PENSAR PEQUENINO
INFORMAR EM MINÚSCULAS!
O Congresso das alentejanos e alentejanas que
realizámos recentemente em Castelo de Vide haveria de ser marcado, junto de
alguma imprensa regional e de comentadores locais, por parte do discurso de
encerramento proferido pelo Presidente da Entidade de Turismo do Alentejo em
que este dirigente chamou a atenção para as ausências que ali se fizeram sentir:
alguns Presidentes de Câmara e o Partido Socialista, o seu governo e a
generalidade das instituições por si dirigidas.
Esta fixação nesta ínfima parte do discurso de
encerramento não tem permitido a alguns comentadores da “nossa praça”
descolarem da ideia, profundamente errada, de que o congresso “não resultou” ou
que “ali não esteve ninguém”.
É uma conclusão que não tem correspondência quer no
discurso de Ceia da Silva e de outros responsáveis pela organização do
Congresso de Castelo de Vide, quer ao que se passou de facto no 2º Congresso do
AMAlentejo.
Vejamos porquê!
O Congresso reuniu em Castelo de Vide o que de
melhor temos na região, pessoas e instituições e conseguiu, quando deu a
palavra aos partidos políticos, que a generalidade das forças políticas com
representação parlamentar nos viessem trazer a sua opinião e propostas para
esta importante e vasta região.
As quase duas centenas de participantes, a qualidade
das comunicações proferidas, as propostas ali levadas e debatidas atestam a
importância do Congresso.
Por ali passaram a quase totalidade dos municípios
e freguesias, representes de sindicatos e associações empresariais, as
instituições do Saber: Universidade de Évora e os Institutos politécnicos de
Beja e Portalegre, a ADAL e as CIMs do Alentejo Central e do Litoral
Alentejano, deputados eleitos pelos círculos eleitorais Beja, Évora e
Portalegre e, no painel destinado aos Partidos Políticos estiveram presentes e
proferiram intervenções os representantes do PEV -Partido Ecologista os Verdes,
do BE - Bloco de Esquerda, do CDS – Partido Popular, do PCP – Partido Comunista
Português e do PSD – Partido Social Democrata .
Presente ainda e com comunicação na sessão de
abertura o representante do Senhor Presidente da Assembleia da Republica.
Mais ainda que as presenças verificadas, a
qualidade das comunicações ali levadas e a pertinência das reivindicações e
propostas são a garantia da capacidade, da resiliência e da grandeza dos
alentejanos e alentejanas e a reafirmação nunca cansada de que o Alentejo tem
Futuro, que o Alentejo não aceita continuar a ser marginalizado, que o país só
tem a ganhar se aceitar incluir no seu próprio desenvolvimento um território
que é, para além do enorme depositário cultural e ambiental, um terço do espaço
continental português.
Medir o Congresso de Castelo de Vide pelas
ausências, por mais gritantes que o sejam, é como (também) afirmou Ceia da
Silva no discurso de encerramento “pensar pequenino”.
E se é óbvio que os Alentejanos não poderão/não
deverão fingir que não registaram que mais uma vez, como (quase) sempre
sucedeu, o Partido Socialista não só não esteve como procurou que outros não
estivessem, que o governo da república ostensivamente recusou vir ouvir as
nossas reivindicações e dar a cara pelas suas políticas para o Alentejo isso,
apesar de muito, é uma pequena gota de água no mar de afirmação política
económica, cultural e social que foi, de novo o Congresso dos Alentejanos e
Alentejanas.
Não ver o que ali se passou, fingir não perceber o
manto de silêncio que a comunicação nacional ao serviço ou refém do governo
central e das diferentes teias de interesses a quem convém um Alentejo quedo e
mudo, ou procurar concluir que o Congresso foi “poucochinho” é isso sim Pensar
Pequenino e (sobretudo) informar em minúsculas!
Diogo Júlio Serra
Publicado no Jornal Alto Alentejo de 25-07-2018
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