sábado, 14 de julho de 2012

Virou moda bater na Fundação!


De há uns tempos a esta parte, “dar pancada” na Fundação Robinson virou moda.

Não se passa um dia sem que um político local, um órgão de comunicação ou um qualquer “opinador” da praça, não venha a público dizer-nos que “nada vai bem no reino da FR”.

A insistência é tal que eu próprio, que durante anos assumi o combate à Fundação e ao seu “secretismo”, consigo surpreender-me com tais ações.

É certo que nessa panóplia de opiniões e tomadas de posição encontrarmos desde a crítica fundamentada ao puro desconhecimento, desde a mais séria das preocupações ao chorrilho de disparates só possíveis a quem não sabe, não pensa ou age de má-fé.

E no meio de tudo isto as tentativas “perigosas” de utilização ilegítima da Fundação como arma de ataque na, legítima” luta político-partidária.

Nos últimos dias a Fundação voltou à ribalta devido à discussão, e chumbo, da proposta de alteração do orçamento municipal. Do que veio a público, nos órgãos de informação e no “ diz que diz” tão comum à comunidade lagóia, ficamos a saber que a oposição derrotou uma proposta de alteração orçamental que apontava para transferir verbas das rubricas destinadas às associações do concelho para reforçar as verbas destinadas a custear o funcionamento da Fundação Robinson.

Nas declarações proferidas pelos eleitos, dos que o propuseram e dos que o chumbaram, retirava-se a ideia que o que estava em jogo era o subsidiar uma instituição à custa de outras instituições; era tirar às coletividades para que a Fundação continuasse a viver “à tripa-forra” e ninguém, governo municipal ou oposição quis trazer para a opinião pública o que todos sabem e que é a verdade dos factos: o Município de Portalegre está numa situação de pré-falência e está a arrastar consigo a vida da cidade, incluindo as organizações que lhe tem servido para manter um mínimo de atividades nos campos culturais e de defesa e recuperações patrimoniais.

Ninguém saiu a terreiro dizer que o que estava e está em jogo é o cumprimento da deliberação que o Município tomou de chamar a si o pagamento das despesas de funcionamento da FR, mais o pagamento da componente nacional dos projetos em desenvolvimento e que são, todos eles, para concretizar políticas e atividades que são da responsabilidade do Município, mais os milhares de euros que lhe são devidos por esta se ter substituído à própria câmara no pagamento de dívidas a terceiros ou, por o Município ter recebido verbas, muitas, que são propriedade da Fundação.

Algumas vozes fizeram-se ouvir para demonstrarem a sua indignação pelo facto dos técnicos e trabalhadores da Fundação (que é uma instituição privada) não terem sido espoliados de parte do vencimento e dos subsídios de férias e 13º mês (como o foram, ou vão ser os funcionários públicos e os detentores de cargos públicos) ou, para denunciarem os contratos “principescos” que dizem existir.

Poderão ter razão quanto às possibilidades que temos de continuar a manter algumas prestações de serviços que eles próprios, não a atual administração, viabilizaram anos atrás. Já quanto à indignação por os técnicos e trabalhadores da Fundação não terem sido espoliados do subsídio de férias só posso classificá-la de lamentável.

Não consigo compreender que pessoas com responsabilidade política que enquanto trabalhadores (funcionários públicos) apelidem de roubo o que o governo central, seu patrão, lhes retirou e queiram agora, quando são eles a decidirem fazer o mesmo a outros trabalhadores.

Acredito que o que os move seja o reconhecimento das dificuldades vividas pelo Município que governam mas a ser essa a preocupação desafio-os a todos, que enquanto eleitos passem a receber (de senhas de presença, transporte e ajudas de custo) os mesmos montantes que são auferidos pelos administradores da Fundação.

Portalegre, 2012-07-14


Diogo J. Serra
Administrador (não executivo) da Fundação Robinson

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