SEMEANDO NOVOS RUMOS! É hora de decidir!(*)
Os últimos dias têm sido pródigos em acontecimentos
ditos de valorização do interior.
Assustados com a dimensão e impacto dos fogos que
nos assolaram no último verão, políticos de todas as matizes apressaram-se a
apontar tal necessidade certos que estão de que é a desertificação a que foram
votados estes territórios a principal responsável por tal flagelo.
O objetivo final é que, nem sempre, é o mesmo. Como
não o é, igualmente, a análise sobre os seus responsáveis.
Quando começam a surgir sinais e informações de que
se tratou de crime de contornos políticos e económicos, de uns quantos que põem
os seus mesquinhos interesses à frente do bem-estar coletivo, é consensual a ideia
de que os incêndios que destruíram vidas e bens numa dimensão há muito não
vista só atingiram tais proporções porque a quase totalidade da população
portuguesa se concentra numa estreita faixa do litoral enquanto mais de dois
terços do território continental definham à míngua de gente.
Mas o consenso termina logo que se coloca a
necessidade de dar combate quer aos atos criminosos, se aconteceram, quer às
políticas também elas criminosas, que empurraram as pessoas e em particular os
mais jovens, para fora dos territórios do interior.
Para uns, entre os quais me incluo, é fundamental
garantir políticas nacionais de desenvolvimento sustentado que, tendo em conta
o todo nacional, potenciem as riquezas existentes no interior, que são muitas e
diversificadas.
Para outros, os que vivem das aparências e do
show-off o que é preciso é “mais do mesmo” embrulhado em “papel diferente” e,
nalguns casos, visando acelerar a rapina destes territórios.
Eles aí estão, de novo e em força, escondidos por
detrás de nomes pomposos sejam “Ações de Valorização de qualquer coisa, sejam
de Movimentos para o desenvolvimento do Interior, sejam outros nomes quaisquer.
Os primeiros partem de governantes incapazes de
reconhecerem as suas responsabilidades no “secar” dos territórios do interior
quando retiraram serviços, encerraram escolas, recusaram investimentos,
extinguiram focos de poder que ainda garantiam alguma vida, como sucedeu com a
extinção de freguesias e estimularam o isolamento privando-nos de
infraestruturas rodoferroviárias fundamentais para o nosso desenvolvimento.
Os outros, agora muito ativos e com vasta cobertura
dos órgãos de comunicação que controlam, a fingirem que não são responsáveis
diretos pelo estado a que chegámos e a procurarem esconder por detrás de frases
de aparente preocupação com a situação em que estamos o seu verdadeiro
interesse: que seja o interior a pagar (através de benesses fiscais) o seu
continuado enriquecimento.
Não nos iludamos! Uns e outros pertencem ao
“Centrão Político” esse bloco central de interesses (quantas vezes de
corrupção) que é o verdeiro responsável pelo “estado a que isto chegou”.
É nos outros, os que defendemos o corte com as
políticas de destruição do país, que defendemos políticas de desenvolvimento
integrado e sustentadas, que reconhecemos a necessidade de serem cumpridas
todas as obrigações constitucionais que está o futuro.
É entre os homens e mulheres que nos próximos dias
31 de Junho e 1 de Julho faremos de Castelo de Vide a capital do Alentejo que o
nosso distrito se deve posicionar.
Porque é tempo de escolhermos, políticos, autarcas,
agentes sociais, instituições científicas e do saber: Queremos ser construtores
do nosso destino ou continuarmos capatazes dos governos e das políticas
centralistas?
A hora é de decidir!
Diogo Júlio Serra
(*) Texto escrito para o Jornal Alto Alentejo