Pelo direito de viver e trabalhar no Norte
Alentejano.
42 anos depois, a luta continua!*
Quarenta e
dois anos após o seu nascimento (cumprem-se no dia em que este número do Fonte
Nova chega às bancas), a maior e mais representativa organização social do
distrito, continua viva, forte e atuante para alegria dos trabalhadores que
representa e desespero de quantos desde há muito sonham com o seu
desaparecimento.
A União
dos Sindicatos nascida “formalmente” a 4 de Julho de 1975 era desde 25 de Abril
de 74, a coordenadora da ação sindical no distrito, responsável pela
reconquista dos sindicatos e expulsão dos serventuários do corporativismo que
desde os anos 30/40 do século XX haviam tomada de assalto as associações de
classe.
Havia sido
assim com a reconquista do Sindicato dos Caixeiros e Empregados do Comércio; do
Sindicato dos Motoristas e do Sindicato dos Corticeiros e tinha sido também,
fruto dessa ação de coordenação que haviam renascido sindicatos em setores que
o fascismo não permitia a intervenção dos seus próprios serventuários e,
estiveram por isso, desde 1933, proibidos de criar sindicatos: os trabalhadores
rurais, os professores, a função pública, central e local.
A partir
do seu “nascimento” na praceta, na delegação do Sindicato dos Bancários, a
União dos Sindicatos do Distrito de Portalegre assumiu o seu papel de
coordenação e direção sindical, estimulando a ação reivindicativa nas empresas
e nas ruas, organizando os trabalhadores, apoiando as populações nas suas
reivindicações e participando na concretização das principais conquistas da
Revolução.
Nos “anos
da brasa”, a União procurou dar organização às reivindicações e conquistas
laborais e sociais dos trabalhadores: fossem a luta pelos salários, pela saúde,
educação e outras e empenhou-se de forma muito ativa na construção de uma
Reforma Agrária, primeiro, e depois na resistência às politicas que haveriam de
levar à sua destruição.
Quarenta e
dois anos passados a União (agora denominada União dos Sindicatos do Norte
Alentejano) continua a assumir-se como “sindicato
de proposta e de ação”, como instrumento da luta dos trabalhadores que
representa mas também como porta-voz de toda a população no seu legítimo anseio
de poder continuar a Viver e Trabalhar no Norte Alentejano.
Independentemente
dos olhares com que cada um de nós a vê e em particular como é vista a sua ação
a partir dos grupos de interesses em presença (os olhares são diferentes porque
diferentes são os interesses dos grupos e, ao contrário do que alguns teimam em
afirmar, a luta de classes não morreu) a União dos Sindicatos do Norte
Alentejano pode, e deve, comemorar o seu 42º aniversário, orgulhosa do seu
percurso e do seu papel nos dias de hoje.
Quarenta e
dois anos depois daquela noite em que o António Milheiro, bancário, o António
José Ceia dos Reis, corticeiro e o António Mendes Serrano, agrícola, deram por
encerrados os trabalhos do plenário extraordinário que discutiu e aprovou os
Estatutos da União, esta continua a afirmar-se como instituição indispensável
na construção do futuro que queremos e merecemos e orgulha quantos a criaram, a
fizeram crescer e a sustentam.
Que
continue a ser como é: independente de tudo e de todos exceto dos trabalhadores
do distrito, pelo tempo que os trabalhadores e a população do norte alentejano
dela precisem!
Portalegre
4 de Julho de 2017
Diogo Júlio
Serra
* publicado no Jornal Fonte Nova de 4 de Julho de 2017
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