segunda-feira, 30 de julho de 2018

Pensar Pequenino



PENSAR PEQUENINO
INFORMAR EM MINÚSCULAS!

O Congresso das alentejanos e alentejanas que realizámos recentemente em Castelo de Vide haveria de ser marcado, junto de alguma imprensa regional e de comentadores locais, por parte do discurso de encerramento proferido pelo Presidente da Entidade de Turismo do Alentejo em que este dirigente chamou a atenção para as ausências que ali se fizeram sentir: alguns Presidentes de Câmara e o Partido Socialista, o seu governo e a generalidade das instituições por si dirigidas.
Esta fixação nesta ínfima parte do discurso de encerramento não tem permitido a alguns comentadores da “nossa praça” descolarem da ideia, profundamente errada, de que o congresso “não resultou” ou que “ali não esteve ninguém”.
É uma conclusão que não tem correspondência quer no discurso de Ceia da Silva e de outros responsáveis pela organização do Congresso de Castelo de Vide, quer ao que se passou de facto no 2º Congresso do AMAlentejo.
Vejamos porquê!
O Congresso reuniu em Castelo de Vide o que de melhor temos na região, pessoas e instituições e conseguiu, quando deu a palavra aos partidos políticos, que a generalidade das forças políticas com representação parlamentar nos viessem trazer a sua opinião e propostas para esta importante e vasta região.
As quase duas centenas de participantes, a qualidade das comunicações proferidas, as propostas ali levadas e debatidas atestam a importância do Congresso.
Por ali passaram a quase totalidade dos municípios e freguesias, representes de sindicatos e associações empresariais, as instituições do Saber: Universidade de Évora e os Institutos politécnicos de Beja e Portalegre, a ADAL e as CIMs do Alentejo Central e do Litoral Alentejano, deputados eleitos pelos círculos eleitorais Beja, Évora e Portalegre e, no painel destinado aos Partidos Políticos estiveram presentes e proferiram intervenções os representantes do PEV -Partido Ecologista os Verdes, do BE - Bloco de Esquerda, do CDS – Partido Popular, do PCP – Partido Comunista Português e do PSD – Partido Social Democrata .
Presente ainda e com comunicação na sessão de abertura o representante do Senhor Presidente da Assembleia da Republica.
Mais ainda que as presenças verificadas, a qualidade das comunicações ali levadas e a pertinência das reivindicações e propostas são a garantia da capacidade, da resiliência e da grandeza dos alentejanos e alentejanas e a reafirmação nunca cansada de que o Alentejo tem Futuro, que o Alentejo não aceita continuar a ser marginalizado, que o país só tem a ganhar se aceitar incluir no seu próprio desenvolvimento um território que é, para além do enorme depositário cultural e ambiental, um terço do espaço continental português.
Medir o Congresso de Castelo de Vide pelas ausências, por mais gritantes que o sejam, é como (também) afirmou Ceia da Silva no discurso de encerramento “pensar pequenino”.
E se é óbvio que os Alentejanos não poderão/não deverão fingir que não registaram que mais uma vez, como (quase) sempre sucedeu, o Partido Socialista não só não esteve como procurou que outros não estivessem, que o governo da república ostensivamente recusou vir ouvir as nossas reivindicações e dar a cara pelas suas políticas para o Alentejo isso, apesar de muito, é uma pequena gota de água no mar de afirmação política económica, cultural e social que foi, de novo o Congresso dos Alentejanos e Alentejanas.
Não ver o que ali se passou, fingir não perceber o manto de silêncio que a comunicação nacional ao serviço ou refém do governo central e das diferentes teias de interesses a quem convém um Alentejo quedo e mudo, ou procurar concluir que o Congresso foi “poucochinho” é isso sim Pensar Pequenino e (sobretudo) informar em minúsculas!

Diogo Júlio Serra
Publicado no Jornal Alto Alentejo de 25-07-2018

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