãos “um rolinho” que já decidíramos chamar-se
Guida, a minha primeira filha.
Voltou a sê-lo quando mais de 20
anos passados, na nossa Sé Catedral, trajado de gala e rodeado de amigos levei,
de novo a Guida, pelo braço e em passo solene, a caminho do altar para a
“entregar” ao Paulo, que naquele dia de 22 de Abril de 2006, passaria a ser o
seu marido.
Na passada sexta-feira, no
auditório a Máquina, situado no espaço Robinson, realizou-se o XI Congresso da
União dos Sindicatos do Norte Alentejano e ali, na presença de várias dezenas
de delegados eleitos por todo o distrito e em todos os sectores de actividade,
com o testemunho solidário de inúmeras organizações e personalidades.
Representações partidárias do
Partido Socialista, do Partido Comunista, do Partido Ecologista os Verdes; de
representantes do Secretariado do AMAlentejo, da Entidade Regional de Turismo,
da Escola de Hotelaria, da União de Freguesias da Sé e São Lourenço e da Sra.
Presidente da Câmara Municipal de Portalegre.
Delegações fraternais das Uniões
Sindicais Distritais de Beja, Castelo Branco, Évora e Setúbal. A representação
das Comissiones Obreras da Extremadura e da CGTP-Intersindical esta chefiada
pelo seu Secretário-Geral que acompanhou todos os trabalhos e fez a intervenção
de encerramento.
Por ali foram desfilando os
problemas, os anseios e as lutas dos trabalhadores e da população do distrito.
Presentes à discussão e aprovados quer o Relatório quer o Plano de Acção para
os próximos quatro anos.
Por deferência dos meus camaradas
da União foi-me atribuída a honrosa tarefa de presidir três das quatro sessões
do Congresso e nessa função, receber e saudar os delegados e convidados ao
congresso. Todavia seria a quarta e última sessão a abalar a convicção que na
infância me fora inculcada.
Quando a coordenadora da Direcção
cessante citou os cinco dirigentes que naquele congresso deixaram as suas
funções de direcção da USNA e particularizou a minha situação historiando o meu
percurso sindical e o congresso aplaudindo em pé me fizeram sentir “o dono do
mundo” a comoção ultrapassou em muito o que “gostaria” que tivesse acontecido.
Um homem não chora? Pois, podem
continuar a pensá-lo. Vocês não estiveram no Congresso.
Diogo Júlio Serra
Publicado no Jornal Alto Alentejo de 27-2-2019
1 comentário:
Muito bom texto. Um homem chora sim e muito, talvez a maioria das vezes, à noite quando acha que ninguém vê ou sente, mas. o quanto está enganado. E depois se se ri quando há motivos para isso, porque não há-de chorar quando também há motivos para isso. R também se chora de alegria como é o caso do nascimento de um filho, de um neto, no casamento e também quando há uma comoção grande. Não é vergonha, é sinal de sensibilidade para a realidade do dia-a-dia. Eu também choro e também fui ensinado que, " não chora". Abraço
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