Pra melhor está bem, está bem. Pra pior
já basta assim!
No passado dia 28 de Março,
milhares de jovens trabalhadores manifestaram-se nas ruas de Lisboa exigindo
trabalho com direitos e o direito ao futuro.
Assinalavam o Dia Nacional da
Juventude Trabalhadora exigindo o direito que têm a um futuro digno no país que
é o seu/nosso.
A Comunicação Social dita de
referência pouco viu dessa manifestação ou então mostrou-nos muito pouco do que
viu, talvez por não ter percepcionado que não se tratava de uma qualquer
manifestação de apoio ao governo, que por norma contesta não pelo que faz ou
não faz mas por se apoiar numa maioria parlamentar onde a “sinistra” está
presente.
Mesmo no nosso território poucos,
para lá do mundo do trabalho, terão tomado conhecimento da jornada de luta que
os jovens trabalhadores levaram a Lisboa e o facto de naquele rio de gente
estarem a participar dezenas de trabalhadores do nosso distrito.
E isto, apesar das razões que,
também por cá, todos somos a reconhecer como justas.
Na verdade, quais as famílias que
não têm no seu seio jovens em desespero por não terem emprego, por terem
emprego mas em situação de absoluta precariedade ou que apesar de estarem a
trabalhar não usufruem os rendimentos necessários a tornarem-se independentes e
poderem criar a sua própria família.
As estatísticas ultimamente
reveladas apenas confirmam o que todos, também aqui, a cada dia constatamos.
O observatório da Igualdade da
OCD veio recentemente informar-nos que:
·
Entre 2007 e 2015 um em cada dez postos de
trabalho ocupados por jovens portugueses que trabalham foi destruído;
·
66,3% dos jovens portugueses que trabalham têm
um contrato de trabalho a termo.
Já o INE constata que em 2017 o
salário médio dos jovens foi de 621,05€ o que significa que baixou 31% em
relação ao salário médio em 2007.
Está tudo dito!
Se a estas situações arrasadoras
juntarmos a posição de classe assumida por quantos, na Assembleia da Republica
chumbaram as propostas de lei que visavam reparar as “maldades” impostas aos
trabalhadores pelos governos “vassalos” das troicas, somos obrigados a concluir
que não só os jovens trabalhadores estão carregados de razão quando lutam pelos seus direitos como é igualmente justo
pensarmos que esta pouca divulgação na comunicação social de âmbito nacional (e
também local) não se deve a “falta de vista” mas à clara e deliberada opção
pelos poderosos e contra a classe trabalhadora e em particular contra a
juventude trabalhadora.
É uma ilação demasiado dura?
Claro que não. Não há qualquer outra razão que justifique que quem se indigna
até ao extremo quando o governo nacional não alinha cegamente com as decisões
belicistas do imperialismo e não tem uma palavra de condenação contra quem
rouba aos nossos filhos e netos o futuro que temos o direito de lhes garantir.
E as coisas começam a
encaminhar-se para rumos que a não serem travados podem vir a não ter retorno.
Mesmo em Portalegre, são cada vez
mais os casos de regresso ao passado.
Ainda esta semana patrões aqui
sedeados tentavam impor a jovens trabalhadoras a obrigatoriedade de eliminar o
descanso semanal, (um dia) numa jornada diária de 10/12 horas e um salário de
miséria, “pago por debaixo da mesa” para evitar o pagamento devido à segurança
social.
É fundamental deixar de assobiar
para o lado!
Talvez valha a pena reflectir no
futuro que queremos!
Diogo Júlio Serra
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