“ O QUE FAZ FALTA É “AVISAR” A MALTA,
O QUE FAZ FALTA…”(*)
Gente aparentemente bem
informada. Alguns são meus amigos…
Pessoas de trabalho e nascidas em
famílias trabalhadoras aparecem periodicamente a defenderem e divulgarem
posições da direita mais retrógrada quando não claramente fascistas.
São as exaltações de Salazar e
das suas “virtudes”, são os elogios à ditadura terrorista dos monopólios e
latifundiários que aquele nos impôs por mais de quarenta anos, são as tiradas
do mais feroz anticomunismo, são as posturas anti-humanas de rejeição dos que
procuram na Europa refúgio para as guerras que lhes impõem ou o pão que nos
seus territórios lhes é negado.
É óbvio que na maior parte das
vezes reproduzem a propaganda delineada nos centros internacionais de
intoxicação e divulgada pelos órgãos propaganda, alimentados pelo capital
nacional e internacional. Mesmo assim, é uma situação preocupante que deverá
fazer soar “campainhas de preocupação” a quantos em Portugal e particularmente
no nosso território viveram sob a ditadura terrorista que os seus mentores
apelidaram de Estado Novo e que nos condenou ao atraso que ainda hoje estamos a
pagar.
Para os que ainda não esquecemos,
para quantos sofreram os efeitos e procuraram resistir-lhe. Para os que
contribuíram para o seu derrube e sonharam com um país livre e desenvolvido e
nisso se empenharam, importa não apenas dar combate a esta “moda” mas sobretudo
indicar caminhos para que o sonho não nos seja roubado.
Para quem não viveu nem a “negra
noite” nem os alvores da liberdade e são já a maioria dos portugueses. Para
quantos já nasceram em democracia política e que da Revolução dos Cravos só
sabem o que lhes é (mal) contado e associam ao 25 de Abril e à Democracia, a
grave situação que vivemos (ainda assim incomparavelmente melhor que a vida que
os seus antepassados tiveram durante o salazarismo), sem saberem ou assumirem
que a situação para onde fomos empurrados não é fruto da Revolução Cravos e da
democracia mas sim das políticas impostas por quem as traiu e sabotou.
Compete-nos a nós, os que vivemos
Abril, que sonhámos um país de “Paz, Pão, Saúde, Habitação, Liberdade de falar
e decidir, com a entrega ao Povo o que o Povo Produzir,” e que por ele nos batemos,
a responsabilidade de, sem medos, dizer às novas gerações que o PREC que a
direita lhes apresenta como uma tragédia só o foi porque essa mesma direita e
todos os saudosistas o combateram, o sabotaram e traíram.
Contar-lhes que as situações que
hoje nos atingem: a vergonhosa concentração de toda a riqueza em 10% da
sociedade, o trabalho sem direitos, os salários e pensões de miséria, a
destruição de serviços, a transferência do produto do trabalho para os bolsos
de banqueiros e dos monopólios que voltaram, o amiguismo e a corrupção que
campeiam e tantos mais, não resultam de ABRIL, do PREC – Processo
Revolucionário em Curso, ou dos políticos como um todo.
O Portugal que hoje temos (ainda
assim muito melhor que o do “Manholas e Caetano”) é o resultado do anti-PREC
(contra-revolução) e de Partidos Políticos e políticos integrados no Arco da
Destruição (eles gostam de chamar-se de Arco da Governação) que se têm
afadigado na destruição do Portugal dos três Dês – Descolonização, Democracia, Desenvolvimento,
para que o 25 de Abril se fez.
Este Portugal das desigualdades e
do não desenvolvimento resulta da campanha de traição aos ideais e aos obreiros
de Abril, da violência terrorista com que a direita e o capitalismo
internacional desmantelaram o Portugal de Abril.
E fizeram-no, é preciso dizê-lo,
com o recurso a violência extrema utilizando o terrorismo bombista que pôs, ele
sim, o país a arder, com assassinatos, com o afastamento, repressão e prisão
dos principais militares de Abril, com a traição a Portugal e aos portugueses.
Uns e outros têm rostos e nomes.
Muitos deles estão vivos ou perpetuam-se na descendência que colocaram no poder
instituído.
Mas, como escreveu o poeta e o
cantor imortalizou: Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!
Diogo Serra
(*) publicado no Jornal Alto Alentejo de 12-11-2018
Sem comentários:
Enviar um comentário