quinta-feira, 6 de julho de 2017

Pelo direito de viver e trabalhar no Norte Alentejano. 42 anos depois, a luta continua!

Pelo direito de viver e trabalhar no Norte Alentejano.
42 anos depois, a luta continua!*

Quarenta e dois anos após o seu nascimento (cumprem-se no dia em que este número do Fonte Nova chega às bancas), a maior e mais representativa organização social do distrito, continua viva, forte e atuante para alegria dos trabalhadores que representa e desespero de quantos desde há muito sonham com o seu desaparecimento.
A União dos Sindicatos nascida “formalmente” a 4 de Julho de 1975 era desde 25 de Abril de 74, a coordenadora da ação sindical no distrito, responsável pela reconquista dos sindicatos e expulsão dos serventuários do corporativismo que desde os anos 30/40 do século XX haviam tomada de assalto as associações de classe.
Havia sido assim com a reconquista do Sindicato dos Caixeiros e Empregados do Comércio; do Sindicato dos Motoristas e do Sindicato dos Corticeiros e tinha sido também, fruto dessa ação de coordenação que haviam renascido sindicatos em setores que o fascismo não permitia a intervenção dos seus próprios serventuários e, estiveram por isso, desde 1933, proibidos de criar sindicatos: os trabalhadores rurais, os professores, a função pública, central e local.
A partir do seu “nascimento” na praceta, na delegação do Sindicato dos Bancários, a União dos Sindicatos do Distrito de Portalegre assumiu o seu papel de coordenação e direção sindical, estimulando a ação reivindicativa nas empresas e nas ruas, organizando os trabalhadores, apoiando as populações nas suas reivindicações e participando na concretização das principais conquistas da Revolução.
Nos “anos da brasa”, a União procurou dar organização às reivindicações e conquistas laborais e sociais dos trabalhadores: fossem a luta pelos salários, pela saúde, educação e outras e empenhou-se de forma muito ativa na construção de uma Reforma Agrária, primeiro, e depois na resistência às politicas que haveriam de levar à sua destruição.
Quarenta e dois anos passados a União (agora denominada União dos Sindicatos do Norte Alentejano) continua a assumir-se como  “sindicato de proposta e de ação”, como instrumento da luta dos trabalhadores que representa mas também como porta-voz de toda a população no seu legítimo anseio de poder continuar a Viver e Trabalhar no Norte Alentejano.
Independentemente dos olhares com que cada um de nós a vê e em particular como é vista a sua ação a partir dos grupos de interesses em presença (os olhares são diferentes porque diferentes são os interesses dos grupos e, ao contrário do que alguns teimam em afirmar, a luta de classes não morreu) a União dos Sindicatos do Norte Alentejano pode, e deve, comemorar o seu 42º aniversário, orgulhosa do seu percurso e do seu papel nos dias de hoje.
Quarenta e dois anos depois daquela noite em que o António Milheiro, bancário, o António José Ceia dos Reis, corticeiro e o António Mendes Serrano, agrícola, deram por encerrados os trabalhos do plenário extraordinário que discutiu e aprovou os Estatutos da União, esta continua a afirmar-se como instituição indispensável na construção do futuro que queremos e merecemos e orgulha quantos a criaram, a fizeram crescer e a sustentam.
Que continue a ser como é: independente de tudo e de todos exceto dos trabalhadores do distrito, pelo tempo que os trabalhadores e a população do norte alentejano dela precisem!
Portalegre 4 de Julho de 2017

Diogo Júlio Serra
* publicado no Jornal Fonte Nova de 4 de Julho de 2017

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