De há uns tempos a esta parte, “dar
pancada” na Fundação Robinson virou moda.
Não se passa um dia sem que um político
local, um órgão de comunicação ou um qualquer “opinador” da praça, não venha a
público dizer-nos que “nada vai bem no reino da FR”.
A insistência é tal que eu
próprio, que durante anos assumi o combate à Fundação e ao seu “secretismo”,
consigo surpreender-me com tais ações.
É certo que nessa panóplia de opiniões
e tomadas de posição encontrarmos desde a crítica fundamentada ao puro
desconhecimento, desde a mais séria das preocupações ao chorrilho de disparates
só possíveis a quem não sabe, não pensa ou age de má-fé.
E no meio de tudo isto as
tentativas “perigosas” de utilização ilegítima da Fundação como arma de ataque
na, legítima” luta político-partidária.
Nos últimos dias a Fundação
voltou à ribalta devido à discussão, e chumbo, da proposta de alteração do
orçamento municipal. Do que veio a público, nos órgãos de informação e no “ diz
que diz” tão comum à comunidade lagóia, ficamos a saber que a oposição derrotou
uma proposta de alteração orçamental que apontava para transferir verbas das
rubricas destinadas às associações do concelho para reforçar as verbas
destinadas a custear o funcionamento da Fundação Robinson.
Nas declarações proferidas pelos
eleitos, dos que o propuseram e dos que o chumbaram, retirava-se a ideia que o
que estava em jogo era o subsidiar uma instituição à custa de outras
instituições; era tirar às coletividades para que a Fundação continuasse a
viver “à tripa-forra” e ninguém, governo municipal ou oposição quis trazer para
a opinião pública o que todos sabem e que é a verdade dos factos: o Município
de Portalegre está numa situação de pré-falência e está a arrastar consigo a
vida da cidade, incluindo as organizações que lhe tem servido para manter um
mínimo de atividades nos campos culturais e de defesa e recuperações
patrimoniais.
Ninguém saiu a terreiro dizer que
o que estava e está em jogo é o cumprimento da deliberação que o Município
tomou de chamar a si o pagamento das despesas de funcionamento da FR, mais o
pagamento da componente nacional dos projetos em desenvolvimento e que são,
todos eles, para concretizar políticas e atividades que são da responsabilidade
do Município, mais os milhares de euros que lhe são devidos por esta se ter
substituído à própria câmara no pagamento de dívidas a terceiros ou, por o
Município ter recebido verbas, muitas, que são propriedade da Fundação.
Algumas vozes fizeram-se ouvir
para demonstrarem a sua indignação pelo facto dos técnicos e trabalhadores da
Fundação (que é uma instituição privada) não terem sido espoliados de parte do
vencimento e dos subsídios de férias e 13º mês (como o foram, ou vão ser os
funcionários públicos e os detentores de cargos públicos) ou, para denunciarem
os contratos “principescos” que dizem existir.
Poderão ter razão quanto às
possibilidades que temos de continuar a manter algumas prestações de serviços que
eles próprios, não a atual administração, viabilizaram anos atrás. Já quanto à indignação
por os técnicos e trabalhadores da Fundação não terem sido espoliados do
subsídio de férias só posso classificá-la de lamentável.
Não consigo compreender que
pessoas com responsabilidade política que enquanto trabalhadores (funcionários
públicos) apelidem de roubo o que o governo central, seu patrão, lhes retirou e
queiram agora, quando são eles a decidirem fazer o mesmo a outros
trabalhadores.
Acredito que o que os move seja o
reconhecimento das dificuldades vividas pelo Município que governam mas a ser
essa a preocupação desafio-os a todos, que enquanto eleitos passem a receber
(de senhas de presença, transporte e ajudas de custo) os mesmos montantes que
são auferidos pelos administradores da Fundação.
Portalegre, 2012-07-14
Diogo J. Serra
Administrador (não executivo) da
Fundação Robinson
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